A mobilidade elétrica é caracterizada por grandes mudanças na arquitetura dos veículos, cujo custo indica que o Brasil apostará em veículos híbridos como primeiro passo para alcance de volume de produção global, com diversas possibilidades de tecnologias, e aproveitamento da matriz energética. Esta foi uma das mensagens do 7º Simpósio SAE Brasil de Veículos Elétricos e Híbridos, realizado em São Paulo. O encontro – que integrou a programação do 30º Salão Internacional do Automóvel – reuniu lideranças de montadoras, sistemistas, centros de pesquisa, distribuidores de energia,universidades e órgãos do poder público em quatro painéis de palestras e debates.
Rodrigo Amado, gerente de desenvolvimento de tecnologia de materiais automotivos da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), disse que as tecnologias compartilhadas, elétricas, autônomas e conectadas representam os pilares de investimento em mobilidade e destacou as contribuições do nióbio para os futuros desenvolvimentos. “O nióbio pode ser utilizado em baterias para a melhoria de eficiência em carregamento e autonomia. Isso está em desenvolvimento,então é uma aposta de como o nióbio pode ajudar a mobilidade elétrica”, afirmou.
A infraestrutura para recarga de veículos pesados foi o foco da colocação de Valter Luiz Knihs, diretor industrial de sistemas e de eMobility da WEG, que apresentou novos desenvolvimentos em eletropostos para cargas rápidas ou lentas e destacou a necessidade da conectividade para os sistemas de recarga. “Tudo precisa ter informação disponível e acesso a qualquer momento porque não se pode chegar com o veículo pesado a um posto e se deparar com o local ocupado por alguém que ficará por duas horas”, comentou.
Marcus Bittar, consultor de desenvolvimento de negócios para América Latina da Dassault Systems,falou sobre a tecnologia de simulação já empregada, conhecida como Virtual Twin, que permite a criação de veículos com maior nível autonomia, com o objetivo de minimizar a necessidade de infraestrutura de recarga nas cidades. “Para o desenvolvimento de novos veículos, nós precisamos investir maciçamente em tecnologias que permitam fazer do carro um computador”, resumiu.
Já Daniel Gabriel Lopes, diretor comercial da Hytron, apontou que a limitação da rede de energia elétrica favorece a utilização de veículos elétricos a hidrogênio, sendo o hidrogênio obtido via reforma de etanol. “No futuro, veículos elétricos a bateria serão utilizados para pequenas distâncias e veículos elétricos a hidrogênio para médias e grandes distâncias”, afirmou Lopes.
Em um painel sobre políticas públicas, Fernando Campagnoli,especialista em regulação de serviços de energia elétrica na superintendência de P&D e eficiência energética da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), falou sobre a Rede de Inovação no Setor Elétrico (RISE),aplicada à mobilidade elétrica, cuja finalidade é reunir agentes do setor elétrico, grupos de pesquisas e representantes da indústria para desenvolvimento de produtos com inserção no mercado, por meio de programas de P&D e eficiência energética. “A Aneel não é uma agência de criar tecnologia, então precisa propiciar um ambiente regulatório para organizar os atores que efetivamente realizam esse trabalho”, contou.
O programa Rota 2030 foi o foco da apresentação de Ricardo Zomer, analista de comércio exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), que destacou o objetivo do novo programa, que é fazer do setor automotivo nacional uma indústria competitiva em todo o globo. “O Rota2030 não é só essa lei, mas uma estratégia com uma série de iniciativas que serão tomadas pelo governo, como a criação do Plano Nacional de Eletromobilidade, com propostas de políticas que devem ser atacadas a partir do próximo ano”, apontou Zomer.
Tendências
Ricardo Abe, gerente de engenharia de produto da Nissan do Brasil, discorreu sobre o sistema de célula a combustível à base de etanol em fase de desenvolvimento, chamado e-Bio Fuel-Cell, desenvolvido em protótipo de veículo comercial que tem autonomia de 600 km com 30 litros de etanol. “É uma alternativa à célula a combustível de hidrogênio tradicional, com possibilidade de reduzir custo e obter eficiência similar ou superior”, afirmou. Régis Errerias, engenheiro de produto da General Motors do Brasil, apresentou estudo de caso sobre o modelo elétrico Bolt EV, que possui autonomia de 383 Km, e destacou inovações técnicas que permitiram otimização de deslocamento, economia e confiabilidade, entre outros aspectos. “O veículo elétrico pode ser tão grande e luxuoso quanto um carro convencional e apresentar autonomia estendida”, afirmou.
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