Desde de 1854, quando foi implementada a primeira linha ferroviária no país, o transporte ferroviário de passageiros foi definhando até praticamente desaparecer.
Do glamour da década de 1940 aos dias atuais, o modal foi sucateado como mostra reportagem especial publicada com o título acima pelo portal NexoJornal.
RESUMO – “No final dos anos 1990, quando o transporte de carga sobre trilhos foi inteiramente privatizado, havia restado ao transporte de passageiros as redes urbanas, um punhado de rotas turísticas e duas linhas operadas pela Vale do Rio Doce.
Em todo o país, material rodante e equipamento abandonado foram deixados para apodrecer em depósitos e terrenos com mato alto.
Estações de trem se transformaram, nos melhores casos, em museus e espaços culturais. A maior parte, no entanto, virou ruína. Esse cenário no Brasil é oposto ao de outros países, em que a ferrovia nunca deixou de ser um modal prioritário para o transporte de pessoas, sempre renovado material e tecnologicamente e, em muitos casos, receptor de grandes subsídios estatais.
Mesmo nos Estados Unidos é possível viajar de trem para boa parte do país. Na China são dezenas de bilhões de dólares de aporte anuais para a malha ferroviária, incluindo o maior sistema de trens de alta velocidade do planeta, que cobre mais de 27 mil quilômetros.
O preço da dependência excessiva das rodovias, no aspecto da carga, ficou evidente quando do desabastecimento geral em supermercados, hospitais e comércios em geral que resultou da greve dos caminhoneiros, em maio de 2018.
O Brasil ficou no 56° lugar no ranking mundial de logística do Banco Mundial em 2018. Em relação ao transporte de passageiros, os habitantes do país são privados de ter uma alternativa mais rápida, segura, confortável e ambientalmente mais limpa para viagens intermunicipais.
Hoje, existem só duas linhas de trem de longa distância transportando passageiros. As duas são administradas pela mineradora Vale e contam com trens modernos e bem equipados: uma liga Belo Horizonte (MG) a Vitória (ES), com 664 quilômetros, e a outra, São Luís (MA) a Parauapebas (PA), com 870 quilômetros.
O transporte de passageiros nessas linhas é uma obrigação assumida pela mineradora no contrato de concessão assinado com o governo em 1997.
Em 2018, o Brasil tem praticamente a mesma malha de 1922. São 28,2 mil quilômetros de ferrovias, de acordo com a CNI (Confederação Nacional da Indústria), sendo que cerca de 30% se encontram inadequados para uso.
Os raros projetos que contemplam novas linhas de longa distância para passageiros não saem do papel. O exemplo mais conhecido é a ferrovia de alta velocidade prometida para a Copa do Mundo de 2014, o trem-bala que ia conectar passageiros de Rio e São Paulo, que não passou da fase de estudos de viabilidade — e a estatal criada para tocar o projeto dá prejuízo aos cofres públicos.”
Fonte: NexoJornal
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