1 de maio de 2024

China e Colômbia buscam alternativa ao Canal do Panamá

Rota alternativa ao canal do Panmá

AMÉRICA LATINA – A China planejou um enorme projeto no âmbito da sua iniciativa Belt and Road para reduzir a influência dos EUA na América Latina através da Colômbia. O projeto pretende fazer um ligação entre os oceanos Pacífico e Atlântico e se tornar uma alternativa ao Canal do Panamá.

O governo colombiano já admitiu que está em negociação com a China com o “objetivo de melhorar o fluxo de mercadorias entre a Ásia e a América Latina. O plano sino-colombiano baseia-se no estabelecimento de um “canal seco” através do qual possa ligar o porto colombiano de Buenaventura à costa atlântica através de uma ferrovia que atravessa a Colômbia”.

O comércio entre a Colômbia e a China aumentou para US$ 5 bilhões neste ano de 2023. O anúncio dessa rota alternativa ao canal do Panamá veio das palavras do presidente colombiano, Gustavo Petro, de que o projeto é uma “proposta séria, mas é muito avançado”. A China está trabalhando para aumentar a sua influência na América Latina para satisfazer as suas necessidades de matérias-primas e mercadorias.

O Canal do Panamá, que liga o oceano Pacífico ao oceano Atlântico e ao leste dos EUA, é estratégico para o comercio exterior do país, que não viu com bons olhos a inclusão, pela China, do canal como um dos pontos marítimos importantes na iniciativa Belt and Road.

Há um acordo entre os dois países para que o Panamá faça parte da iniciativa chinesa do Belt and Road, tornando o país o primeiro latino a assinar um acordo deste tipo com os chineses.

O país asiático, que nos últimos cinco anos duplicou a sua presença e pontos de influência na América Central e Latina, também negociou com o Panamá a aquisição do maior porto do país, na ilha Margarita, do lado atlântico e dentro da zona de comércio livre de Cowloon. A China assinou também um importante contrato para gerir e operar o porto de Christopol no Panamá, sendo este porto gerido pela Chinese Hutchison Ports Company, empresa sediada em Hong Kong que pretende renovar o contrato por mais 25 anos, o que despertou a ira de Washington em relação aos movimentos de Pequim no Panamá e na América Latina. 

O Canal do Panamá é alimentado pelas águas doce do lago Gatún, necessária para transportar navios durante a sua passagem do oceano Pacífico para o Atlântico. Mas uma grave seca no lago, fez com que o nível da água caísse abaixo do normal, o que levou à imposição de restrições à tonelagem dos navios e ao aumento das taxas pagas por eles para cruzar o canal.

Portanto, os chineses pensam seriamente em planejar a criação de um canal alternativo temendo que, se os níveis do continuassem a diminuir como esperado, a reação do mercado seria o aumento dos preços do transporte marítimo e a pressa em encontrar rotas alternativas.

A China parece comprometida com rotas alternativa, seja no porto colombiano de Buenaventura ou através da Nicarágua, pois permitiria a passagem de mais navios, incluindo petroleiros gigantes chineses e também ligará diretamente o leste ao oeste, ao contrário do Canal do Panamá, que passa pelo sul até chegar ao norte.

Provavelmente, a criação de uma rota alternativa ao canal do Panamá seja o maior e mais ambicioso projeto a ser implementado pela China na América Latina.