Com investimentos em torno de R$ 100 milhões por ano em melhorias nos terminais de distribuição de combustíveis, a Raízen – joint venture entre a Cosan e a Shell – conseguiu agilizar a operação de carregamento de combustíveis em caminhões-tanque. Graças à automação geral do sistema e à padronização dos procedimentos de segurança e qualidade de produtos e serviços, foi possível reduzir o tempo gasto em todo o processo, desde a chegada até a saída dos veículos dos terminais.
Os 68 terminais da empresa têm se transformado ao longo dos últimos anos, com equipamentos remodelados e processos automatizados. Os sistemas de automação gerenciam as operações com maior precisão dos volumes carregados e das corretas proporções de misturas (gasolina C e diesel B) e produtos aditivados. Tudo é feito de forma automática, praticamente sem interação com o motorista do caminhão, até a nota fiscal é emitida em um totem na saída do terminal.
Isso reflete em ganhos de eficiência para transportadoras de combustíveis como a Nichele, que iniciou sua parceria com a Raízen no ano de criação da empresa, em 2011. “Com a automação nos terminais, conseguimos carregar uma maior quantidade de produto em menor tempo, o que gera mais produtividade, eficiência e segurança no processo. Consequentemente, temos um faturamento maior por caminhão, além de reduzir os riscos de derrames de produto e de acidentes, principalmente com o carregamento no sistema bottom, que elimina a necessidade de o operador subir no caminhão e trabalhar em altura elevada”, constata Luiz Carlos Nichele, sócio-administrador da Transportadora Nichele.
A Nichele tem uma frota de 316 caminhões, sendo 245 com carregamento de combustível por bottom, ou seja, pela parte do fundo do tanque, e 61 com carregamento top, pela parte de cima do tanque. Segundo Leônidas dos Santos, gerente de operações da Raízen, atualmente, mais de 70% do carregamento de combustível nos terminais da empresa é feito pelo sistema bottom porque além de ser mais ágil e eficiente é considerado eco friendly, já que diminui a emissão de vapores. Com a modernização dos terminais, houve um ganho superior a 50% no tempo da operação de abastecimento, em comparação à realidade de seis anos atrás.
No caso da Transportadora Nichele, o abastecimento de um bitrem de 45 mil litros de capacidade leva, hoje, por volta de 30 a 40 minutos com o carregamento automatizado do tipo bottom. Já no sistema top loading, o mesmo caminhão demora cerca de uma hora para o carregamento de carga total. “Isso significa maior ganho de produtividade, eficiência e, principalmente, de segurança em todo o processo, tanto para os nossos motoristas quanto para os operadores nos terminais da Raízen”, declara Luiz Carlos Nichele.
A Nichele é especializada no transporte de combustíveis claros e de óleo combustível destinado a uso industrial. Cumpre rotas tanto dentro das cidades quanto em rodovias e, segundo Luiz Carlos Nichele, a principal dificuldade da empresa ainda é o trânsito urbano e rodoviário. Suas operações concentram-se na região Sul, onde faz o transporte de combustíveis nas bases da Raízen de Araucária e Guarapuava, no Paraná; Itajaí e Florianópolis, em Santa Catarina; e nas cidades de Esteio, Rio Grande, Santa Maria, Ijuí e Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Em São Paulo, opera nas bases de Bauru e Ourinhos. A maior parte da frota é formada por caminhões-tanque, com 306 unidades rodando, principalmente, no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.
“Toda a modernização nos terminais de distribuição reforça muito mais a segurança do carregamento de combustíveis, que é o item mais importante no tipo de operação em que atuamos. Assim, a segurança dos nossos colaboradores é reforçada e aperfeiçoada. Temos a segurança das operações e de nossos colaboradores como ponto primordial para nosso trabalho e nos orgulhamos dos índices de segurança que atingimos, sempre em busca da meta de zero acidentes”, ressalta o administrador da Nichele.
Geração de energia
Além da distribuição de combustíveis, a Raízen hoje está focada na geração de energia com diversificação das fontes. Já um dos maiores produtores de energia gerada a partir do bagaço da cana-de-açúcar, tem tecnologia para produção do etanol de segunda geração (E2G), e agora opera, ainda em caráter piloto, sua primeira planta de painéis fotovoltaicos, instada na cidade de Piracicaba, em São Paulo.
“Inicialmente, o negócio consiste na locação dos painéis solares pelos parceiros da Raízen, visando à economia de energia elétrica regional e a uma utilização mais sustentável dos recursos energéticos. Nessa fase inicial, 18 postos de combustíveis da marca Shell e dois clientes B2B foram mapeados e serão beneficiados com a iniciativa. Com as placas em total funcionamento, estima-se que esses parceiros possam ter uma economia anual nos gastos mensais com energia elétrica entre R$ 5 mil a R$ 10 mil”, informa a empresa, através de sua assessoria de imprensa.
Já a geração de energia a partir do bagaço de cana é inserida na rede da Eletropaulo. Segundo Leônidas dos Santos, as operações das 26 usinas da Raízen são autossustentáveis em geração de energia e 13 delas exportam para o greed para que a energia seja colocada no mercado livre ou via leilão.
“A Raízen aposta em uma cesta de energia, em um modelo que seja adequado à demanda mundial com a conservação do planeta”, afirma Luiz Renato Gobbo, diretor de operações da Raízen. Ele diz que a companhia está investindo em energias mais adequadas para o futuro porque o petróleo será substituído por formas mais eficientes de fazer a locomoção de pessoas, mas assinala que o petróleo em si não vai deixar de existir. “Estamos acompanhando o movimento de mudança no mundo inteiro e nos fortalecendo como empresa de energia”, assinala.
Importação de combustíveis
Atualmente, a Petrobras é o principal fornecedor da Raízen, mas a empresa vem ampliando sua capacidade de importação. “Estamos comprando de refinarias da Shell, da Exxon, e a qualidade da gasolina é muito boa, uma curva de destilação excepcional, com teor de enxofre baixíssimo. Com o diesel é a mesma coisa, o diesel que o Brasil produz é o S10, tem 10 ppm (dez partes de enxofre por milhão). O diesel importado chega a ter 2 ppm”, conta Gobbo.
Atualmente, menos de 5% dos produtos comercializados pela Raízen são importados. “Os terminais que estamos fazendo já estão adaptados para a nova realidade do mercado, não dependendo só da Petrobras. O mercado está mudando, as refinarias estão sendo vendidas, nossos terminais estão adaptados para um mercado de importação de produto. São Luiz é um terminal que está preparado para importação de produto que vem do Golfo, com uma capacidade de tancagem muito grande, para receber os navios do Golfo e interiorizar”, explica o Gobbo.
“Santarém é outro exemplo muito interessante, nós tínhamos um terminal pequeno e estamos fazendo investimentos na faixa de R$ 80 milhões para ampliar o terminal e receber os navios categoria ‘Panamax’, que vai levar produto para Santarém. De lá, vamos passar o produto para balsas e fazer capilaridade para regiões como Porto Velho, Miritituba, que era a Petrobras que fazia”, explica o diretor.
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