A Jamef, empresa especializada no transporte de cargas fracionadas de alto valor agregado, iniciou, há cerca de 15 dias, a operação de seu novo sistema automatizado de classificação de encomendas (Sorter) na unidade de Barueri (SP). O novo Sorter da Jamef aumentou a capacidade operacional da empresa de 30 mil volumes por dia para 100 mil volumes/dia.
“Preparamos esta unidade para ampliar a capacidade porque a Jamef está crescendo e as operações estão começando a sentir o impacto do volume. Agora, conseguimos fazer mais carga em menos tempo”, afirma Michael Oliveira, diretor de operações da Jamef. O novo Sorter da Jamef possibilitou deslocar operações das unidades da empresa em Campinas, São Paulo e Curitiba para o armazém de Barueri, que se tornou um hub nacional.
A empresa opera hoje com cerca de metade da sua capacidade instalada, com movimento de 40 mil a 50 mil volumes/dia, mas Oliveira prevê aumento da atividade com uma retomada da economia no último trimestre do ano. Ele acredita que o país ainda ficará parado pelos próximos quatro ou cinco meses, tempo estimado para que o Governo Federal conclua as reformas prometidas, principalmente a previdenciária, mas ele aposta em crescimento econômico nos últimos meses do ano.
“A Jamef vem crescendo em ritmo forte, 2018 foi um dos melhores anos da nossa história, não só em vendas, mas também em inovações e novos projetos. Nossa perspectiva é crescer nos próximos anos a uma taxa de 15% a 20%, temos planos muito arrojados. Por trás da decisão de fazer investimentos como este, duplicamos o tamanho de nossa unidade em Campinas, duplicamos a nossa capacidade em Fortaleza, no Recife, em Vitória, em Curitiba, estamos ampliando em Florianópolis e vamos ampliar Blumenau, isso tudo para suportar o que vamos ter de crescimento nos próximos anos. Nossa visão é muito otimista”, declara Oliveira.
Expansão da frota
Nesse clima de otimismo, a empresa também planeja ampliar sua frota, que hoje soma 1.200 veículos, com a compra de novos caminhões até o último trimestre deste ano. Segundo Oliveira, serão pelo menos 50 veículos de distribuição e em torno de 40 pesados para transferência das cargas. Além disso, ele já prevê para 2020 uma renovação maior da frota, uma vez que parte dos carros atingirá cinco anos de idade. Atualmente, a idade média da frota da Jamef está em 3,8 anos. “Embora os veículos de distribuição suportem tranquilamente rodar de oito a nove anos, temos uma política de fazer renovação com cinco anos. Ainda não decidimos as marcas. Começamos a conversar com os fornecedores, mas resolvermos aguardar mais um pouco”, relata o executivo.
Accelo com câmbio automatizado
Mas ele assegura que o novo caminhão Mercedes-Benz Accelo com câmbio automatizado está no radar da Jamef. A transportadora começou a testar dois carros desse modelo em outubro – um caminhão Accelo médio 1316 6×2 e um leve 1016 –, ambos com câmbio automatizado, usados em serviços de entregas urbanas de encomendas urgentes e em transferências de carga entre suas unidades.
“Estamos bem animados com os testes do Accelo. Há uma melhora no consumo, trazendo economia para a nossa operação de transporte. Além disso, essa tecnologia demanda menor custo de manutenção. Já o motorista ganha em conforto de dirigibilidade, melhor performance e produtividade”, assinala Oliveira.
Enquanto 100% dos veículos pesados da frota da Jamef, que fazem o serviço de transferência de carga, têm câmbio automatizado, os médios e leves, que fazem a distribuição urbana e coleta de carga, são 100% manuais. Na categoria dos semipesados, perto de 50% têm câmbio automatizado.
Segundo Oliveira, fazer o teste com o Accelo automatizado despertou “um caminho sem volta” porque o veículo comprovou que entrega mais conforto para o motorista, menor consumo de combustível em comparação à versão do Accelo com câmbio mecânico, menor custo de manutenção e maior disponibilidade do veículo, o que é muito importante no caso da Jamef que não tem veículos reserva, seus veículos só param para manutenções preventivas.
“Temos previsão de comprar o Accelo com câmbio automatizado ainda este ano”, afirma o diretor. “Percebe-se de imediato o conforto do motorista nas grandes cidades, no trânsito, a vida do motorista mudou. Em matéria de desempenho, o carro foi tão bom ou pouco melhor que o Accelo manual, e a manutenção de câmbio reduz drasticamente”, relata.
A Jamef é o primeiro cliente da Mercedes-Benz a testar o Accelo com câmbio automatizado de seis marchas. A transportadora tem em sua frota cerca de 200 veículos Mercedes-Benz, dos quais 100 unidades são Accelo 815.
De acordo com Marcos Andrade, gerente de produto caminhão da Mercedes-Benz do Brasil, o Accelo com câmbio automatizado pode gerar economia de até 3% no consumo de combustível sobre a versão mecânica e já entregou em testes um consumo que chegou a 10% de economia. “O câmbio automatizado melhora também o custo de manutenção, protege a embreagem e faz com que o intervalo de troca da embreagem acabe praticamente duplicando em relação ao câmbio mecânico. Isso permite que o custo de manutenção seja menor e aumenta a disponibilidade do veículo”, explica.
Segundo Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing caminhões e ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, a expectativa é até 2022 atingir perto de 25% da linha Accelo automatizada. Para 2019, a meta é chegar a 15%.
O câmbio automatizado do Accelo foi desenvolvido em parceria com a Eaton, com quem a Mercedes-Benz tem uma estratégia mundial de parceria para câmbio. O custo do componente é de cerca de R$ 5 mil a mais que o mecânico.
Na opinião de Leoncini, essa versão deverá ajudar também a diminuir a resistência que muitos motoristas têm a trabalhar em operações urbanas – devido ao tráfego intenso, com grandes congestionamentos, ao stress dos horários de pico e outras ocorrências do ambiente urbano –, já que esse câmbio proporciona maior conforto ao condutor.
A Mercedes desenvolveu também uma versão de entrada com cabine curta para disputar concorrências de vendas ao governo, com maiores chances agora já que a Ford, que deixou o mercado, detinha 50% das vendas desse segmento.
Investimento no Sorter da Jamef
A transportadora investiu, com recursos próprios, cerca de R$ 10 milhões na implantação do Sorter – incluindo equipamento, mezanino, parte elétrica, software – e a montagem levou cinco meses. O equipamento foi montado pela Invent, importado da Alemanha. São cerca de 1.200 metros de linha do Sorter no armazém que opera quase 24 horas por dia.
O Sorter da Jamef processa em torno de 6 mil caixas por hora e distribui a carga de forma automática. A carga chega no armazém e é descarregada dos caminhões nas docas com acesso direto às esteiras do Sorter que faz a separação, classificação e transporte de cada mercadoria até o ponto de onde partirão para o destino final. Quando as caixas passam pelo primeiro arco de metal do trajeto, é feita a medição, a pesagem da mercadoria e a leitura do código de barras que fica na etiqueta da caixa, onde constam todas as informações, como origem, destino e dados do cliente. Ali o sistema já identifica para que esteira o volume deve seguir. O equipamento espaça as caixas automaticamente, com cerca de um metro de distância entre elas, para seguirem no tempo correto.
Michael Oliveira afirma que, mesmo com o sistema todo automatizado, a Jamef não reduziu o quadro de funcionários. Ao contrário, diz ele, a transportadora contava com 300 pessoas no início da instalação do Sorter da Jamef e hoje tem 320 pessoas colaboradores, devido à mudança na dinâmica de trabalho do armazém.
“A Jamef é especializada em carga urgente, entrega em 24 horas, então o que chega aqui às 19 hs temos que liberar no caminhão às 22 hs para entregar no dia seguinte de manhã, temos só três horas para processar de 20 a 30 mil volumes. E somos obcecados por entregar a carga no prazo”, comenta o executivo.
Segurança
Toda a carga é monitorada e o cliente pode acompanhar o trajeto em tempo real. A empresa tem uma central de gerenciamento de risco 24 hs que monitora toda a frota e terminais.
Mesmo em mercados de risco, como o do Rio de Janeiro, a Jamef desenvolve estratégias para reduzir as ocorrências. É, por exemplo, uma das poucas transportadoras que fazem entregas dentro das comunidades cariocas e, para isso, faz processos seletivos com pessoas que moram dentro dessas comunidades para empregar motoristas, ajudantes e agregados que moram ali, estão familiarizados com a região e têm acesso melhor ao local. De qualquer maneira, a empresa procura limitar os valores entregues nessas localidades para minimizar os riscos. A transportadora registra uma média de 15 ocorrências por ano no Rio de Janeiro, geralmente eventos de saques nos carros de distribuição no momento de descarga de mercadoria.
A Jamef vem investindo progressivamente em novas tecnologias para facilitar o controle das entregas e com um nível de detalhamento de informações que, com ajuda de Inteligência Artificial, vai tornar o sistema cada vez mais assertivo.
A transportadora faz atualmente perto de 3 milhões de entregas por ano, ou 12 milhões de volumes/ano.
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