ALEXANDRE FAGUNDES – Não sou futurólogo, mas creio que é importante pensar no que encontraremos em nosso caminho nas próximas décadas. Isso, sem dúvida, faz parte da estratégia de negócios de pessoas e empresas, que buscam estar sempre à frente do mercado e, assim facilitar e otimizar a vida de pessoas em todo o planeta.
Principalmente nós, que trabalhamos com tecnologia, procuramos entender o que encontraremos no futuro e já nos preparamos para esse cenário. No segmento de gestão de frotas então, esse preparo é constante. A cada dia, novidades surgem no mercado e tornam a atividade ainda mais emocionante e desafiadora. A conectividade saiu, definitivamente, do papel e está ganhando força nas ruas e estradas brasileiras como nunca vimos antes.
De soluções simples até caminhões inteligentes, encontramos muita novidade no mercado, porém é importante nos atermos a uma questão. A tecnologia, seja ela de qualquer tipo, precisa vir ao encontro do que as empresas e respectivos gestores procuram: reduzir consumo de combustível e gastos com manutenção preventiva e peças. Além, é claro, de proporcionar mais segurança para motoristas e cargas.
Portanto, a rota traçada para o futuro deve percorrer as estradas que levam a esses objetivos. Não adianta criar soluções mirabolantes, que não atendam a esses requisitos.
No mercado de gestão de frotas, por exemplo, temos muito que crescer. Nos Estados Unidos, por exemplo, 40% do mais de 140 milhões de veículos comerciais usam sistemas de conectividade, ou seja, telemetria embarcada para monitoramento e coleta de dados. Porém, no Brasil, de sete milhões de veículos de transporte, apenas 8% usam a tecnologia.
O lado bom dessa estatística é que o crescimento será exponencial e, em poucos anos, teremos uma cobertura muito maior e a telemetria para gestão de frotas será cada vez mais importante.
Porém, até lá, nosso papel é desenvolver tecnologia adequada ao mercado brasileiro, que é muito peculiar, principalmente em alguns segmentos como transporte público, e ajudar as empresas a serem conectadas de forma eficiente e, ao mesmo tempo, prática.
Para as próximas décadas, podemos apostar muito na telemetria associada à voz e imagem. Por meio de equipamentos embarcados, é possível alertar motoristas sobre perigos da via, o que aumenta o nível de segurança da viagem. Com câmeras internas e externas, podemos ver o que acontece durante a condução e quais eventos ou comportamentos contribuíram para um acidente ou mesmo infração de trânsito.
Big Data também se tornará primordial, pois o volume de dados coletados por meio da telemetria é enorme. Essa riqueza de dados permite identificar diversas oportunidades de melhoria nos processos. Inteligência artificial será cada vez mais presente permitindo ainda mais ação em cima dos dados e, consequentemente, redução do consumo de combustível, otimização das rotas, redução do risco de acidentes, redução da ociosidade da frota, entre outras variáveis fundamentais para quem atua em transporte e logística.
A automação irá permitir que muitas ações repetitivas e complexas serão feitas por robôs, enquanto humanos terão posições mais estratégicas e inteligentes no processo da gestão da frota.
Ainda sobre conectividade, não podemos deixar de falar da Internet das Coisas, ou seja, sistemas que contribuem trazendo mais dados para a telemetria embarcada que conhecemos hoje. Torcemos para que a infraestrutura adequada seja implementada rapidamente no Brasil, por exemplo, o 5G, possibilitando trazer ainda mais valor nas soluções que entregamos aos clientes hoje.
A chegada dos veículos elétricos é outro fator que mudará o mercado e contribuirá com a força da tecnologia embarcada no mercado trazendo novos desafios para a gestão de frotas. Claro que até se popularizarem, serão restritos a nichos específicos, mas, com o tempo, farão parte do dia a dia. Creio que isso acontecerá na próxima década e, já em 2030, teremos um novo cenário no Brasil e no mundo.
Os veículos elétricos são muito mais eficientes e menos poluentes, mas requerem cuidados especiais com relação a sua autonomia e durabilidade das baterias. Esse novo desafio quer dizer que as empresas precisam planejar e monitorar com mais cuidado as suas rotas e os motoristas precisam dirigir melhor para conseguirem retirar o máximo de autonomia e eficiência dos seus veículos.
Tenho certeza de que o futuro será muito promissor para a telemetria e gestão de frotas. Cada vez mais empresas estarão conectadas e buscando viagens mais seguras e eficientes. Pessoas, que são a parte mais importante de todo esse processo, terão na sua mão ferramentas poderosas para analisar as informações e as tomadas de decisões serão mais assertivas, tornando a telemetria veicular uma verdadeira parceira no dia a dia.
* Alexandre Fagundes é gerente de produtos e marketing da MiX Telematics Brasil. Possui formação em Engenharia Elétrica e tem ampla experiência profissional em vendas em grandes contas de tecnologia e também em gestão de produtos e marketing. Ainda atuou nas áreas automotiva, de telecomunicações e TI.
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