A Meritor, fornecedora de eixos e sistemas para drivetrain de veículos comerciais, apresentou o seu eixo elétrico 14Xe, dando mostras que a eletrificação de veículos comerciais no Brasil, ainda que de forma tímida, vem se tornando uma realidade.
O eixo elétrico 14xe é o primeiro produto desenvolvido pela recém-criada marca global Blue Horizon, dedicada ao desenvolvimento de novas tecnologias Meritor em todo o mundo.
O eixo 14Xe já está sendo testado na matriz da empresa, situada em Michigan, nos Estados Unidos. O modelo foi construído com um conceito diferenciado e que poderá proporcionar maior eficiência aos veículos comerciais. O eixo conta com um motor elétrico central de duas velocidades, integrado ao eixo diferencial trativo, liberando espaço para alocar a bateria, inversores e demais hardwares necessários aos veículos elétricos. Outro diferencial é que este utiliza a carcaça de um modelo convencional, o que possibilita fácil integração com o veículo.
Desenvolvido para equipar caminhões médios, a partir de 16 toneladas de PBT (Peso Bruto Total), o eixo elétrico 14Xe foi desenvolvido para as versões 4×2, com capacidade de carga de 9 a 26 toneladas e 6×4 (Tandem), com capacidade de carga de 26 a 40 toneladas. Possui três faixas de motorização: 150, 180 e 200 kW.
Segundo Kleber Assanti, diretor de Vendas e Marketing da Meritor, a eletrificação de caminhões é uma tendência também para o mercado brasileiro e, em um futuro próximo, será essencial para caminhões que rodam em curtas e médias distâncias, com forte atuação em entregas urbanas.
A Meritor é uma das empresas que compõem o e-Consórcio – criado pela Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) – que contempla desde o desenvolvimento local de componentes específicos para veículos comerciais elétricos até a infraestrutura necessária para a sua produção, abrangendo ainda todo o ciclo de vida útil dos veículos e o descarte de componentes como a bateria após o uso.
No ano passado, a Ambev assinou uma intenção de compra para ter, até 2023, mais de 1/3 da frota de distribuição de parceiros da Ambev composta por caminhões elétricos da Volkswagen. A iniciativa envolve 1.600 veículos movidos a energia limpa e é o maior projeto desse tipo já anunciado no mundo.
“Quando a eletrificação se tornar realidade no Brasil nós já estaremos prontos para atender a demanda”, comenta o executivo. Assanti complementa que os eixos elétricos Meritor já estão incluídos em 16 projetos de desenvolvimento de veículos elétricos na América do Norte.
Para Adalberto Momi, diretor Geral da Meritor do Brasil, a eletrificação e outros avanços tecnológicos ocorrem em um ano de recuperação do mercado interno. “Deixamos para trás o período de crise e enxergamos pela frente um cenário promissor”, diz.
A empresa também comemora sua entrada em segmentos que ainda não atuava. Recentemente a Meritor fez a aquisição da Axletech – que pertencia ao grupo The Carlyle – e cuja transação aprimora a plataforma de crescimento da empresa adicionando um portfólio de produtos complementares, incluindo uma linha completa de suspensões independentes e eixos.
No mercado brasileiro especificamente, a empresa passará a oferecer componentes para operações fora-de-estrada, um segmento que conta com uma oferta pequena de produtos e de novos desenvolvimentos. “Vamos unir o portfólio da AxleTech à forte estrutura da Meritor no que diz respeito à engenharia, e serviços”, diz Kleber Assanti.
Este avanço da Meritor na eletrificação e em novos nichos de mercado, ocorre em um momento de expansão da marca no mercado brasileiro de caminhões. Segundo Kleber Assanti, a empresa deve fechar o ano de 2019 com um crescimento de 16%. “Avançamos mesmo diante de algumas dificuldades que impactaram no volume de produção, como o anúncio de fechamento da Ford Caminhões e a redução de vendas de caminhões médios”, diz.
Para Assanti, o aumento da produção de caminhões pesados compensou este cenário e contribuiu para o crescimento. “Além disso, algumas ações da Meritor que consistem em uma proximidade maior com os clientes também contribuíram para isso.”
A expectativa para 2020 também é de expansão. “O que deverá puxar isso são os novos projetos para caminhões com motores Euro 6 que demandará novas tecnologias; a retomada do fornecimento de eixos para o VW New Delivery também será importante para esta equação”, explica Assanti.
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