Elon Musk, CEO da Tesla, anunciou acordo para construir uma fábrica de automóveis em Xangai, sua primeira planta fora dos Estados Unidos, que dobraria o tamanho do setor de fabricação de carros elétricos.
O anúncio veio no momento em que Estados Unidos e China travam uma guerra tarifária que elevou os preços dos veículos americanos vendidos na China.
Segundo o governo de Xangai o acordo prevê, não apenas a construção de uma nova fábrica na cidade, mas também investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
A China pressiona para capturar mais do talento e do capital investido pelas montadoras globais em tecnologia avançada de veículos elétricos.
A Tesla planeja iniciar a produção cerca de dois anos após o início da construção de sua fábrica em Xangai, chegando a 500 mil veículos por ano de dois a três anos depois, informou a montadora. Isso tornaria a fábrica de Xangai grande para os padrões da indústria automobilística, onde a maioria das fábricas é usada para construir de 200 a 300 mil veículos por ano, e equivalente à produção anual planejada na fábrica da Tesla em Fremont, Califórnia.
O governo de Xangai sugeriu que poderia ajudar com alguns dos custos de capital. “O governo municipal de Xangai vai apoiar totalmente a construção da fábrica de Tesla”, disse seu comunicado.
A China é o maior mercado de veículos elétricos, e a maioria dos analistas prevê que as vendas destes veículos no país vão acelerar rapidamente, à medida que a regulamentação governamental for direcionada para 100% dos veículos elétricos até 2030.
Foram vendidos na China, no ano passado, mais de 28 milhões de veículos e as vendas anuais devem chegar a 35 milhões até 2025. Isso seria mais que o dobro do atual mercado norte-americano, onde as vendas de veículos leves chegam a 17 milhões de veículos por ano.
A construção de uma fábrica na China já fazia parte dos planos de Musk muito antes do governo Trump impor tarifas punitivas aos produtos chineses. Até recentemente, a China cobrava tarifas de 25% sobre os carros importados e, por décadas, as montadoras estão se movendo para construir mais veículos nos mercados em que são vendidos, para neutralizar as mudanças de câmbio e as reversões da política comercial.
O anúncio da fábrica em solo chinês pode ser uma resposta ao presidente Trump que está lutando para impedir que fabricantes norte-americanos respondam à sua política comercial mudando a produção para o exterior.
Contra o pano de fundo do conflito comercial com Washington, a China está usando seu poder para atrair investimentos da indústria automobilística global. As montadoras alemãs dominaram, semana passada, uma lista de negócios entre a China e a Alemanha, concentrados no desenvolvimento de veículos elétricos e tecnologia para conectividade e carros autônomos.
A BMW vai aumentar a capacidade de produção da joint venture BMW Brilliance Automotive para 520.000 veículos da marca BMW em 2019.
A capacidade das duas unidades de produção da BMW Brilliance Automotive ultrapassará pela primeira vez a fábrica da BMW nos EUA em Spartanburg, Carolina do Sul. A BMW informou na semana passada que não seria capaz de absorver totalmente uma nova tarifa chinesa de 25% sobre os modelos importados dos EUA e teria que aumentar os preços dos veículos que fabrica em Spartanburg.
A Volkswagen por sua vez, disse que vai cooperar com o Grupo FAW da China em tecnologias como e-mobilidade, conectividade e carros autônomos.
A Tesla tem estado em negociações demoradas para abrir sua própria fábrica na China para ajudar a reforçar sua posição no mercado de rápido crescimento do país para carros elétricos e evitar altas tarifas de importação.
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