25 de novembro de 2024

Guerra comercial entre EUA e China leva Tesla para Xangai

fábrica tesla em xangai

Elon Musk, CEO da Tesla, anunciou acordo para construir uma fábrica de automóveis em Xangai, sua primeira planta fora dos Estados Unidos, que dobraria o tamanho do setor de fabricação de carros elétricos.

O anúncio veio no momento em que Estados Unidos e China travam uma guerra tarifária que elevou os preços dos veículos americanos vendidos na China.

Segundo o governo de Xangai o acordo prevê, não apenas a construção de uma nova fábrica na cidade, mas também investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

A China pressiona para capturar mais do talento e do capital investido pelas montadoras globais em tecnologia avançada de veículos elétricos.

A Tesla planeja iniciar a produção cerca de dois anos após o início da construção de sua fábrica em Xangai, chegando a 500 mil veículos por ano de dois a três anos depois, informou a montadora. Isso tornaria a fábrica de Xangai grande para os padrões da indústria automobilística, onde a maioria das fábricas é usada para construir de 200 a 300 mil veículos por ano, e equivalente à produção anual planejada na fábrica da Tesla em Fremont, Califórnia.

O governo de Xangai sugeriu que poderia ajudar com alguns dos custos de capital. “O governo municipal de Xangai vai apoiar totalmente a construção da fábrica de Tesla”, disse seu comunicado.

A China é o maior mercado de veículos elétricos, e a maioria dos analistas prevê que as vendas destes veículos no país vão acelerar rapidamente, à medida que a regulamentação governamental for direcionada para 100% dos veículos elétricos até 2030.

Foram vendidos na China, no ano passado, mais de 28 milhões de veículos e as vendas anuais devem chegar a 35 milhões até 2025. Isso seria mais que o dobro do atual mercado norte-americano, onde as vendas de veículos leves chegam a 17 milhões de veículos por ano.

A construção de uma fábrica na China já fazia parte dos planos de Musk muito antes do governo Trump impor tarifas punitivas aos produtos chineses. Até recentemente, a China cobrava tarifas de 25% sobre os carros importados e, por décadas, as montadoras estão se movendo para construir mais veículos nos mercados em que são vendidos, para neutralizar as mudanças de câmbio e as reversões da política comercial.

O anúncio da fábrica em solo chinês pode ser uma resposta ao presidente Trump que está lutando para impedir que fabricantes norte-americanos respondam à sua política comercial mudando a produção para o exterior.

Contra o pano de fundo do conflito comercial com Washington, a China está usando seu poder para atrair investimentos da indústria automobilística global. As montadoras alemãs dominaram, semana passada, uma lista de negócios entre a China e a Alemanha, concentrados no desenvolvimento de veículos elétricos e tecnologia para conectividade e carros autônomos.

A BMW vai aumentar a capacidade de produção da joint venture BMW Brilliance Automotive para 520.000 veículos da marca BMW em 2019.

A capacidade das duas unidades de produção da BMW Brilliance Automotive  ultrapassará pela primeira vez a fábrica da BMW nos EUA em Spartanburg, Carolina do Sul. A BMW informou na semana passada que não seria capaz de absorver totalmente uma nova tarifa chinesa de 25% sobre os modelos importados dos EUA e teria que aumentar os preços dos veículos que fabrica em Spartanburg.

A Volkswagen por sua vez, disse que vai cooperar com o Grupo FAW da China em tecnologias como e-mobilidade, conectividade e carros autônomos.

A Tesla tem estado em negociações demoradas para abrir sua própria fábrica na China para ajudar a reforçar sua posição no mercado de rápido crescimento do país para carros elétricos e evitar altas tarifas de importação.

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