A segunda edição do Dia da Mobilidade Elétrica, em São Paulo, tem como destaque o Dual Bus, da Eletra, ônibus elétrico de conceito inédito desenvolvido pioneiramente no Brasil. A grande novidade tecnológica do veículo é o sistema padronizado de tração, que pode ser alimentado por várias fontes de energia. O mesmo ônibus pode circular em duas configurações diferentes: híbrido ou trólebus e híbrido ou elétrico puro.
“O Dual Bus incorpora uma série de novidades tecnológicas que asseguram essa versatilidade, todas desenvolvidas pelos técnicos e engenheiros da Eletra. A novidade é que não é apenas um trólebus, ou um híbrido, mas sim as duas tecnologias no mesmo ônibus e com o mesmo desempenho operacional e ainda permite o deslocamento só com baterias, em pequenos trechos”, revela Iêda Alves Oliveira, da Eletra.
“A possibilidade de o mesmo ônibus operar como elétrico híbrido ou trólebus ou elétrico puro agrega vários benefícios para a operação, pois com a mesma frota é possível atender vários sistemas. Além disso, a matriz energética pode ser modificada de acordo com a evolução da tecnologia de geração e armazenamento ou mesmo dos custos envolvidos. Por exemplo, uma frota de híbridos pode se transformar em trólebus ou elétrico puro e vice-versa, ou seja, um ônibus elétrico desenvolvido pela Eletra pode operar com duas fontes distintas de energia ou trocar estas fontes de acordo com as demandas exigidas para o sistema de transporte. Esta flexibilidade permite que o gestor público tenha mais segurança na especificação das frotas com menos emissão, já que a tecnologia pode evoluir no mesmo ônibus”, afirma Iêda.
O Dual Bus é tracionado apenas pelo motor elétrico e a energia para mover esse motor vem de um banco de baterias e de um motor gerador – esse conjunto também tem a função de recarregar as baterias do veículo. O modelo de veículo elétrico híbrido funciona com as duas fontes de energia (motor gerador e baterias) operando simultaneamente. Como o motor gerador só é usado para produção de energia (e não para tracionar o ônibus), ele é menor que um motor convencional a diesel. O resultado é uma diminuição de emissão de poluentes de 95% em relação à de um ônibus a diesel comum.
No modo híbrido, traz ainda as vantagens de reduzir significativamente a emissão de poluentes, que pode chegar a zero na operação com o motor gerador desligado, e o consumo de combustível em 28%. Como elétrico puro ou trólebus, além de emissão zero, consome 33% menos energia, pela eficiência na frenagem regenerativa.
Outro ponto de destaque do novo modelo é que ele não demanda investimentos em infraestrutura de recarga para as baterias, pois quando está operando como híbrido ou elétrico, as baterias também são recarregadas nas frenagens por meio de um sistema conhecido como Kers, sigla em inglês para sistema de recuperação de energia cinética. Quando o freio é acionado, o motor elétrico vira um gerador e a energia que seria desperdiçada na frenagem é reaproveitada e armazenada no banco de baterias. O ônibus pode rodar até 20 quilômetros como elétrico puro, utilizando somente a energia das baterias.
Com 23 metros de comprimentos e a capacidade de transportar 153 passageiros, o Dual Bus tem chassi articulado de quatro eixos e motor elétrico desenvolvido pela WEG. O gerador, por sua vez, é formado por um motor veicular movido a diesel de cilindrada reduzida de 12 para 7 litros e desenvolvido pela Mercedes-Benz especialmente para o projeto, e um gerador também feito pela WEG. É equipado com moderna transmissão automática Allisson, que facilita a tarefa do motorista e traz conforto aos passageiros. As mudanças de marcha e velocidade ocorrem suavemente, sem trancos, mesmo com o veículo lotado e numa pista em aclive.
O veículo é movido por um avançado conjunto de 193 baterias de lítio, ligadas em série, instaladas em quatro compartimentos sobre a capota. Na versão Elétrico Puro, essas baterias permitem uma tração silenciosa, macia e potente. O Dual Bus desliza suavemente sobre a pista, sem descarregar qualquer tipo de material poluente na atmosfera, de acordo com a Eletra.
Na versão trólebus, a novidade é o sistema pneumático de recolhimento das alavancas coletoras de energia. Nos trólebus comuns, as hastes no teto que se ligam à rede aérea de energia são recolhidas manualmente. No Dual Bus, elas podem ser acionadas diretamente pelo motorista no painel. O ônibus, assim, se desconecta da rede aérea e passa a mover-se por suas próprias baterias sem interromper a viagem.
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