O uso de combustíveis alternativos vem sendo cada vez mais procurado nos países do chamado primeiro mundo para combater as emissões de poluentes em todo o planeta. No Brasil, com o fim do Inovar-Auto, este ano, e a formalização do programa Rota 2030 – Mobilidade e Logística, as propulsões alternativas tendem a ganhar papel preponderante no setor automotivo brasileiro.
Uma das possibilidades aventadas é a nova célula de combustível alimentada 100% a etanol, denominada “E-Bio Fuel Cell System”. Trata-se de um ciclo neutro de carbono que emite gás limpo na atmosfera com autonomia similar à de carros com motor a gasolina e que dispensa carregamento em um posto de recarga. “Esta tecnologia utiliza um combustível líquido fácil de manusear que produz eletricidade carregando a bateria para alimentar o motor elétrico. O hidrogênio é produzido a partir de etanol e água por meio da reação principal e a eletricidade é gerada pela reação do hidrogênio com oxigênio do ar”, afirmou Ricardo Abe, gerente de produto da Nissan, durante apresentação feita na 3ª edição do Seminário de Propulsões Alternativas, promovida pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), em São Caetano do Sul (SP).
Os veículos elétricos também foram destaque durante o seminário com a apresentação do case de uso de carros compartilhados em Fortaleza (CE). Segundo Angelo Leite, executivo da Sertell que fez a palestra “Fortaleza Car Sharing”, o negócio de carro compartilhado utiliza aplicativo para cadastro e para abertura dos veículos elétricos apresentou, em seis meses, 2.374 usuários cadastrados, com uma distância média 20 km por viagem e 1.165 viagens. Este é, na opinião de Leite, um projeto cujo objetivo é prover serviços baseados em tecnologias inovadoras e ecologicamente sustentáveis com foco em melhorias para a mobilidade, segurança e comodidade de trabalhadores, empreendedores e turistas.
Entre as empresas que têm apostado nos veículos elétricos está Itaipu Binacional que implantou um programa nessa área em 2006. Segundo Marcio Massakiti Kubo, coordenador de P&D da Itaipu Binacional, os motores a combustão por meio de combustível fóssil apresentam eficiência energética de apenas 15%, se considerada “do poço à roda”, enquanto os veículos elétricos chegam a 40%. “Trata-se de um ganho extraordinário. Nossos estudos indicam que se transformássemos toda a produção de autoveículos – 3,4 milhões de unidades, em 2011 – em elétricos, o impacto seria um adicional de apenas 3,3% na demanda por energia elétrica do país”, afirmou.
Kubo ressalta que o país não pode ficar fora do programa de mobilidade elétrica, uma vez que esta é uma tendência irreversível, em sua avaliação. “Se considerarmos ainda que usuário comum de automóvel percorre apenas 54 km/dia, 80% dos veículos podem ser recarregados em casa e que o custo da energia elétrica é de US$ 4 para cada 100 km rodado, o carro elétrico é mais que viável”, defendeu.
Antonio Celso de Abreu, subsecretário de Energias Renováveis do governo do Estado de São Paulo, discorreu sobre o “Programa Paulista de Biogás (uso veicular)”, uma iniciativa que objetiva aumentar a participação das energias renováveis na matriz energética paulista. “O Plano Paulista de Energia estabelece políticas públicas capazes de estimular o crescimento econômico com um uso menos intensivo de energia, por meio da eficiência energética, da ampliação do uso de energia renováveis. Dentro deste contexto, o ‘Programa Paulista de Biogás’, por exemplo, determina a adição de um percentual mínimo de biometano ao gás canalizado comercializado no Estado de São Paulo”, disse o subsecretário.
No segmento de carros de luxo também há a preocupação com o uso mais intensivo de combustíveis alternativos. Em sua palestra “BMW iPerformance: Plug-in hybrids with BMW i know-how”, Elmar Hockgeiger, diretor de engenharia da BMW, exibiu o conceito modular de bateria adotado nos BMW i3 e BMW i8 e o design bastante compacto do conjunto integrado do motor elétrico com a eletrônica de potência, também usado nos modelos de performance da montadora.
“É preciso acabar com o uso de combustíveis fósseis. É uma questão de saúde pública”, alertou o professor Daniel de Florio, da Universidade Federal do ABC, que discorreu sobre a extração de hidrogênio a partir de etanol e de gás natural, para abastecer as células a combustível como fonte energética em veículos automotores. Há 17 anos à frente dos estudos científicos de células a combustível na UFABC, Florio reconhece que ainda é elevado o custo de produção dessa fonte energética, mas relatou cases de sucesso na Califórnia, parte da Europa e no Japão.
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