25 de dezembro de 2024

Conheça o dirigível a hidrogênio capaz de transportar até 150 toneladas de carga

Dirigível a hidrogênio

A startup californiana H2 Clipper quer trazer de volta aeronaves cheias de hidrogênio, alegando que podem realizar operações de carga intercontinental completamente verdes, transportando de 8 a 10 vezes a carga útil de qualquer avião de carga acima de 9,6 mil quilômetros (a distância entre São Paulo e Bruxelas, na Bélgica), por um quarto do preço.

Sediada em Santa Barbara, na Califórnia (EUA), a H2 Clipper afirma que, com amplo volume de carga, ótima velocidade e uso de energia 100% renovável, o dirigível a hidrogênio Pipeline in the Sky, quando for lançado, pode se tornar um novo paradigma do transporte aéreo.

Estamos falando de cargas de até 150 toneladas – ou o equivalente a quase 200 Renault Kwid –, distâncias de até 9.650 km em velocidades de cruzeiro acima de 280 km/h, ou um pouco menos de um terço da velocidade de um avião de passageiros, mas de sete a 10 vezes mais rápido do que um navio de carga.

Esse é um conjunto de números incrivelmente atraente, principalmente devido ao custo: A H2 Clipper afirma que a tonelada-milha custará um quarto dos atuais serviços de frete aéreo, tornando-se uma maneira economicamente disruptiva de movimentar cargas a granel, bem como uma oportunidade de descarbonizar as operações de logística transcontinental.

De acordo com a start-up, o dirigível a hidrogênio poderia levar mercadorias diretamente de uma fábrica para um centro de distribuição sem precisar de etapas adicionais de transporte terrestre de e para aeroportos, graças às suas capacidades de decolagem e aterrissagem verticais.

dirigível a hidrogênio

Seu gás de elevação seria o hidrogênio – fornecendo cerca de 8% a mais de elevação por volume do que o hélio a algo em torno de 1/67 do preço. Sua propulsão seria totalmente elétrica, funcionando com hidrogênio líquido colocado em uma célula de combustível. Isso ligaria quaisquer dois pontos no globo com uma única recarga de combustível. Nos projetos atuais, a empresa mostra o topo dessa enorme aeronave coberta por células fotovoltaicas, que teoricamente poderiam permitir que ela gerasse seu próprio hidrogênio, se transportasse uma fonte de água e um eletrolisador.

Os dirigíveis de hidrogênio não têm boa reputação graças ao desastre do Hindenburg em 1937, além do que o hidrogênio, junto com qualquer outra substância inflamável, é atualmente proibido como gás de elevação nos Estados Unidos e na Europa.

À medida que o hidrogênio ganha força como combustível de aviação limpo de próxima geração, há um argumento convincente para questionar por que ele também não pode ser usado como um gás barato de elevação verde, para abrir esses tipos de possibilidades de transporte de carga.

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Em 2021, o H2 Clipper foi aceita no programa acelerador de laboratório 3D Experience da Dassault Systems, dando a essa pequena empresa a capacidade de usar ferramentas de simulação e desenvolvimento de ponta para refinar seu design. A empresa concluiu testes simulados em túnel de vento usando dinâmica de fluidos computacional (CFD), validando sua aerodinâmica de arrasto super baixo e colocando algum peso por trás das estimativas de queima de combustível e custos operacionais da empresa.

Nesta fase, a empresa planeja construir um protótipo até 2025 e ter um dirigível a hidrogênio em tamanho real voando em 2028. Ainda é uma jogada arriscada para os investidores; a FAA atualmente proíbe o hidrogênio como gás de elevação. Mas projetos de hidrogênio verde no valor de bilhões de dólares estão surgindo em todo o mundo, então o próprio hidrogênio deve ter um grupo de lobby por trás dele como nunca antes.

Nesse contexto, um caso de uso interessante para dirigíveis de hidrogênio é mover o próprio hidrogênio verde; A H2 Clipper diz que essas aeronaves superarão os trilhos, caminhões, navios e até oleodutos no preço das exportações de hidrogênio, movendo-se a qualquer distância acima de 1.600 km. Esses “dutos no céu” também serão tão verdes quanto o hidrogênio a granel que eles estão transferindo, adicionando mais um benefício no qual os exportadores de H2 verde podem estar dispostos a correr alguns riscos apostando.

Apesar dos recursos incríveis, o Pipeline in the Sky ainda está longe de se tornar modelo de produção.