25 de dezembro de 2024

Vendas do setor automotivo superam expectativas e devem manter ritmo de crescimento em 2020

vendas de caminhões

As vendas de caminhões neste ano superaram as expectativas da indústria ao atingirem o volume de 92,7 mil unidades licenciadas de janeiro a novembro, um aumento de 35,7% em comparação a igual período do ano passado. A própria Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), previa vendas em torno de 91 mil caminhões até o final do ano.

O resultado até novembro elevou a projeção de crescimento das vendas para 2019 e animou a indústria automotiva, com a sinalização de um 2020 mais positivo. “A tendência é começarmos o próximo ano em um patamar melhor, estamos otimistas”, afirmou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, durante a última coletiva do ano à imprensa, realizada quinta-feira (05/12), em São Paulo. Ele apontou diversos fatores na economia que desenham um cenário melhor para 2020, entre eles a queda na taxa de juros, maior oferta de crédito, projetos de investimentos em infraestrutura, o programa de privatizações, retomada do mercado imobiliário e a continuidade das reformas iniciadas pelo governo federal.

Além disso, não foi apenas o segmento de pesados que teve melhor desempenho, mas também automóveis e ônibus. O licenciamento de automóveis aumentou 8,3% no período, em relação aos mesmos onze meses do ano passado, com a soma de 2,53 milhões de veículos emplacados. A comercialização de ônibus cresceu 39,6% na comparação dos períodos, para 19 mil unidades licenciadas de janeiro a novembro. No levantamento feito pela Anfavea, somente o segmento de máquinas agrícolas e rodoviárias apresentou retração nas vendas, com a soma de 40,4 mil unidades licenciadas, uma queda de 6,8% sobre igual período do ano passado.

Exportações em baixa

O resultado das vendas de automóveis e veículos pesados no ano também se encaixa nas previsões dos economistas de que o país tem agora que contar mais com o mercado interno, diante de cenários externos menos favoráveis, principalmente com o encolhimento do mercado argentino, que é extremamente representativo para o setor automotivo. Enquanto a produção de caminhões cresceu 9,5% no período, para um total de 107,5 mil unidades, as exportações caíram 46,7%, com a venda de 12,6 mil caminhões para o exterior, entre janeiro e novembro deste ano. Segundo Moraes, o impacto nas exportações só não foi maior porque houve aumento no volume de vendas para outros países da América Latina, como Colômbia, Chile e México. No segmento de automóveis, a produção de janeiro a novembro cresceu 2,7% sobre igual período de 2018, para 2,77 milhões de veículos, e as exportações caíram 33,2% na comparação dos períodos, para 399,2 mil carros. A previsão de Moraes é de encerrar o ano com um crescimento de 2 a 3% na produção de automóveis, em comparação a 2018.  

Mercado de pesados

O segmento de veículos pesados registrou em novembro a maior média diária de emplacamentos desde 2014, com 450 caminhões licenciados por dia. De janeiro a novembro, foram emplacados 112 mil veículos pesados, sendo 93 mil caminhões e 19 mil ônibus. “A expectativa é de que seja contemplada nossa previsão para o ano, de 123 mil veículos pesados, entre caminhões e ônibus”, comentou Gustavo Bonini, vice-presidente e coordenador da câmara de veículos pesados da Anfavea.

Na avaliação de Bonini, o setor está em clima de “otimismo moderado” diante dos indicadores de estabilidade econômica que devem incentivar o consumo e, consequentemente, movimentar o setor de transporte. Ele assinalou que este ano, além do forte crescimento nas vendas de caminhões pesados, houve um início de recuperação também nos segmentos de médios (+34,1%) e semipesados (+32,4%), o que reflete maior movimento da economia em alguns setores como o de construção civil, com o lançamento de novos empreendimentos, e a retomada de trabalhos de infraestrutura, o que estimula toda a economia.

Ele acredita que em 2020 os caminhões pesados deverão continuar protagonistas, mas agora acompanhados dos outros segmentos, por conta do desdobramento da própria economia. 

Intenção de compra de automóveis

automóveis no pátio de montadora

Preocupada em conhecer a opinião dos consumidores sobre o que eles desejam em um automóvel, a Anfavea fechou parceria com o instituto Webmotors Auto Insights, para fazer uma pesquisa junto aos usuários do App Webmotors, especializado no comércio eletrônico de veículos, com 11 milhões de usuários/mês. Mesmo considerando-se que o universo de visitantes da Webmotors já é de pessoas interessadas em comprar ou vender algum veículo, a pesquisa levantou alguns números interessantes sobre esse segmento.

Dos 6.727 entrevistados em meados de novembro, 88% afirmaram que têm intenção de trocar de carro em 2020; 61% levam de um a três anos para trocar de modelo e a maioria troca ou porque o carro atual já está velho ou porque tem o hábito de trocar o automóvel de tempos em tempos. Cerca de 80% deles devem optar por carros usados. A maioria depende de financiamento (parcial ou total) e pretende usar parte do 13° salário para ajudar na compra. Dizem estar dispostos a investir de R$ 30 a 60 mil na troca do carro próprio. Os que não pretender trocar de automóvel atribuem essa postura à difícil situação financeira (38%). “Obviamente a amostragem foi feita com um público que trafega por um portal de compra e venda de veículos, mas todos os indicadores são muito positivos, revelando que muita gente que adiou a compra por conta da crise vai realizar sua intenção em 2020”, assinalou o presidente da Anfavea.   

E informações relacionadas a novos temas da mobilidade e da sustentabilidade, aparecem entre os entrevistados, como, por exemplo, mais de 30% consideram a possibilidade de comprar um modelo de veículo híbrido ou elétrico.

Cerca de18% dos que não querem comprar um carro afirmam que preferem outras formas de mobilidade. Além do carro próprio, 40% dos entrevistados deslocam-se com uso de aplicativos de transporte, 35% a pé, 33% utilizam o transporte público, 18% têm moto, 11% usam bicicleta (comum ou elétrica), 5% desfrutam de fretamento, e já aparecem na pesquisa pessoas que se deslocam com patinete elétrico e comum (1%).

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