A Voith Turbo – divisão do grupo Voith, especialista em transmissões automáticas para veículos comerciais – desenvolveu no Brasil um software de inteligência embarcada para ônibus urbanos que simula as características de direção de um bom motorista, com o objetivo ganhar eficiência operacional, reduzindo o consumo de combustível e a emissão de poluentes. O OnEfficiency.SmartAccelerate é um sistema dinâmico e autônomo, funciona independentemente da vontade do motorista, de acordo com padrões pré-estabelecidos. Essa solução de serviço pode ser usada em veículos com transmissões Voith Diwa e com motorização Euro 5.
A partir de sinais dos sensores já existentes na transmissão automática Voith e de informações da rede CAN do veículo, o software consegue monitorar o desempenho do motorista e o comportamento dinâmico do ônibus. A partir daí, a lógica e a capacidade de processamento do módulo de controle da transmissão permitem que o OnEfficiency.SmartAccelerate gerencie o trem de força dentro de condições pré-estabelecidas.
Segundo Rogerio Pires, diretor da divisão de mobilidade da Voith Turbo no Brasil esse pacote de eficiência foi baseado nas características operacionais de transporte público por ônibus da América Latina. “Todo o histórico de dados operacionais coletados nos últimos 25 anos de atuação na região permitiu que desenvolvêssemos um software capaz de suportar, de forma autônoma, uma operação mais eficiente dos veículos”, explica. “Os trabalhos começaram há dois anos, já temos uma quantidade de veículos rodando no Brasil, no Chile e na Colômbia”, diz o diretor. O software foi desenvolvido pela equipe do Brasil e está sendo patenteado em nível global. “Tivemos grande suporte da matriz para termos certeza absoluta de que todos os parâmetros de segurança estavam sendo respeitados, mas a lógica por trás disso nasceu do nosso time de trabalho aqui no Brasil, então ficamos muito orgulhosos”, assinala.
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A nova tecnologia da Voith é uma otimização operacional sem necessidade de treinamento de motoristas pois o sistema entra em ação sempre que o tipo de condução fugir dos padrões pré-estabelecidos. O software atua do lado da inteligência embarcada, que independe do volume de carga transportada ou da topografia das vias por onde o veículo passa, ele calcula a configuração ideal para as especificidades de cada operação. Com os sensores da caixa o sistema mede e recebe do veículo todas as informações de comportamento do motorista. Se ele acelerar, o motor vai responder, começa a medir a dinâmica veicular, sabe se o veículo está vazio ou carregado. Pelo sensor topográfico é possível saber se o ônibus está subindo ou descendo e, com isso, o sistema consegue gerenciar o trem de força para a condição pré-determinada e não de acordo com o que o motorista quer. Segundo Pires, se o veículo estiver em uma condição que precisa de torque, no horário de pico, por exemplo, de modo dinâmico ele identifica isso automaticamente e faz o ajuste necessário.
Como as acelerações bruscas são evitadas, o sistema representa mais conforto e segurança para os passageiros. “Não se trata só de menor consumo de combustível, estamos falando de eficiência energética, de gastar menos combustível, menos freio, menos pneu, estamos falando de menos acidentes e de dar mais conforto para o passageiro. Entre a maioria dos órgãos gestores, um dos primeiros tópicos de reclamação é o arranque brusco, que significa que o motorista tem disponível na sua operação uma grande quantidade de torque que deveria ser usada só na condição máxima, quando o veículo está carregado, mas quando está vazio ele acaba usando da mesma forma, isso é ineficiente”, afirma Pires, explicando que a solução corrige esse aspecto. Ele destaca que, em geral, os ônibus urbanos trabalham carregados somente nos horários de pico de demanda e no demais horários não é necessário usar toda a disponibilidade de torque e potência do motor, o que é ajustado com o software.
O resultado para a empresa operadora do transporte urbano é proporcional à variabilidade dos motoristas da frota, ou seja, se os motoristas já forem bem treinados, o gestor pode não perceber tanto o resultado, mas se os motoristas ainda não forem bem capacitados, o resultado é bastante sensível. “Nosso target é atingir de 1 a 3% de economia de combustível, variando de acordo com o tipo de veículo e do mix de motoristas”, diz o executivo.
A nova transmissão Diwa.6
O OnEfficiency.SmartAccelerate foi apresentado no estande da Voith na Lat.Bus – Feira Latino-Americana do Transporte, no início deste mês, junto com a Diwa.6, a sexta geração da família Diwa de transmissões, focada no ciclo de stop and go do ônibus urbano. “Junto com a Diwa.6 desenvolvemos o pacote de software porque, cada vez mais, trabalhamos do lado do software e menos do lado do hardware. Assim, tomamos a decisão de trazer a Diwa.6 para o veículo Euro 5, para ganhar mais eficiência (na Europa ela é usada nos veículos Euro 6)”, explica Pires.
Basicamente, a diferença da versão anterior para a Diwa.6 é que a nova geração tem maior capacidade de transmissão de torque, uma carcaça um pouco mais reforçada para reduzir ruído e vibração, traz um circuito de óleo com controle variável de pressão, amortecedor de vibrações torcionais otimizado, assistência para partida em rampa e novos sensores que dão maior precisão nas trocas de marchas.
Assim como na Diwa.5, a Diwa 6 traz o neutro automático durante a parada (ANS), que desacopla a transmissão do motor quando com o veículo está parado com motor em movimento. Também tem a função Sensotop, que é um sensor topográfico que consegue medir se o veículo está subindo ou descendo para otimizar a troca de marcha.
O pacote Diwa.6 é um complemento que já faz parte do pacote Fuel Efficiency da Mercedes-Benz. Segundo Pires, a Volvo também já usa a Diwa.6 em seus ônibus urbanos.
Essas inovações nos ônibus do transporte público de passageiros urbanos pode melhorar a economia do pais como um todo. Principalmente as ferramentas de horário de ônibus online e letreiros digitais com informações de hora de embarque em cada um dos pontos de ônibus, nos que somos passageiros não perdemos nosso tempo, os funcionários das empresas ficam mais produtivos e menos cansados ao chegar do trabalho.