A Nissan e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) firmaram um acordo de parceria para o desenvolvimento tecnológico do uso de bioetanol para veículos movidos à célula de combustível. O documento da parceria entre Nissan e IPEN foi assinado pelo presidente da montadora no Brasil, Marco Silva, e pelo diretor do IPEN, Wilson Calvo, no campus do instituto, localizado na Cidade Universitária da USP.
A Nissan já desenvolveu um protótipo de veículo movido por uma célula de combustível de óxido sólido (SOFC), que funciona por meio da energia elétrica gerada a partir da utilização do bioetanol.
A utilização deste tipo de sistema combinado com a alta eficiência dos motores elétricos e o sistema de bateria garantem ao Nissan SOFC uma autonomia superior a 600 km com 30 litros de etanol. Por contar com uma ampla rede de abastecimento de bioetanol – e ser um dos principais produtores do mundo –, o Brasil tem sido peça chave para o desenvolvimento e estudos de viabilidade do projeto.
A parceria entre a Nissan e IPEN – que está inserida no conceito da Nissan Intelligent Mobility, visão da marca para transformar a maneira como os carros são conduzidos, impulsionados e integrados na sociedade – busca avaliar e viabilizar diferentes componentes para a introdução deste sistema em veículos de passeio.
“A assinatura do contrato representa uma nova fase do projeto global de Célula de Combustível de Óxido Sólido da Nissan, que é de grande interesse do país por se encaixar perfeitamente na nossa matriz energética. Além disso, o conhecimento das instituições brasileiras, como o IPEN, vai contribuir de forma relevante para uma iniciativa global da marca, que pode beneficiar não só o Brasil, mas todo o mundo”, diz Marco Silva, presidente da Nissan do Brasil.
O primeiro período de testes com o protótipo foi realizado no Brasil entre 2016 e 2017. Dois veículos e-NV200 equipados com o sistema SOFC foram testados pela equipe de pesquisa e desenvolvimento da Nissan do Brasil e demonstraram que a tecnologia se adapta perfeitamente ao uso cotidiano e ao combustível brasileiro, ainda mais pelo fato de o país ter infraestrutura já existente para abastecimento com etanol em todo o seu território.
“A colaboração do IPEN será no desenvolvimento da célula de combustível a etanol. A vantagem é transformar diretamente em eletricidade a energia de um combustível renovável e estratégico para o país para viabilizar o carro elétrico”, afirmou Fabio Coral Fonseca, pesquisador do IPEN responsável pelo projeto.
O diretor do instituto, Wilson Calvo, destacou a importância da ciência, da tecnologia e da inovação para o desenvolvimento socioeconômico do país. “Todas as grandes potências investiram e continuam investindo muito em ciência e inovação tecnológica. É o caminho para uma sociedade mais justa, mais competitiva e ambientalmente sustentável. E o IPEN tem atuado fortemente na produção de conhecimentos científicos e no desenvolvimento de tecnologias, gerando produtos e serviços de maneira segura e formando recursos humanos nas áreas nuclear e de novas energias”.
A tecnologia da SOFC da Nissan conta com um sistema gerador de potência que se utiliza da reação química de diversos combustíveis com oxigênio, incluindo etanol e gás natural, para produzir hidrogênio e posteriormente eletricidade.
O sistema é limpo, altamente eficiente e funciona 100% com etanol ou água misturada ao etanol. Suas emissões são tão limpas quanto a atmosfera, se inserindo como parte do ciclo natural do carbono e sendo absorvido durante a plantação da cana-de-açúcar. Além disso, o veículo movido à célula de combustível oferece a aceleração viva e condução silenciosa de um veículo elétrico, juntamente com baixos custos de manutenção.
P&D no Brasil
A Nissan busca incentivar as pesquisas e o desenvolvimento do ciclo de vida completo do carro elétrico no Brasil. Tanto que vem desenvolvendo parcerias locais para o estudo e criação de tecnologias e infraestrutura com foco na mobilidade elétrica. Antes do anúncio da parceria entre a Nissan e IPEN, em abril desse ano, a fabricante japonesa e a Unicamp assinaram um contrato para estudar as tendências e o uso do bioetanol na mobilidade elétrica.
No ano passado, a Nissan fechou mais uma parceria, desta vez com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com o objetivo de estudar soluções para o futuro das baterias usadas de veículos elétricos. Durante o Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro do ano passado, a Nissan e a UFSC demonstraram na prática uma das possibilidades de uso das baterias de segunda vida do Nissan LEAF. Os conjuntos foram utilizados no fornecimento de energia para a iluminação de uma área do estande da marca japonesa. Também no salão, a empresa firmou uma parceria com a Enel X para promover conjuntamente atividades para o desenvolvimento de soluções de mobilidade elétrica no país.
Já em fevereiro de 2019, teve início a parceria com o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI) e o Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (ITAI), cujo foco é o desenvolvimento nacional de carregadores bidirecionais para veículos elétricos. Esses carregadores criam um novo ecossistema fazendo com que os carros funcionem como uma solução para compartilhamento de energia com a casa do consumidor, edifícios comerciais e a rede.
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