Depois do “terraplanismo” e dos chips vacinais, agora as teorias das conspirações focam a mobilidade urbana. A recente reação contra a cidade de 15 minutos é um destes fatos inexplicáveis e que causa, no mínimo, perplexidade.
Como uma teoria de planejamento urbano, super referenciada, pode ser objeto de protestos, teorias da conspiração de extrema direita e negação do clima?
A ideia de uma cidade de 15 minutos é que cada pessoa tenha todas as comodidades de que precisa a 15 minutos a pé ou de bicicleta de sua porta. No entanto, no mês passado, os manifestantes contra um novo sistema de bairro de baixo tráfego em Oxford apontaram para o conceito. Eles argumentaram que as propostas para reduzir a dependência de carros são manobras clandestinas para controlar o movimento dos cidadãos por meio de códigos QR e outras formas de vigilância digital. O conceito chegou a ser mencionado no parlamento do Reino Unido por um deputado que insinuou ser um “conceito socialista internacional” que “custará a nossa liberdade pessoal”.
Anne Hidalgo, prefeita de Paris, quer tornar a capital francesa em um cidade de 15 minutos, com um plano que garanta conexões entre os bairros da cidade. A cidade de Barcelona está implantando um conceito de super quarteirões que tem o mesmo objetivo: oferecer bairros de alta qualidade para que não seja preciso se deslocar por grandes distâncias para ter acesso a um serviço. Isso certamente não significa que os residentes ficarão presos à região onde moram.
É mais que óbvio que estes planos nunca envolveram excluir as pessoas ou impedi-las de sair. Porém a “acusação” dos extremistas e que, o ato de encorajar as pessoas a usar menos carros é uma forma de limitar a liberdade, em vez de uma oportunidade de viver em bairros mais vibrantes e menos poluídos.
O argumento central desta teoria é que elas seriam uma tentativa “socialista” ou mesmo “stalinista” de controlar a população e impedir que os cidadãos se afastem mais de 15 minutos de suas casas.
A cidade de 15 minutos não tem nenhuma relação com criação de guetos onde as pessoas serão trancadas mas, notícias falsas como esta circulam ampla e rapidamente e desmascarar uma mentira se torna uma tarefa árdua quando simplesmente as pessoas querem acreditar, mesmo que sem o mínimo de fundamento, que a Terra é plana ou o coelho da Páscoa é real.