A BYD prepara para o próximo ano o lançamento de ônibus elétricos rodoviários com carrocerias fabricadas pela indústria nacional. A empresa já tem chassis urbanos com carrocerias desenvolvidas pela Marcopolo, pela Volare e pela Caio Induscar e está planejando ampliar sua presença no segmento de rodoviários. Na Lat.Bus, feira de ônibus que aconteceu em São Paulo, a montadora apresentou seu novo chassi elétrico urbano de piso alto com carroceria produzida pela Caio Induscar. “Com este modelo fechamos o portfólio básico dos principais produtos e preparamos para 2019 o lançamento dos modelos de 15 metros, articulado, superarticulado e modelos maiores que planejamos para fechar o rol de aplicações para urbanos, fretamento e rodoviários que a BYD se propôs para o mercado brasileiro. Ano que vem teremos um leque maior de opções e estamos torcendo para o mercado crescer”, declara Adalberto Maluf, diretor de marketing, sustentabilidade e novos negócios da BYD no Brasil.
“Fizemos a ‘tropicalização’ dos produtos para o mercado brasileiro, com o desenvolvimento das carrocerias nacionais, e agora, para 2019, esse mercado com certeza vai crescer na velocidade que a gente gostaria”
Até agora, há cerca de 25 ônibus elétricos da BYD circulando em cinco cidades brasileiras. Campinas, no interior paulista, onde a empresa tem sua planta industrial, concentra a maior parte dessa frota, com 15 unidades, e o restante está pulverizado em operações de São Paulo (SP), Santos (SP), Volta Redonda (RJ) e Brasília (DF). “Temos pelo menos outras cinco cidades em negociações avançadas. Entregamos recentemente um lote de oito ônibus para uma cidade que ainda não podemos divulgar e, até o final do ano, vamos fornecer um lote grande, de 50 ônibus, divididos em duas entregas de 25 unidades”, destaca Maluf.
A previsão é de que até o fim do ano os elétricos BYD estejam circulando no transporte público de outras dez cidades do país, elevando a frota para mais de 60 ônibus da marca. Segundo Maluf, a empresa espera consolidar até o fim do ano a primeira fase de desenvolvimento que foi a nacionalização dos componentes. “Fizemos a ‘tropicalização’ dos produtos para o mercado brasileiro, com o desenvolvimento das carrocerias nacionais, e agora, para 2019, esse mercado com certeza vai crescer na velocidade que a gente gostaria”, comenta. Atualmente, o índice de nacionalização dos produtos está em 30% e deve atingir 40% até o final do ano. “Esperamos chegar a 50% de nacionalização em 2019 e nossa meta é 75% de nacionalização até 2022. É um plano ambicioso, mas factível de ser feito e é a única maneira de ser competitivo”, acrescenta.
De acordo com o diretor da BYD, o parque produtivo nacional de peças e componentes é “bom e amplo”, tem atendido bem à demanda da fabricante, até porque são os mesmos fornecedores que já vendem para as montadoras tradicionais. “Sistema de freios, suspensão, frames do chassi, direção, tudo isso é igual. O problema é que a empresa precisa de volume mínimo e investimento em ferramental para fazer o seu modelo. Alguns modelos estamos nacionalizando mais rápido, porque o mercado está mais rápido, já para outros modelos ainda não há volume mínimo de investimento em matéria prima ou em ferramental. Mas estou certo de que eles se concretizarão, assim como nosso plano de vendas, e, até 2020, atingiremos o índice mínimo para podermos ter Finame”, diz Maluf, referindo-se ao acesso à linha de crédito especial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O ônibus com carroceria Caio que a BYD apresentou na Lat.Bus é o modelo D9A, desenvolvido para aplicação urbana e rodoviária, o primeiro chassi de piso alto da empresa no Brasil. Tem 13,2 metros de comprimento, suspensão pneumática dianteira e traseira, coluna de direção regulável e freios a disco regenerativos com sistema ABS nas rodas dianteiras e traseiras.
Nesta versão de piso alto, o conjunto de baterias fica abaixo do assoalho, liberando mais espaço interno em comparação ao modelo de piso baixo que tem parte das baterias na área traseira e no teto. O veículo tem autonomia para cerca de 300 quilômetros e o tempo de recarga completa da bateria está estimado em torno de quatro horas.
“Este modelo já tem motor um pouco mais robusto para subir ladeiras e encarar desafios de operações mais pesadas. Já temos o primeiro em demonstração e com este finalizamos o portfólio de modelos urbanos, com Volare, Marcopolo e Caio”, diz Maluf. Além do D9A, a empresa tem um miniônibus 100% elétrico em parceria com a Volare e o modelo piso baixo, com acessibilidade universal com carrocerias Caio e Marcopolo.
O motor BYD-2912TZ-XY é integrado em cada uma das rodas do eixo traseiro, contato com um módulo de controle eletrônico de tração. Os motores acoplados às rodas têm uma potência de 150 kW, que somam 300 kW nos dois eixos. Segundo Wilson Pereira, vice-presidente sênior de vendas de ônibus da BYD, apesar de ser uma potência significativa para um veículo urbano, o custo operacional é baixo. “Para fazermos uma comparação, esta potência equivale a 420 cavalos de um ônibus a combustão, o que garante elevado desempenho operacional. Em rampas, por exemplo, os resultados são muito bons”, afirma.
Pacote de eletrificação
A empresa aproveitou a feira para apresentar um novo serviço ligado à infraestrutura para dar apoio aos clientes que adquirirem carros elétricos da marca. Resumidamente, é uma estação de geração de energia solar para recarga das baterias dos veículos que pode ser instalada na garagem do cliente. “Cada vez que vendemos um carro, ônibus, caminhão elétrico ou empilhadeira, levamos a infraestrutura de recarga com painel solar, porque, com isso, geramos um ciclo de emissão zero. Os nossos veículos já têm a vantagem de reduzir ruídos e zerar a emissão de poluentes e agora vamos reduz a zero a emissão de CO2 também na geração de energia. É um pacote completo que cria um ecossistema de emissão zero e, com isso, ajudamos nossos clientes, sejam privados ou públicos, proprietários de carro, van elétrica, caminhão leve, caminhão pesado, ônibus ou micro-ônibus, empilhadeiras, paleteiras ou rebocadores”, destaca o executivo. É preciso projetar o painel solar de acordo com a frota estimada do cliente.
Maluf diz que vê “com bons olhos o fato de as concorrentes montadoras globais também estarem lançando projetos de ônibus elétricos porque isso dá credibilidade para o setor e permite aos operadores comparar preços e performance”.
Leave a Reply Cancelar resposta