Otimista com o crescimento do mercado de ônibus neste ano – que no primeiro semestre registrou aumento de 16% no número de veículos emplacados, para 5.466 unidades (números Renavam) – a Mercedes-Benz se prepara para apresentar uma série de novas tecnologias embarcadas em seus ônibus durante a Lat.Bus & Transpúblico 2018, que acontece no final deste mês em São Paulo.
A principal novidade é o piloto automático adaptativo (ACC), um recurso que já é usado nos caminhões da linha Actros da montadora e que agora é oferecido para a linha de ônibus rodoviários. A solução será disponibilizada para o mercado a partir de agosto, para os modelos rodoviários RS (4×2) e RSD (6×2). Ainda está em desenvolvimento para o chassi 8×2, que é específico do mercado brasileiro – a tecnologia do ACC é importada da Alemanha.
O ACC mantém automaticamente o veículo a uma distância segura do carro à sua frente, reduzindo o risco de acidentes. Ao acionar o ACC, o motorista pode optar por até sete níveis diferentes de aproximação do veículo à frente para poder manter uma distância ideal para evitar colisão, principalmente em uma situação de neblina, quando o risco de colisão é maior, ou em um ambiente noturno ou com clima chuvoso.
O piloto automático pode ser ativado a uma velocidade a partir de 15 km/h. Um conjunto de 15 sensores instalados na parte frontal do veículo, logo acima do para-choque, faz o mapeamento da distância do veículo à frente, de 0 a 200 metros. Esse recurso trabalha conjugado com um sistema de frenagem de emergência, o AEBS (Advanced Emergency Braking System). Se houve uma aproximação repentina, o AEBS entra em ação: primeiramente uma luz no painel informa ao motorista que ele deve acionar o freio. Se isso não for feito, entra em ação o segundo estágio, que é um alerta sonoro intermitente junto com uma frenagem parcial do veículo. Se ainda assim isso não for suficiente, ou se, por exemplo, houver uma frenagem brusca do veículo à frente, o sistema emite um alerta sonoro contínuo e faz a frenagem total do ônibus.
Desta forma, o sistema acelera e freia sem precisar da intervenção do motorista. Além de maior segurança e de proporcionar maior conforto ao condutor, a solução reduz o consumo de combustível e, consequentemente, a emissão de poluentes.
Para aumentar ainda mais a eficiência do conjunto ACC e AEBS, a Mercedes sugere a combinação das duas tecnologias com o sistema de aviso de faixa, o LDWS (Lane Departure Warning System), pelo qual um sensor, que fica localizado no para-brisa do veículo, faz a leitura do deslocamento do ônibus em relação à faixa. Toda vez que houver uma mudança de faixa da pista sem que a alavanca da seta tenha sido acionada, esse sistema entra em funcionamento com um alerta sonoro.
Ônibus autônomo
“Essas três tecnologias combinadas são um passo para o veículo autônomo. É uma iniciativa da Mercedes-Benz pensando no coletivo e no futuro da mobilidade do nosso país. Não importa para onde vai a mobilidade, queremos fazer parte dela, é nosso desafio e nosso propósito. A marca quer continuar líder em tecnologias e rumo ao veículo autônomo”, declara Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.
O primeiro cliente a usar o piloto automático será a Viação Águia Branca. Segundo Barbosa, a Mercedes está fornecendo à empresa dois chassis RSD 6×2 que receberão carroceria Marcopolo e devem entrar em operação em agosto. A empresa adquiriu o conjunto das três tecnologias nos dois ônibus.
De acordo com o executivo da Mercedes-Benz, o custo adicional do pacote de tecnologias pode varia de 3% a 8%, dependendo do preço do ônibus. Ele destaca que, apesar de poderem ser vendidos separadamente, é importante a aquisição do ACC junto com o AEBS para melhor funcionamento dessa solução porque enquanto o ACC controla a distância, o AEBS executa a frenagem repentina para diminuir o risco de acidente.
“Estamos antecipando uma tecnologia já presente no inovador Future Bus Mercedes-Benz na Europa, que demonstrou sua eficiência e confiabilidade em trechos de circuito fechado de BRT (Bus Rapid Transit) na Holanda. Ou seja, radares, sensores, câmeras, sistema de navegação GPS controlado por satélite e conectividade, elementos do Future Bus, naturalmente serão a referência para o desenvolvimento e operação do nosso futuro ônibus autônomo aqui no Brasil. Temos conhecimento e ampla experiência para isso”, declara o diretor.
Barbosa acredita que haverá boa demanda para esse lançamento porque muitos empresários do setor de transporte rodoviário de passageiros estão cada vez mais preocupados com a questão de segurança da operação.
Mercado aponta crescimento
A Mercedes-Benz tem participação média de 60% no mercado nacional de ônibus, emplacou 3.218 ônibus no primeiro semestre deste ano, e trabalha com expectativa de crescimento entre 15% e 20% para o mercado total de ônibus em 2018. “O cenário é bastante positivo”, ressalta Barbosa.
O segmento de ônibus rodoviários cresceu 71% de janeiro a junho, sobre igual período do ano passado, alcançando 734 veículos emplacados. Na análise do diretor da Mercedes, o que movimentou as compras foi a necessidade e a obrigatoriedade de renovação de frota dos operadores do rodoviário. “Eles precisavam renovar pelo menos 2 mil carros por ano, não vai chegar a nesse número, mas a tendência de crescimento é grande”, afirma. Outro ponto que impulsionou as aquisições no primeiro semestre é a obrigatoriedade da plataforma elevatória para acessibilidade. “Isso acelerou a antecipação de parte das compras porque os operadores querem evitar o custo adicional dessa plataforma elevatória”, comenta o executivo.
Outro segmento que voltou a apresentar números positivos em 2018, depois de sofrer uma pesada retração nos últimos anos é o de fretamento. Nos primeiros seis meses do ano, o volume de emplacamentos de ônibus para fretamento aumentou 108% frente a uma base baixa de 2017, subindo para 479 veículos emplacados entre janeiro e junho, número quase equivalente ao total emplacado no ano passado, em torno de 500 unidades. O fretamento está ligado ao desenvolvimento da indústria, à contratação ou à dispensa de funcionários, o que mostra que a atividade industrial vem se recuperando.
Os veículos urbanos, que representam quase 50% do mercado nacional de ônibus, apresentaram aumento de 34% no volume de emplacamentos, para 2.679 carros. Barbosa credita esse crescimento ao ano eleitoral, quando, sazonalmente, as compras de urbanos se intensificam no primeiro semestre e tendem a diminuir um pouco no segundo semestre.
Os micro-ônibus acompanham o desempenho do segmento urbano e parte do rodoviário. No primeiro semestre, o volume de emplacamentos de micros cresceu 57% sobre igual período do ano passado, para 1.318 unidades.
Já os ônibus escolares, que dependem do programa governamental Caminho da Escola, tiveram péssima performance este ano, mas são vistos com certo otimismo para o segundo semestre. Isto porque, segundo Barbosa, muitos dos veículos com compra autorizada nas licitações ocorridas no final do ano passado e no início deste ano ainda estão em processo de fabricação, dependendo de autorização do governo e na expectativa de empenho para serem faturados, o que pode vir a acontecer no segundo semestre. O emplacamento de ônibus escolares caiu 79% de janeiro a junho, sobre igual período do ano passado, somando 256 unidades.
Os ônibus da Lat.Bus & Transpúblico
Na feira Lat.Bus & Transpúblico-Feira Latinoamericana do Transporte, que acontecerá de 31 de julho a 2 de agosto, em São Paulo, a Mercedes-Benz vai expor seis chassis: o urbano O 500 U, que é um dos carros-chefes no município de São Paulo; o superarticulado O 500 UDA, de 23 metros, que já tem cerca de 1.100 unidades em circulação na capital paulista; o urbano OF 1724 L, com suspensão pneumática integral; e os rodoviários O 500 R, RSD 6×2 e RSDD 8×2.
Com esses modelos e os recursos disponíveis em seu estande de mais de 1.400 m2, a montadora vai aproveitar para expor suas inovações desenvolvidas para ônibus que já somam 14 tecnologias de segurança, conforto e eficiência operacional, incluindo o novo ACC e o recentemente lançado Pacote “Fuel Efficiency”, um conjunto de soluções para redução de custos operacionais que promete diminuir de 2 a 8% o consumo de combustível da frota. O pacote “Fuel Efficiency” já está saindo de fábrica em série, para todos os chassis.
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