A entrada da Mercedes-Benz do Brasil como sócia do TruckPad – aplicativo que conecta caminhoneiros autônomos a cargas disponíveis para carregamento – é uma injeção de credibilidade nesse que foi um projeto pioneiro no segmento e representa a consolidação desse aplicativo no mercado nacional.
“Buscávamos um parceiro estratégico, que usasse de fato nossa ferramenta em seu negócio, o que equivale a uma chancela que diz que nós sabemos o que estamos fazendo”, diz Carlos Mira, CEO e idealizador do TruckPad.
Lançado em 2013, o TruckPad já tem mais de 600 mil instalações da ferramenta em smartphones de motoristas de caminhões e registra mais de 8 mil empresas usando essa plataforma. Esses foram alguns dos atrativos que incentivaram a Mercedes-Benz a entrar no negócio: a possibilidade de falar diretamente com esse público e conhecer o potencial de vendas de peças e caminhões para esses transportadores. O App reúne um grande banco de dados com informações sobre motoristas de caminhão e permite mapear e conhecer diferentes aspectos do comportamento dos caminhoneiros nas estradas, suas necessidades e preocupações.
Já havia uma parceria em andamento entre a montadora e a startup. Agora, a Mercedes poderá usufruir também de outros benefícios e oportunidades que poderão ser gerados com a aquisição. Basta destacar que este ano um dos motoristas que utilizavam o aplicativo para comprar peças de reposição Mercedes-Benz (mobile commerce) acabou comprando um caminhão novo com a intermediação do TruckPad, o que aponta uma série de novos serviços e receitas que poderão ser criados com a chegada da montadora.
As duas partes não revelaram qual o tamanho da fatia adquirida pela Mercedes, ou muito menos o valor pago pela participação no negócio, mas sabe-se que antes da entrada da Mercedes a divisão da startup estava nas mãos de Carlos Mira, com 48% da empresa, e de investidores iniciais do projeto, divididos em 5% da Plug and Play, 12% da Maplink e do Apontador e 35% da Movile. A Mercedes-Benz entrou com dinheiro novo na companhia, ou seja, nenhum sócio saiu e a participação de todos foi diluída. A Mercedes ficou com uma “participação relevante”, segundo os envolvidos, e Carlos Mira continua como o maior acionista da empresa e como CEO da companhia.
“Até outro dia o TruckPad era uma aposta e a chancela da Mercedes-Benz consolida o aplicativo no mercado. O TruckPad era uma birutice, de um cara irrequieto que pediu as contas do cargo de presidente-executivo da empresa da família, partiu para um mundo digital que não era o dele e agora consolida o investimento com a entrada de uma das empresas mais importantes do mundo da indústria automotiva”, declara Carlos Mira.
Ele garante que ter a Mercedes como sócia não interferirá em nada no relacionamento de mercado que o aplicativo faz para outras marcas de caminhões. “Somos um marketplace plural, existe todo um sigilo com as outras marcas e não há nenhum conflito”, afirma o executivo.
Segundo Mira, o relacionamento com a Mercedes começou pelo departamento de marketing intelligence da montadora em São Paulo. Depois a empresa foi participar de um programa chamado Startup Autobhan, em Stuttgart, na Alemanha, um programa de via expressa que o grupo Daimler criou para se relacionar com as startups. “Aprendemos como nos relacionarmos com as empresas do grupo, fomos selecionados entre as oito melhores empresas e aceleramos a parceria com a Mercedes do Brasil basicamente oferecendo business intelligence e até venda de peças pelo aplicativo (mobile commerce)”, conta.
Além da Mercedes-Benz, o TruckPad tem como parceiros a Shell Rimula, o Clube Irmão Caminhoneiro Shell e a Sascar, empresa de serviços digitais e telemetria do grupo Michelin. “Essas outras marcas também agregam valor à nossa plataforma e mostram que estamos no caminho certo”, comenta Mira.
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