Ao moldar os ambientes urbanos de forma seletiva, em benefício de grupos sociais com acesso a automóveis, e negligenciar os investimentos nos transportes públicos, as cidades forçaram os indivíduos de baixa renda a gastar uma grande parcela de seus orçamentos e de seu tempo com mobilidade, além de sofrerem com o efeito barreira com a abertura de grandes corredores em seus bairros.
Os altos custos do metro quadrado de solo também contribuíram para “empurrar” grande parcela da população para a periferia das cidades, dificultando o acesso aos bens e serviços e aumentando os tempos de deslocamentos entre residência e locais de trabalho, estudo ou lazer.
Neste cenário, soluções de compartilhamento e micromobilidade podem ser parte de uma política pública que vise a inclusão social a caminho de termos uma cidade para todos.
A incorporação de pequenos veículos elétricos para o transporte público, juntamente com iniciativas que incentivem o uso da bicicleta, podem representar oportunidades para combater de forma sustentável e inclusiva os problemas crônicos da mobilidade urbana.
Com áreas onde o transporte público não alcança e os serviços como táxis ou de mobilidade com veículos por aplicativos estão acima do orçamento da maioria dos moradores, chegar a outro lugar a cinco quilômetros de distância pode ser difícil.
Algumas iniciativas ao redor do mundo dão uma pista de que este sistema, além de possível, pode ser operado com custos razoáveis para o passageiro e garantir inclusão social, onde todos os cidadãos sejam capazes de compartilhar os benefícios da vida urbana.
Pequenos veículos elétricos, que lembram os riquixás asiáticos, com capacidade para seis pessoas, são ideais para deslocamentos de até seis quilômetros. Com alcance de 120 quilômetros, estes veículos elétricos de três rodas podem ser os integradores no transporte de pessoas em estações metroferroviárias e/ou terminais rodoviários.
Este sistema de micromobilidade não tem necessidade de grandes recursos, é acessível e facilita a mobilidade.
Um exemplo bem sucedido é o projeto Neomovilidad, que opera 25 Ecotáxis em Havana. O sistema transportou mais de 135 mil passageiros nos primeiros três meses de operação, com um potencial de redução mensal de 6,12 toneladas de dióxido de carbono equivalente.
O Neomovilidad foi implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e contou com um aporte de US$ 1,9 milhão (R$ 9,8 milhões) doados pelo Global Environment Facility (GEF).