Um projeto de 20 anos, e que poderia colocar o Brasil em uma posição de destaque mundial em soluções para a mobilidade urbana, foi paralisado em 2020, por falta de investimentos.
Se tratava do MagLev-Cobra, trem de levitação magnética desenvolvido pelo Laboratório de Aplicações de Supercondutores da Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ). Atualmente apenas três países usam trens de levitação magnética: Coreia do Sul, China e Japão.
A tecnologia MagLev-Cobra é a proposta de um veículo com múltiplas articulações, que funciona com levitação magnética e emprega supercondutores e trilhos de ímãs de terras raras.
A tecnologia do MagLev-Cobra se baseia na levitação diamagnética supercondutora e também está sendo perseguida pela China e Alemanha. Isso significa, em outras palavras, que o Brasil está na vanguarda tecnológica mundial nesta aplicação
O protótipo do MagLev-Cobra em escala real operava em uma linha de testes com 200 metros de extensão, ligando os dois Centros de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O professor Richard Stephan, Professor Titular do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do projeto disse na ocasião “que o próximo passo, se quisermos andar para frente, é sair desse veículo artesanal para um industrial”. Essa etapa do projeto, a criação de um modelo que possa ser reproduzido em escala industrial, estava estimada na ocasião em R$ 10 milhões.
Com negativas do BNDES e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), desde 2015 os pesquisadores vinham tentando captar os recursos necessários para iniciar a nova fase da pesquisa que seria começar testes com um veículo industrial padrão, autônomo e pronto para ser comercializado.
Como contrapartida, UFRJ ofereceria para empresas interessadas em investir na pesquisa, uma parte da propriedade intelectual do MagLev-Cobra, com a garantia de que a universidade receba royalties sobre os lucros obtidos com a venda do produto.
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Agora, em março deste ano, a Aerom, responsável pela implantação do monotrilho em Porto Alegre, firmou um contrato com a UFRJ para o fornecimento de um novo veículo bem como dar suporte ao sistema de controle, dando uma sobrevida ao projeto.
O MagLev-Cobra pode revolucionar o transporte urbano no Brasil. O modal não é um transporte de massa como o metrô, mas é mais barato. Na comparação com o VLT que opera no Rio de Janeiro, ele tem os mesmos custos de implantação, de R$ 40 milhões por quilômetro, mas com vantagens que otimizam o transporte de passageiros, como as linhas segregadas, que permitem que o veículo se mova em uma velocidade média de 50 km/h, contra uma velocidade média de 15 km/h do VLT.
O MagLev também é mais silencioso e consome menos energia. “Estamos trabalhando em uma alternativa que tem os mesmos custos de implantação, mas é melhor e tem uma tecnologia nova, nacional e realmente disruptiva”, disse Richard.
Assim o país acabou desperdiçando cerca de R$ 17 milhões de investimentos feitos até 2020, desprezou o trabalho de pesquisadores e perdeu a oportunidade de exportar tecnologia de ponta, o maior dos capitais em tempos de economia do conhecimento.