O conceito de ausência de limites que a internet proporciona para comprar de qualquer lugar esbarra, na prática, nas zonas de cobertura para receber o produto que foi adquirido apenas em alguns cliques.
Os desafios das entregas vão desde áreas onde não há segurança para sua realização, até outras que não têm cobertura por empresas de transporte.
Uma das soluções que vem crescendo ao redor do mundo para mitigar este problema e que começa a engatinhar no Brasil, são os Smart Lockers – terminais inteligentes de autoatendimento. O sistema consiste em armários que podem acomodar pacotes de diferentes tamanhos e, normalmente, são unidades modulares que possuem vários armários, acessíveis 24 horas por dia dependendo do local onde foi instalado.
No e-commerce, o que tem de mais caro é a última milha até a porta do cliente e o mecanismo pode facilitar e reduzir o tempo de entregas, além de ser um método que pode prevenir sinistros em entregas para áreas de risco e restrição.
O metrô do Rio de Janeiro, por exemplo, terá nos próximos 60 dias, em todas as suas 43 plataformas, um sistema de Smart Locker. A primeira fase de instalações começou na última semana de junho.
Márcio Artiaga, CEO e fundador da Clique&Retire, empresa responsável pela implantação dos Smart Lockers no MetrôRio cita, como exemplo, a própria cidade que possui 47% de sua população com algum tipo de restrição nas entregas. Isso prejudica a indústria varejista, pois muitas vezes o consumidor efetua a compra online, mas nunca recebe os produtos, o que gera uma demanda e custos ainda maiores para os varejistas. A solução, segundo Artiaga, é a implementação dos “Lockers” em grande escala na cidade toda.
Clientes acostumados com a expressão “CEP do inferno” – áreas em que nem o Correio nem as transportadoras entram por causa do risco de violência – podem se beneficiar com a medida.
“O cliente fará a compra online e selecionará o Smart Locker mais próximo de sua residência. Com isso, a loja entregará o produto em um destes dispositivos. O consumidor receberá um QR CODE que abrirá essa porta para que ele retire seu produto”, explica.
Márcio prevê que serão novos mil smart lockers em funcionamento no Brasil inteiro em dois anos. Além disso, a implementação deste tipo de entrega não aumenta o custo, nem para o consumidor nem para o lojista, e a inovação é favorável para as questões de logística reversa, que é quando o cliente precisa devolver o produto para a loja.
A solução da Clique&Retire traz a expertise de uma aliança estratégica com a Pakpobox, uma das maiores fornecedoras de serviços e redes de terminais inteligentes de autoatendimento do mundo.
De acordo com uma pesquisa apresentada por Christian Secci, Co-Founder e CEO do Pakpobox, na Ásia, 32% das pessoas prefeririam ir a algum local, até mesmo em lojas físicas, retirar suas compras feitas online em vez de aguardar o prazo de entrega. Já no mercado global, 38% dos consumidores deixam de comprar se tiverem uma experiência negativa com suas entregas, enquanto 45% deixam de comprar online por não ter sistemas de entrega compatíveis com suas preferências, mas, em contrapartida, 87% voltam a comprar após uma experiência positiva.
“Normalmente é um stress para o consumidor ter que levar os produtos até os Correios, com suas regras e limitações de horário. Com o Smart Locker é só deixar no armário (hub) e pronto. A gente também quer ganhar o usuário na política de logística reversa, que precisa ser mais inteligente, inclusiva, eficiente e ágil”, diz Christian. “Terminais inteligentes de autoatendimento conseguem reduzir a desistência da compra online em todas as frentes”, complementa.
André Duarte, professor e pesquisador do Insper, revelou que 22% da população das grandes cidades vivem em comunidades consideradas áreas de risco, o que representa 13 milhões de pessoas que movimentam aproximadamente R$ 23 bilhões no mercado por ano.
Em 2018, segundo levantamento do Webshoppers, um estudo sobre comércio eletrônico realizado pela Ebit-Nielsen, o e-commerce no Brasil teve um faturamento de R$ 53,2 bilhões, de um total de 123 milhões de pedidos realizados por 58 milhões de consumidores.
Segundo o mesmo estudo, a previsão é de que o setor cresça 15% em 2019, com um faturamento estimado de R$ 61,2 bilhões.
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