Os dias dos patinetes elétricos na capital francesa estão com os dias contatos. Tudo depois do resultado de um inusitado referendo que apontou que 80% dos votantes estavam a favor da proibição destes veículos de micromobilidade na cidade.
O detalhe é que, dos 1,38 milhões de eleitores registrados do município, apenas 7,46% – pouco mais de 100 mil eleitores– participaram do referendo.
A proibição de e-scooters em Paris deverá entrar em vigor em setembro, depois dos contratos com os três operadores terminarem em agosto.
“A partir de primeiro de setembro, não haverá mais e-scooters para alugar em Paris”, disse a prefeita Anne Hidalgo.
Apesar de o resultado do referendo,os operadores mantêm a esperança de travar o plano.
A Micro-Mobility for Europe (MMfE), uma coalizão de provedores de micromobilidade compartilhados da Europa, lamentou a proibição de e-scooters em Paris e questionou o fato de que um pequeno grupo de pessoas teve uma influência desproporcional no sistema de mobilidade urbana da cidade.
De acordo com o MMfE, a descontinuação das e-scooters compartilhadas em Paris custará a muitos cidadãos que desejam diversificar suas viagens além da posse de carros particulares. Afastar-se das e-scooters compartilhadas isola Paris do resto do mundo, com grandes capitais como Washington, Madri, Roma, Londres, Berlim e Viena.
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As e-scooters estão disponíveis em Paris desde 2018 e, depois de várias queixas em relação à falta de gestão, em 2020 foi autorizado a operação de apenas três empresas na cidade. Foi também imposto o limite de velocidade para 20 km/h e a criação de zonas de estacionamento.
O referendo foi convocado em resposta ao número crescente de pessoas feridas e mortas em patinetes elétricos na capital francesa.
Outro agravante foi o fato dos usuários não respeitarem os limites de velocidade, não usarem capacetes e a permissão para crianças de até 12 anos poderem alugar as e-scooters.
Já a MMfE alega que estudos de incidentes de 2021, levando em consideração as mais de 240 milhões de viagens compartilhadas de e-scooters, revelam que as e-scooters de propriedade privada estão duas vezes mais envolvidas em acidentes graves do que as e-scooters compartilhadas.
Para a coalizão, a proibição de e-scooters compartilhadas em Paris pode levar a uma adoção de e-scooters particulares, provavelmente levando a mais incidentes. No geral, os dados do MMfE mostram que o risco de incidentes já é significativamente menor em comparação com 2019.