30 de outubro de 2024

Mobilidade urbana é chave para criar cidades sustentáveis

A mobilidade urbana é um tópico que demanda atenção, sobretudo dos grandes centros urbanos. Cada vez mais são necessárias discussões sobre o funcionamento dos transportes nas grandes cidades, com foco na sustentabilidade e acessibilidade da população que reside, trabalha e visita essas regiões. O professor Orlando Strambi, do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP, discute o assunto.

O professor menciona que o Brasil está caminhando aos poucos no desenvolvimento de medidas para tornar as cidades mais sustentáveis. Para ele, a legislação brasileira é relativamente avançada, se comparada à de outros países, mas alguns problemas, como o aumento da motorização e do uso do automóvel, estão provocando consequências negativas para o País.

Strambi, que também faz parte do conselho diretor da WRI Brasil, indica quatro eixos que devem estar no centro dessa discussão: “Primeiro, são as medidas de desestímulo ao uso do automóvel. Segundo, as medidas de melhoria do transporte público. Terceiro, estímulo ao transporte ativo ou não motorizado, que é principalmente a caminhada e a utilização de bicicletas e, por último, a preocupação com uma integração entre as políticas de uso do solo e de transportes na mobilidade”.

Medidas sincronizadas

Combinar as medidas de atuação nos quatro eixos é fundamental para que as cidades consigam resultados melhores no quesito da sustentabilidade. O professor comenta que o alinhamento desses recursos e entendê-los como um conjunto é a melhor forma de encontrar soluções.

O desestímulo ao uso do automóvel não está ligado à proibição do uso dos veículos automotivos, mas a uma redução inteligente, visando a conter os problemas de tráfego e a poluição, ao passo que torna as cidades mais dinâmicas. “Precisamos de uma redução mínima nos volumes de tráfego para que funcione melhor”, aponta Strambi.

Uma medida citada pelo professor é a criação de condições para que parte da vida da cidade se resolva nas proximidades da população: “Isso pressupõe algumas mudanças de política de desenvolvimento urbano, em vez de você incentivar e criar habitação de interesse social na periferia distante do centros, onde em geral estão os empregos, é mais interessante adensar determinadas áreas, em particular áreas que são bem servidas de transporte público, e promover uma mistura de tipos de atividades naquelas áreas.” Os serviços de comércio e serviços e o próprio emprego estão incluídos nessa lógica.

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Strambi ressalta a importância de que todas as cidades sejam planejadas de forma sustentável, não somente o transporte. “Precisamos colecionar medidas de cada um desses grupos de intervenção e agir sobre as nossas cidades, porque, quando a gente melhora a sustentabilidade, essas intervenções em geral melhoram a mobilidade, melhoram o meio ambiente e melhoram a saúde pública”, finaliza.

Fonte: Jornal da USP

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