Padronizar um número maior de itens que compõem um ônibus facilita a manutenção e a reparação dos veículos de uma frota. Além disso, ter essas peças e partes prontas e à disposição na linha de produção do fabricante, agiliza o processo de confecção do produto e diminui o tempo de entrega de novas encomendas. Esse é um dos principais apelos da nova versão do ônibus urbano da encarroçadora Marcopolo, o Torino S.
A letra S no nome dessa versão, vem de “Soluzione” em italiano, e faz alusão justamente a mais de 25 soluções, ou diferentes configurações, listadas nesse modelo que visam proporcionar ao veículo menos tempo parado para manutenção e, consequentemente, maior disponibilidade para operação.
A nova carroceria pode ser implementada somente sobre cinco chassis que, segundo Paulo Corso, diretor de operações comerciais e marketing da Marcopolo, representam hoje 80% do que é usado no mercado de urbanos: os chassis Mercedes-Benz 1721, 1519 e 1721L e os chassis MAN Volksbus 17.230 e 15.190.
A empresa implantou uma linha dedicada exclusivamente a esse novo produto em sua planta industrial de Xerém, no Rio de Janeiro, onde são feitos os urbanos da marca. Foi usado um espaço que estava obsoleto, uma vez que essa unidade fabril chegou a produzir 28 ônibus por dia e hoje está fazendo uma média de sete carrocerias por dia. Essa padronização promete reduzir o prazo de entrega para o cliente, de 60 para 30 dias.
Entre as inovações da nova carroceria estão sinaleiras e faróis intercambiáveis em Led, de fácil substituição; posto do motorista aumentado em 60 mm; botões laterais resistentes a pó e umidade para abertura das portas; vidros intercambiáveis nas portas; saia lateral reta (a atual é arredondada); para-choque traseiro dividido em três partes e placa fixada acima do para-choque para evitar que seja danificada no caso de uma batida na traseira do veículo. Tudo foi pensado para reduzir o tempo do ônibus parado para manutenção. Até mesmo os chicotes elétricos foram separados em dianteiro e traseiro, redesenhados e reposicionados, facilitando o acesso e a manutenção.
“Criamos o Torino S para as empresas serem mais rentáveis. O foco é maior eficiência operacional”, assinala Corso. “Ampliamos os atributos de conforto, segurança, acessibilidade para passageiros, motorista e cobrador, e, ao mesmo tempo, adotamos conceitos práticos e eficazes para quem precisa manter o veículo sempre em operação”.
Ele calcula que o modelo resulta em uma operação de 5% a 10% mais econômica para o cliente e acredita que esta nova versão deverá estimular os empresários do segmento urbano a renovarem suas frotas. O Torino é o modelo líder de vendas da Marcopolo no mercado interno.
Mercado
A última versão do Torino havia sido lançada em 2013, mas, desde então, a situação de mercado mudou drasticamente, com uma queda de 70% nas vendas e, assim como outras empresas do setor, a Marcopolo passou por redução na jornada de trabalho, cortes de funcionários e está preparando a desativação de duas de suas seis fábricas: a unidade de Planalto (RS) e a de Três Rios (RJ), que pertencia à Neobus, encarroçadora adquirida pela Marcopolo.
Na opinião de Corso, apesar da queda em torno de 30% nas vendas de ônibus no primeiro trimestre deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, o segundo trimestre já registra um volume de vendas melhor, tanto de urbanos quanto de rodoviários, segmento em que a Marcopolo fará entregas importantes no segundo e no terceiro trimestres, segundo o executivo.
A expectativa da empresa para este ano é manter sua participação no segmento de micro-ônibus entre 20% e 25%; crescer no segmento de rodoviários para em torno de 65%; e recuperar o mercado de urbanos para entre 20% e 25%
“O Brasil não terá recursos para fazer grandes obras de transporte e o ônibus é quem ainda vai mandar no transporte coletivo por um bom tempo”, opina o executivo.
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