Um estudo recente mostra uma grande mudança na forma como a população mundial se desloca nas maiores cidades e o que está promovendo esta revolução é o aparecimento de novas tecnologias, que surgiram como resposta a preocupações econômicas e ambientais.
A Kantar TNS, uma das maiores empresa de pesquisa do mundo, por meio da área responsável por estudos automotivo e de mobilidade, conduziu um estudo importante e de grande escala para Le BIPE – agência de consultoria estratégica – denominado “Observatório Global de Mobilidade” cujo objetivo é entender e prever o futuro da mobilidade global em cidades do mundo todo a partir de entrevistas realizadas com mais de 24 mil pessoas, em áreas urbanas de 19 países, 30 cidades, entre as quais São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.
O estudo concluiu que 75% dos cidadãos de áreas urbanas estão usando aplicativos para organizar ou orientar seu trajeto. Os aplicativos são usados para ajudar a navegação de um modo geral, o que otimiza o custo ou a conveniência de um trajeto, e cada vez mais para solicitar táxis e compartilhamento de caronas.
Cerca de um quarto das pessoas (27%) dirige menos hoje do que há seis meses (chegando a 29% em Xangai, 34% em Paris, 36% no Rio de Janeiro, 37% em São Paulo e 43% em Mumbai). Um em cada três pessoas que não possuem veículo particular também diz que manter um carro é dispendioso. Esse índice sobe acima de 40% no Brasil onde o carro não é acessível para todos. A crise econômica brasileira também afetou a frequência na utilização do carro: conforme Isabelle Rio-Lopes, coordenadora do estudo de mobilidade para Kantar TNS, “o cenário recessivo afetou o bolso dos brasileiros, sensibilizando-os a diminuir o uso, adiar troca ou a aquisição de veículos novos assim como os custos embutidos com o carro.”
Os congestionamentos são apontados como outra barreira ao uso de carros particulares, com destaque para o fato de que 88% dos moradores de cidades precisam se deslocar de um ponto ao outro para atividades diárias, geralmente na ‘hora do rush’.
No geral, 22% daqueles que não possuem carro indicam este fator como um dos principais motivos, sendo que, em Nova York, este número chega a 40%.
Mas em um mundo em que a previsão é de que 70% da população estará vivendo em centros urbanos até 2050, a conectividade e o desenvolvimento dos apps é o que está tendo mais impacto na forma que as pessoas escolhem se deslocar.
Le BIPE e Kantar TNS descobriram que 3/4 dos cidadãos de áreas urbanas estão usando aplicativos para organizar ou orientar seu trajeto e a possibilidade de acessar um serviço ‘pay per ride’ (‘pague por viagem’) com um simples toque em aplicativo de celular revolucionou a mobilidade global. Entre aqueles que não possuem mais um carro próprio, 22% passaram a utilizar serviços de compartilhamento como uma das opções de locomoção. Esse índice chega a 33% no Rio de Janeiro. Em paralelo, 13% dos cidadãos urbanos declararam ser usuários frequentes de compartilhamento de caronas, seja de forma informal ou organizada via aplicativo ou plataforma online.
Remy Pothet, sócio da Le BIPE, acrescenta: “O advento de novas tecnologias abriu a mente de mais pessoas para diferentes soluções de mobilidade. Na Europa, por exemplo, o uso de caronas cresceu de 22% para 29% entre 2013 e 2016, ao passo que o compartilhamento de carros profissional cresceu de 4% para 7%. Com base em nossa experiência com previsões na área de mobilidade, a tendência aponta para uma rede crescente de carros sob demanda que levará o custo de serviços de transporte de passageiros aos menores patamares jamais vistos. O resultado disso serão consumidores cada vez mais móveis, já que a demanda vem crescendo por conta dos custos mais baixos. A chegada dos carros autônomos irá aumentar o fenômeno ainda mais.”
Isabelle Rio-Lopes comenta: “A tecnologia mudará para sempre a maneira como as pessoas se locomovem pelas cidades. Os fabricantes de carros e players na área de mobilidade precisam se preparar para isso se quiserem estar à frente da curva. Em maioria, as marcas automotivas têm respondido a esta tendência de forma rápida, investindo em apps de transporte de passageiros e em projetos de compartilhamento de carros.”
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