Um ano após lançar o conceito de Indústria 4.0 para sua produção de caminhões em São Bernardo do Campo (SP), a Mercedes-Benz do Brasil estendeu as novas tecnologias para a linha de montagem de cabines dos modelos Axor, Accelo e Atego, em uma área dedicada na fábrica paulista. Paralelamente ao aumento da conectividade e da automação do processo, a fabricante contratou 400 novos colaboradores no início deste ano, retomou o segundo turno na produção de caminhões desde janeiro e está com um terceiro turno na fabricação de motores, câmbios e eixos.
“A Mercedes-Benz deu mais um passo rumo à Indústria 4.0, podemos produzir com mais eficiência, qualidade e segurança para nossos colaboradores. Depois de três anos de notícias ruins, voltamos a produzir mais e trouxemos de volta mais um turno de trabalho. Estamos prontos para acompanhar as boas expectativas para o segmento de caminhões”, declara Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO América Latina.
As novas tecnologias possibilitam à empresa reduzir o tempo de produção em 15% e melhorar a logística em 20%. Foram investidos na nova linha de montagem de cabines cerca de R$ 100 milhões que fazem parte do plano de investimentos da empresa de R$ 2,4 bilhões, programados para aplicação entre 2018 e 2022. Schiemer reforça que a Mercedes manterá esse plano de investimentos, que inclui a modernização de outras plantas e o desenvolvimento de novos produtos e serviços de tecnologia. Segundo o presidente, em breve, essas novas tecnologias chegarão às demais linhas de produção da fábrica de São Bernardo do Campo, incluindo o segmento de ônibus, de forma a tornar toda a planta 100% conectada e mais produtiva. A soldagem e a pintura das cabines continua, atualmente, em Juiz de Fora (MG), assim como a montagem do modelo Actros.
Entre as inovações do novo processo está o uso dos AGVs (Automatic Guided Vehicle ou Veículo Guiado Automaticamente) carrinhos que se movimentam de forma autônoma, seguindo faixas magnetizadas no piso, e que transportam desde peças até as próprias cabines até a linha de montagem dos caminhões. Tanto AGVs quanto robôs colaborativos e apertadeiras eletrônicas são peças de um sistema que gera, coleta e armazena dados em um Data Lake e alimenta sistemas de inteligência artificial. A inteligência artificial coleta dados pelos equipamentos ao longo da linha de produção, identificando parâmetros e facilitando a análise de dados. “Podemos acompanhar em tempo real toda a produção de cabines, o que agiliza nossa tomada de decisão e nos deixa mais próximos da matriz e de outras plantas do grupo Daimler”, comenta Schiemer. As informações permitem até flexibilizar o mix de produção de acordo com as informações de venda.
Também fazem parte dos avanços tecnológicos o uso de óculos de realidade aumentada, que permitem ao operador trabalhar com as mãos livres, de forma mais ágil e rápida; um robô colaborativo, que atua na montagem da chave geral do caminhão; e uso do exoesqueleto que alivia a execução de movimentos repetitivos dos funcionários.
“Com tudo isso, estamos preparados para uma retomada mais forte do mercado brasileiro, mas o país também deve se modernizar para garantir o retorno do crescimento econômico. Precisamos que sejam realizadas as medidas necessárias para tornar o Brasil competitivo e que ele volte a ser atrativo para os investidores. Estamos fazendo nossa parte, mas o Brasil precisa oferecer condições competitivas para preservar a sua indústria”, ressalta o executivo.
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