A expectativa de aumento na demanda por energia elétrica nos próximos anos, diante da perspectiva de recuperação da economia nacional, foi um dos motivos que levaram a fabricante de motores diesel MWM a investir na produção própria de geradores de energia elétrica. A empresa encomendou pesquisa de mercado que aponta uma previsão de crescimento no consumo de energia elétrica em torno de 43% em um período de dez anos – considerados de 2017 a 2027.
A empresa acaba de lançar sua linha de geradores de energia voltados para aplicações como condomínios residenciais, setor sucroalcooleiro, hospitais, supermercados ou construção civil. “Estamos entrando em um seguimento que cresceu mesmo durante a crise e que tem expectativa de crescimento para os próximos dez anos”, assinala José Eduardo Luzzi, presidente e CEO da MWM Motores. A pesquisa mostra que mesmo durante os piores momentos da crise econômica, entre 2014 e 2017, o consumo de energia cresceu em torno de 0,2%, ainda que a economia tenha apresentado retração de 1,3% no período. Para os próximos anos, diz Luzzi, o governo considera que a economia brasileira deve crescer algo em torno de 2,7%, de 2018 a 2022, e perto de 3%, de 2023 a 2027, e o consumo de energia elétrica deverá crescer, em média, meio ponto percentual acima do PIB (Produto Interno Bruto).
Com o crescimento no consumo de energia elétrica, principalmente nos horários de pico, deverá aumentar a participação do gerador diesel para suprir esse consumo e também como forma de ajudar a diminuir os gastos com energia, já que o gerador pode ser usado somente no horário de ponta, quando a tarifa é mais cara. Segundo Cristian Malevic, diretor da unidade de negócios de motores e geradores, os equipamentos da MWM são projetados com motores compactos para oferecer excelência na entrega de energia, com baixo custo operacional. Os geradores têm 95% de conteúdo local.
“O mercado de gerador no Brasil foi de 17 mil unidades em 2013, caiu para 6 mil unidades no pico da crise e a expectativa é que esse mercado volte a crescer para até 15 mil unidades por ano no Brasil”, afirma José Eduardo Luzzi. “Já estamos recebendo pedidos desses equipamentos de diversos setores”, diz o executivo.
A linha de geradores da MWM compreende as potências de 30 kVA a 770 kVA, em 50Hz, e de 40 kVA a 800 kVA em 60 Hz. Os produtos usam não somente motores próprios da MWM, mas também motores Scania, MAN e Volvo, resultado de uma parceria feita com essas montadoras. São ao todo 23 configurações de potência que geram 28 modelos de gerador. Como o sistema de produção da MWM é modular, essa combinação chega a até 234 configurações distintas que atenderão ao mercado nacional e à exportação. Nesta primeira fase, a produção concentra-se nos equipamentos de até 800 kVA e para o segundo semestre está previsto o início de montagem de geradores de 800 a 1.200 kVA.
A expectativa de Luzzi é que essa nova unidade de negócios da MWM gere uma receita adicional de R$ 2,7 bilhões em um prazo de dez anos, só com a venda de geradores. A nova linha de produção foi montada na fábrica da empresa em São Paulo e o investimento total gira em torno de R$ 20 milhões, dos quais cerca de R$ 5 milhões já foram aplicados até o momento.
Energias alternativas
Além do gerador de energia movido a motor diesel, a MWM oferecerá também o gerador a biodiesel, a gás e até a etanol, que poderá ser atraente para as usinas de cana de açúcar. Luzzi ressalta que o novo equipamento atende às normas de emissão de poluentes e que por ter menor consumo de combustível também resulta em menor impacto no efeito estufa.
A expectativa da empresa é fabricar em torno de 600 geradores em 2019 e em 2020 produzir cerca de 1.200 unidades destinadas ao mercado interno e 200 para exportação, com uma média de 120 geradores/mês. A capacidade instalada da nova linha de produção é de 4.000 unidades por ano, em regime de três turnos. Os principais mercados para exportação da MWM são Colômbia, Chile, Equador e Paraguai.
Atualmente, as exportações representam mais de 30% da receita da MWM e no ano passado cresceram 70% sobre o ano anterior. A fabricante exporta motores para diversas aplicações, peças e componentes para a matriz, nos Estados Unidos, e para a linha de montagem dos motores na Argentina. A empresa é controlada pela Navistar, com sede nos Estados Unidos, que produziu mais de 100 mil veículos no ano passado, entre caminhões e ônibus, e investiu perto de US$ 300 milhões em tecnologia no ano passado.
No país há 65 anos, a MWM sempre se caracterizou por fabricar e fornecer motores para a indústria automotiva e para fabricantes de grupo gerador. “A MWM entrar no negócio de geração de energia produzindo seus próprios grupos geradores é uma quebra de paradigma muito importante e tenho certeza de que vai trazer um crescimento expressivo para a MWM nesse segmento de energia”, declara Luzzi. Ele explica que a crise causou dificuldades para fabricantes tradicionais de geradores do mercado nacional e isso abriu uma oportunidade para a empresa entrar nesse segmento.
Além da fábrica na capital paulista, a MWM tem unidade fabril na Argentina e um centro de distribuição de peças na cidade de Jundiaí (SP), inaugurado em 2016. A unidade de negócios de peças para o mercado de reposição é expressiva para a empresa já que ao longo de sua história no país fabricou 4,4 milhões de motores, sendo que cerca de 50% deles ainda estão rodando e precisam do serviço de pós-venda. A empresa conta com perto de 600 pontos de venda de peças e componentes. Sua rede de distribuição local tem parceria com as empresas BRG (região Centro-Norte) e Curitek (região Sul).
Em fevereiro, a empresa deu início à venda de peças pelo comércio eletrônico, através da loja www.lojamwm.com.br. A iniciativa começou como um projeto piloto no estado de São Paulo e, a partir de julho, deverá contar com uma loja virtual aberta para todo o país.
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