25 de novembro de 2024

Scania mira em sustentabilidade com rentabilidade para o cliente

“A gente acertou em apostar no gás”. A frase de Roberto Barral, vice-presidente de operações comerciais da Scania no Brasil, resume o contentamento da montadora com sua estratégia adotada para o mercado de caminhões e ônibus movidos a combustíveis que não sejam de origem fóssil. Hoje já existem dez caminhões a gás da Scania rodando em operações de clientes para testar o desempenho desses veículos, oito deles são movidos a GNV (Gás Natural Veicular) e dois a GNL (Gás Natural Liquefeito) e todos podem usar também o biometano, sem precisar converter o motor. A estimativa é de que os caminhões a gás da marca podem reduzir em até 15% as emissões de CO2, se abastecidos com GNV, e podem chegar a até 90% de redução nas emissões se usarem o biometano.

caminhão a gás da Scania

Os dois caminhões 100% a GNL foram entregues na semana passada para a Transportadora Translecchi, que presta serviço para a Cervejaria Ambev na distribuição de bebidas. São dois veículos da Nova Geração Scania, modelo R 410. A meta é que a redução de emissões de CO2 chegue a até 15% em comparação a similares a diesel. A parceria entre a Ambev e a Scania foi fechada em outubro passado, durante a Fenatran (Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Cargas). A iniciativa vai de encontro à meta da Ambev de reduzir as emissões de carbono ao longo da cadeia de valor do grupo em 25% até 2025. Os caminhões receberam implemento sider, para transporte de bebidas na operação da Ambev em Jaguariúna. A compra do gás liquefeito será feita pela Ambev, em parceira com a Gás Local. A base de abastecimento será na estrutura da Gás Local em Paulínia (SP).

Segundo Silvio Munhoz, diretor comercial da Scania, o GNL começa a se tornar mais interessante para transportadores de grande porte por causa de sua autonomia, que é maior que a do gás natural comprimido. Ele calcula que o caminhão a GNV tem autonomia de 450 a 500 quilômetros, enquanto o veículo a gás liquefeito tem de 1.100 a 1.200 quilômetros de autonomia.

De acordo com Munhoz, a fabricação dos caminhões a gás na planta industrial da Scania, em São Bernardo do Campo, começará em março próximo. Segundo ele, o modelo do caminhão a gás para o mercado nacional só foi homologado há cerca de duas semanas.

Os caminhões a gás da Scania, movidos a GNV, entraram primeiro em teste e um dos casos mais recentes foi o R 410 6×2 movido a GNV ou a biometano, que começou a circular em Pernambuco na frota do  Grupo HCL, em parceria com a Solar Coca-Cola, fabricante do Sistema Coca-Cola no Brasil. Segundo Hebert Cordeiro de Carvalho, proprietário do Grupo HCL, o novo modelo será testado em suas operações de transporte de açúcar para a Solar. “É uma nova tecnologia mais sustentável e mais rentável. Somos os primeiros a trazer para o mercado da nossa região e isso favorece a sustentabilidade da minha empresa e dos meus clientes e parceiros”, comenta.

Os testes começaram em dezembro passado e, a princípio, deverão durar de três a cinco meses, com cerca de 30 toneladas de açúcar transportadas e 200 km percorridos diariamente na região de Pernambuco. “Sem dúvida, é um caminhão muito viável. Estamos fazendo os testes desde dezembro em situações extremas. São terrenos arenosos, muitos buracos, aclives, pistas irregulares e a aderência é realmente muito boa. Não foi necessário fazer nenhuma manutenção até agora”, destaca Carvalho.

De acordo com ele, o consumo do gás é muito similar ao do diesel, mas, como o valor do gás em Pernambuco é mais acessível que em outros estados, o frete acaba ficando mais em conta.

“Estou tão satisfeito que já fiz pedido de um caminhão para a empresa”, conta Carvalho, que ainda não possui caminhões Scania em sua frota, composta por 100 veículos. “O investimento nesse teste reforça o quanto a companhia tem seus valores voltados ao meio ambiente. Estamos trabalhando no planejamento desse projeto há um ano e temos grandes expectativas em seus resultados”, diz Orlando Fiorenzano, diretor de planejamento integrado e suprimentos da Solar Coca-Cola.

Também na Fenatran, a Scania fechou a venda de um R 410 100% movido a GNV para a RN Logística. O veículo está em teste na rota São Paulo-Rio de Janeiro para o transporte de produtos da empresa de cosméticos L’Oréal.

A Citrosuco e a operadora logística Morada também estão testando os benefícios dos caminhões a gás da Scania. Segundo Munhoz, o veículo que faz operação da Citrosuco, sob gestão da Morada Logística, já comprovou uma redução de 15% no custo operacional por quilômetro rodado em relação ao diesel. Além disso, mostrou-se 20% mais silencioso na comparação. É um pesado modelo R 410 da Nova Geração de caminhões Scania, que faz uma rota fixa de Matão, no interior de São Paulo, onde fica a sede da Citrosuco, até o Porto de Santos puxando 36 toneladas de suco. O abastecimento é feito em postos ao longo do trajeto, que ofereçam o GNV.

Ônibus a gás

Já o ônibus a GNV/biometano da Scania teve seu chassi homologado, mas ainda aguarda a homologação da carroceria. “Com dezenas de demonstrações feitas desde 2014, já foi comprovada a viabilidade na comparação ao diesel. Levando em conta os atuais preços praticados dos dois combustíveis, a redução do custo por quilômetro rodado pode ser de até 20%”, conta Fábio D´Angelo, novo gerente de vendas de ônibus da Scania.

Ele afirma que a Scania tem recebido constantes consultas sobre o ônibus a gás por parte de operadores urbanos, de linhas rodoviárias e de órgãos gestores interessados em uma alternativa para o óleo diesel. A linha urbana terá três modelos: K 280 4×2 (de 12,5 a 13,20 metros e capacidade de 86 a 100 passageiros), K 280 6×2 (15 metros, terceiro eixo direcional e capacidade para até 130 passageiros) e o articulado K 320 6×2/2, de 18,6 metros e capacidade para 160 ocupantes. A princípio, não serão necessárias alterações significativas nos projetos das carrocerias, as instalações dos cilindros de gás podem ser feitas entre as longarinas do chassi (abaixo do assoalho) ou sobre o teto.

Segundo Fábio, os motores já serão Euro 6 e a autonomia será de 300 km. Ele diz que, caso seja necessária uma autonomia maior, é possível avaliar a colocação de mais cilindros. Para o segmento rodoviário, o foco, inicialmente, será no fretamento e em linhas de pequenas distâncias, na versão 4×2. “As outras opções chegarão com o aumento da demanda. Os investimentos são para médio e longo prazos”, diz D´Angelo.

“A Scania está vivenciando a mudança no transporte de passageiros para o ecossistema da mobilidade ideal: veículos elétricos. É o futuro, certamente. Mas, antes devemos passar pela tecnologia a gás e biometano. Na Europa foi e está sendo assim. Ainda não há viabilidade econômica do ônibus elétrico no Brasil”, conclui D´Angelo.

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