O grande diferencial, alardeado pela indústria automotiva, é o fato de que os veículos elétricos são livres de emissões. Ocorre que isso não é necessariamente verdadeiro.
Trocar um veículo movido a combustível fóssil por um elétrico pode significar, na maioria dos casos, trocar emissões do escapamento por emissões de uma usina de energia.
Um relatório recente, publicado pela Bloomberg, levanta estas questões e mostra que os EVs, talvez com exceção da Noruega e do Brasil (quando eles chegarem por aqui, of course), consomem a energia elétrica que vem de uma mistura de combustíveis fósseis intensivos em emissões, energia nuclear e, em menor medida, de energia renovável.
O quão verde os veículos elétricos realmente são, depende de onde está a tomada
Um veículo na Noruega ou aqui é, provavelmente, o mais próximo que podemos conseguir para um verdadeiro veículo de emissões zero porque, tanto lá como cá, desenhamos quase toda a nossa rede com energia gerada por usinas hidrelétricas.
Contudo, os grandes mercados de EVs do mundo dependem, em grande medida, de combustíveis fósseis. A China, de longe, o maior mercado de veículos elétricos, depende do altamente poluente carvão. Aqui temos o etanol e o gás natural. O Reino Unido e a França se beneficiam da energia nuclear sem emissões.
E isso é apenas o começo. Segundo a Bloomberg, regiões dentro de um mesmo país dependem de recursos extremamente diferentes. Nos EUA, por exemplo, a Califórnia praticamente não se utiliza do carvão e a dependência do mineral no Texas chega a mais de 25%.
Além disso, nem todas as usinas de combustíveis fósseis são criadas iguais. Alguns estados são mais rigorosos sobre o nível de emissões que elas podem vomitar do que outros. É por isso que o fator de emissão para a geração de energia em cidades em todo os EUA pode variar tanto.
Assim, um veículo elétrico poderia facilmente ser responsável por mais de 100 gramas de emissões de dióxido de carbono por quilômetro rodado, de acordo com a Bloomberg.
Não é de se surpreender que um veículo elétrico na China represente mais do dobro das emissões do que um no Reino Unido, apesar de que estes níveis ainda são melhores do que o motor de combustão interna médio.
O lado bom é que dirigir um veículo elétrico ainda é melhor para o mundo do que a queima de gasolina. De acordo com a Bloomberg New Energy Finance, migrar para os elétricos foi 39% mais limpo que o uso de motores de combustão interna em 2016. E essa diferença deverá aumentar para 67% até 2040, já que a energia solar e a eólica continuam ocupando uma parcela cada vez maior neste mix energético.
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