30 de outubro de 2024

Caminhão autônomo roda nas estradas da Europa

Shaping Future Transportation - Campus Connectivity

Em um evento realizado na cidade de Dusseldorf, na Alemanha, a Daimler Trucks apresentou à imprensa mundial os seus mais recentes avanços tecnológicos para tornar o transporte de carga mais ágil e mais seguro, além obter outros benefícios como reduzir custos operacionais e dar mais conforto ao condutor do veículo. Fez-se uma demonstração prática de como isso seria alcançado dentro de algum tempo. Um comboio formado por três caminhões Mercedes-Benz totalmente conectados percorreu um trecho da autobahn perto da cidade com os jornalistas nas cabines para comprovar o que a tecnologia já pode fazer em prol do transporte de carga, com as melhorias resultantes nessa operação, entre elas a redução dos intervalos entre entregas e maior disponibilidade do veículo.
Por exemplo, a tecnologia desenvolvida pela Daimler Trucks permite que, acionado o sistema instalado nos caminhões, a condução seja automática e idêntica. Todas as manobras realizadas pelo primeiro veículo são reproduzidas pelos outros dois, até o desligamento do sistema. As distâncias entre os caminhões podem ser reduzidas de 50 metros para 15 metros sem oferecer riscos, já que, com a frenagem do primeiro veículo a ação repete-se instantaneamente nos veículos subsequentes. Além disso, os caminhões contam com a tecnologia de condução autônoma segura que dispensa a intervenção do motorista.
De acordo com a Daimler Trucks, essa evolução na forma de dirigir caminhões trará numerosas vantagens ao transporte de carga, que incluem principalmente maior eficência e menor custo na operação.
Segundo pesquisa feita pela montadora, os caminhões das transportadoras ficam rodando apenas um terço do período em que estão disponíveis e, frequentemente, rodam sem estar totalmente carregados. Na maior parte do tempo, ficam parados à espera da carga e descarga ou em congestionamentos por falta de informações em tempo real. Com os novos recursos tecnológicos, principalmente a conectividade, a demora entre uma e outra operação será reduzida e o aproveitamento dos veículos será bem ampliado.

“Na Europa, os caminhões são responsáveis por 75% do todo transporte terrestre. Somente na Alemanha, um milhão de pessoas estão trabalhando no setor de transporte ou estão relacionadas a ele. Assim, os dados mostram claramente que os caminhões são a espinha dorsal da economia. Sem eles, não haveria alimentos, nem mercadorias, nem empregos”, afirmou Wolfgang Bernhard, membro do conselho executivo da Daimler AG e responsável pela Daimler Trucks and Buses, durante a apresentação da nova tecnologia de conectividade à imprensa internacional.

Segundo ele, isso não vai mudar. Ao contrário, as pessoas compram cada vez mais coisas online, e todos esses produtos terão de ser entregues por caminhões ou furgões. Mais importante, a economia mundial continuará a crescer, enquanto as companhias continuam a se especializar e a colaborar cada vez mais com a situação. Tudo isso significa mais necessidade de transporte. Deste modo, na sua opinião, os volumes de transporte não estão diminuindo, mas aumentando. O transporte rodoviário mundial de carga deverá triplicar até 2050, salientou o executivo da Daimler.
Uma coisa fica claro, acrescentou: a rede de rodovias não vai triplicar. E isto é um enorme desafio para todos e todas as coisas envolvidas com a logística. Na verdade, a logística ocorre em uma grande malha, com o caminhão no seu centro. Afora isso, existem muito mais players: os fabricantes, provedores de logística, terminais de carga, clientes e infraesturura. Há também áreas de descanso, outros veículos, oficinas, autoridades, seguro e parceiros de finanças. Até agora, as conexões nesta malha são frágeis, e às vezes mal existem. Porque o fluxo de informações –  informações em tempo real – é fraca. A consequência é o desperdício de recursos.

“Agora vamos ser mais específicos: um caminhão que poderia potencialmente rodar 24 horas por dia”, acrescentou Bern-hard. “Mas nossa análise mostra que, na média, um caminhão passa um terço de seu tempo rodando – o restante é tempo de espera. Tem de esperar ser carregado ou descarregado. Tem de esperar no terminal de carga, na fábrica, na alfândega, na área de descanso pelo motorista que está dormindo e assim por diante.”

E quando finalmente o caminhão está na estrada, os problemas continuam: com frequência não está totalmente carregado. Essas operações sem carga acontecem muitas vezes. Na Europa um de cada quatro caminhões transporta só pouca ou nenhuma carga. Além disso, mesmo se o caminhão não estiver esperando ou com carga total, pode não conseguir se mover porque está travado no congestionamento.
Assim, há tempo de espera, caminhões rodando vazios e congestionamentos. São apenas três dos problemas no transporte. Mas há muito mais. Por exemplo, a condição dos motoristas. Ficam estressados no fim de cada turno de trabalho. Na Alemanha os motoristas não podem trabalhar mais de dez horas por dia. Mais um minuto e estão transgredindo a lei. Mas não podem ter a certeza de encontrar local para parar a tempo. Ou procuram saber antes onde estacionar ou correm o risco de não entregar a carga no prazo.
Todos esses problemas são diferentes, mas todos têm a mesma causa básica. Há falta de informações em tempo real. Falta de informações em tempo real sobre tempo de chegada, espaço de carga, fluxo de tráfego, áreas de descanso e assim por diante. Há falta de informações em tempo real para os envolvidos e em relação ao processo inteiro de transporte.

“Felizmente, há esperanças. Em breve esses problemas podem se tornar problemas do passado. Agora temos disponível uma solução: a conectividade”, acrescentou Bernhard. “O caminhão conectado pode fornecer as informações em tempo real que faltam hoje. Isso significa que o caminhão conectado se torna o principal ponto de fluxo de dados na rede de logística. Bem no centro.”
Em 2016 um bilhão e meio de coisas ficarão online e algumas das “coisas” mais importantes que ficam online agora são os caminhões. “Os caminhões conectados transformarão ocompletamente o transporte. E prometo: quando olharmos pra trás daqui a dez anos, reconheceremos que este foi o ponto da virada. O momento quando tudo isso começou”, ressaltou Bernhard.

Parece ousado? Mas ele tem a certeza de que acontecerá, embora seja um pouco desafiador. Com o caminhão conectado uma série de problemas será eliminada. O tempo de espera durante as entregas. A documentação agora em papel que será enviada antecipada e digitalmente ao destino, junto com informaçoes sobre a partida do caminhão. Além disso, o caminhão pode informar ao cliente sobre mercadorias transportadas, danos zero. Tudo acontece instantaneamente, sem papel.
O caminhão conectado pode ainda trazer benefícios como acelerar o tempo de conserto e manutenção; pode reduzir as vezes que o caminhão roda vazio, avisando ao provedor loístico que há espaço no baú que ele oferece pela internet aos embarcadores; no caso do problema dos congestionamento, o caminhão conectado pode interagir em tempo real com a infraestrutura e outros veículos e saber que rota seguir.
Com o caminhão conectado, outro beneficiado é o motorista que consegue chegar à área de descanso na hora prevista porque sabe como estão as condições de tráfego e o tempo que resta para o destino.
Esses são alguns poucos exemplos para ilustrar a conectividade pode fazer. E é apenas o começo. Segundo Bernhard, a conectividade cria um novo universo de aplicações. “Esse é o rumo que estamos tomando, e a plena velocidade”, declarou. “A Daimler não só inventou o automóvel. Também inventamos o caminhão. Agora estamos entrando na era digital, estamos liderando novamente o caminho. Tornamos a telemática uma parte importante do nosso negócio há 15 anos. Transformamos a conectividade em um elemento integrante da nossa estratégia há três anos. A empresa está totalmente comprometida com a conectividade.”
A Daimler Trucks lidera no campo da conectividade para veículos comerciais. Desde 2013, deixou conectados mais de 365.000 veículos no mundo todo.
A conectividade pode evitar impasses, reduzir marcantemente o consumo de combustível e as emissões e reduzir ainda mais os acidentes de trânsito. A sociedade se beneficia com a segurança aprimorada e com uma redução das exigências quanto aos recursos e ao meio ambiente. As empresas obtêm benefícios com processos de logística otimizados, economizando tempo e cortando custos. O esforço dos motoristas de caminhão enquanto executam seu exigente trabalho é aliviado consideravelmente. Ou seja: o caminhão inteligente, totalmente conectado é a fórmula de sucesso para empresas, motoristas e para a sociedade também.

Conectividade já é realidade – Enquanto a conectividade só recentemente se tornou um jargão da moda para o setor de logística, a Daimler Trucks já estava oferecendo serviços de interconexão em rede e telemática por anos a fio.
A conectividade dentro do motor, entre o motor e a transmissão, entre o trem de força e a rota à frente já são a base para a redução constante do consumo de combustível e das emissões.
Além disso, a conectividade alicerça um gerenciamento de frotas ainda mais eficaz,  por meio do sistema FleetBoard da Daimler, por exemplo.
A conectividade é a base essencial para um caminhão de otimização contínua que viaja inteligentemente e de maneira autônoma rumo a seu destino – da maneira mais segura e econômica do que nunca.
Segundo a montadora alemã, a conectividade – significando comunicações entre todas as pessoas e todas as coisas – representa o futuro da logística, especialmente no contexto da movimentação complexa de bens dentro de uma economia intimamente ligada compreendendo diversos operadores especializados. A conectividade fornece a plataforma para uma organização sem interrupções  dos fluxos de bens e commodities. Para operações de transporte rápidas, ecologicamente corretas, preservadoras de recursos e assim altamente eficientes. O caminhão desempenha um papel decisivo, como espinha dorsal do transporte de carga.
A Daimler garante que o conceito de conectividade surgiu exatamente cem anos atrás, após a invenção do automóvel. Há 130 anos, Gottlieb Daimler e Karl Benz inventaram a mobilidade sem cavalos, e há 120 anos eles acabaram com a carroça puxada por cavalos para o transporte de carga: Em 2 de outubro de 1896 Gottlieb Daimler requereu patente para o primeiro caminhão de todos os tempos. O próximo passo agora implica na condução sem a contínua intervenção do motorista. A conectividade aproxima o caminhão do significado original da palavra “automóvel”, que é derivada de uma combinação da palavra grega “auto” e da latina “mobilis” (móvel). Um automóvel é então um veículo autônomo que move por sua própria vontade.
Exatamente um século depois da invenção do automóvel – há 30 anos –, a então Daimler-Benz AG formou as bases para o desenvolvimento do automóvel do amanhã, quando deu início ao projeto de pesquisa “Prometeu” com a meta de evoluir para tornar o transporte rodoviário na Europa mais seguro, econômico, ecologicamente correto, confortável e eficiente. Com o apoio de vários governos e a coordenação da Daimler-Benz, mais de 300 cientistas e engenheiros dos fabricantes e fornecedores de componentes automotivos se empenharam em projetos ambiciosos. O transporte de carga por rodovia desempenhou um papel chave no “Prometeu”.
Naquela época, os motoristas de caminhão ficavam muito mais por conta própria quando estavam na estrada, e as viagens entre os países eram ainda algo como uma aventura. A chegada das cargas dentro do prazo era algo que ficava a cargo das habilidades do indivíduo.
Os engenheiros envolvidos no projeto “Prometeu” trabalharam em sistemas de assistência para evitar acidentes e nas redes de comunicação entre veículos e entre os veículos e a rota – agora o que chamamos de navegação. Sob vigilância de curto e longo alcance, o monitoramento do nível de aderência na estrada, sistemas de assistência com capacidade de intervenção, computadores de bordo em rede nos veículos, novos sistemas de informação para o motorista, sistemas de telemática para veículos comerciais e conceitos de múltiplos sensores para detectar variáveis que não são diretamente mensuráveis estão entre as soluções encontradas. Em resumo, desde 1986 os engenheiros conseguiram estabelecer as bases para viabilizar o veículo totalmente interconectado em rede de hoje.
Uns dez anos depois do lançamento do projeto “Prometeu”, em meados dos anos 90, vários avanços surgiram, que juntos pavimentaram a rota rumo à conectividade dos veículos: sistemas eletrônicos de bordo, tecnologia de comunicações móvel, o uso de dados do GPS e a utilização da internet.
Os termos “conectividade” e “condução autônoma” ainda tiveram que se estabelecer quando o “Promote Chauffeur” teve início em 1998. Duas composições eletronicamente interligadas de semirreboque/cavalo mecânico cobriram uma curta distância entre o veículo líder e o veículo que o seguia. Seu progresso era controlado por sinais infravermelhos no reboque do veículo líder e câmeras no caminhão que o seguia – a chamada barra de tração eletrônica.
Os dois caminhões eram conectados por uma conexão via rádio. O segundo veículo recebia todos os dados sobre a situação do veículo líder. Suas operações de virada, frenagem e aceleração seguiam os do veículo líder, e ele mantinha uma distância dependente da velocidade que ficava entre seis e 15 metros. O âmago do “Promote Chauffeur” consistia em computadores de bordo nos veículos, que ficavam responsáveis pela correlação de todos os dados.
Nem a condução autônoma nem a conectividade com outros veículos e a infraestrutura estavam ainda na agenda: o veículo líder era inteiramente operado por meios manuais. Igualmente, as interações com outros veículos, tais como garantir que os veículos retornassem com segurança a suas pistas após ultrapassar, ainda não acontecia. As soluções técnicas já estavam em sua infância, mas o vocabulário correspondente ainda não tinha evoluído. Hoje,  informa a montadora, os caminhões possuem tanto soluções quanto nomes de equipamentos à sua disposição: como o Highway Pilot (Piloto rodoviário) e o Highway Pilot Connect (Conexão do Piloto Rodoviário).

Fleetboard – Os próximos avanços rumo à conectividade se seguiram rapidamente em um campo bastante diferente: a telemática. A Daimler novamente se colocou à frente desse desenvolvimento com seus caminhões. A introdução do sistema de telemática FleetBoard a bordo dos veí-culos dos principais clientes começou no ano 2000. Pela primeira vez, o caminhão agora se tornava um elemento totalmente  integrado da cadeia de logística de transportes. O planejamento da rota, posicionamento contínuo, transmissão dos dados do veículo – o FleetBoard conectou o motorista e o veículo com o mundo externo.
O desenvolvimento do FleetBoard continuou depressa. Em 2004 a FleetBoard apresentou uma interface para a integração dos dados com os sistemas de software das empresas de transporte e também revelaram o DispoPilot como dispositivo móvel para a gestão de logística, navegação e rastreamento. O FleetBoard desde então se tornou parte integrante das operações diárias das transportadoras. Seu computador de bordo forneceu a plataforma para a transmissão de diversos itens de dados, tais como códigos de erro com relação às panes. Hoje há cerca de 180.000 veículos na estrada usando o FleetBoard. A empresa, sediada em Stuttgart atualmente emprega mais de 200 pessoas e está representada em 40 países do mundo.
No mercado-chave de veículos comerciais da América do norte, a Daimler Trucks North America está incrementando suas atividades na área de serviços interconectados em rede, por meio de sua participação na Zonar Systems Inc., uma desenvolvedora líder e fornecedora de soluções de logística, telemática e conectividade. A Daimler Trucks North America e a Zonar têm mantido uma parceria pelos últimos cinco anos que começou com o lançamento no mercado do “Virtual Technician” (Técnico Virtual), sistema fornecedor de diagnósticos à distância, e continuou com o desenvolvimento da solução abrangente “Detroit Connect”.
Fazendo parte da “Detroit Connect”, o sistema “Virtual Technician” envia uma foto da situação técnica do motor para a Central de Serviços de Clientes da Detroit onde luzes de aviso se acendem de maneira que a equipe de lá consegue sempre analisar os dados, identificar o problema e enviar um e-mail com orientação sobre que medida  deverá ser tomada. O “Virtual Technician” pode reduzir o tempo de parada devido à prestação de serviços e, assim, possibilitar o corte de custos de manutenção. Os custos de reparação ficam até 20% menores, e o tempo de operação do veículo aumenta em 6%.
Em coordenação com o  “Virtual Technician”, o “Detroit Connect” permite o uso do  “Visibility Fleet Software” (software de visibilidade de frota) por meio da rede satelital do GPS para determinar a localização exata, a velocidade e o consumo de combustível de um caminhão ou de uma frota inteira a partir de qualquer dispositivo conectado à internet, como por exemplo, um tablet que esteja a bordo.
O “Detroit Connect” é a primeira solução de telemática nos Estados Unidos e no  Canadá a conseguir determinar a causa das mensagens de falhas que ocorrem durante uma viagem. Usado em mais de 185.000 veículos, o “Detroit Connect” já cobriu bilhões de quilômetros rodados.
O próximo marco de progresso: o sistema do Piloto Rodoviário Highway Pilot a bordo do Mercedes-Benz Actros e do “Freightliner Inspiration Truck”.
A condução autônoma é possível essencialmente sem conectividade em escala total sob a forma de comunicações Veículo com Veículo, como fica demonstrado pelo Highway Pilot, sistema da Daimler para caminhões de condução autônoma. O High-way Pilot é mantido em contato estreito com o que o cerca por sistemas de radar e câmeras. Não se permite que nenhum caminhão de condução autônoma ande um milímetro sem essa conexão segura com o mundo em volta do veículo.
A funcionalidade do Highway Pilot ficou inicialmente limitada às estradas expressas. Esse é seu território natural, como caminhão de longo percurso, e se presta à condução autônoma. Em estágio mais avançado, a condução autônoma também é concebível fora dessas rotas tronco, em estrada com trânsito em sentido contrário e cruzamentos.

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