A Volkswagen Caminhões e Ônibus foi uma das primeiras montadoras de veículos pesados a interromper as atividades, no dia 25 de março, e foi também uma das primeiras a voltar com a retomada da produção no dia 27 de abril. A logística para suspender uma operação desse porte e, pouco tempo depois, retomá-la é de alta complexidade e a adaptação dos executivos para tocar os negócios a distância também foi um desafio para todo o time da VWCO.
Roberto Cortes, presidente e CEO da VWCO e Membro do Executive Board do Grupo Traton contou ao FutureTransport como foram tomadas essas decisões neste momento particular da economia nacional:
FutureTransport – Como foi a logística de coordenar a retomada da produção da VWCO de casa?
Roberto Cortes – No início da pandemia, nossa empresa foi uma das primeiras a interromper as atividades, já no dia 25 de março. Nossa prioridade, em qualquer circunstância, é a saúde de nossos colaboradores. Por isso, acompanhei pessoalmente todo o processo de continuidade da empresa no novo normal. Foram muitas reuniões envolvendo representantes de todas as áreas, incluindo compras, já que tudo dependeria também da situação de nossos fornecedores, além de RH, manufatura, engenharia, vendas. Foi uma grande força-tarefa e destaco o trabalho da área de recursos humanos e do nosso corpo médico. Nenhuma decisão foi tomada antes de que os profissionais dessas áreas nos mostrassem estudos e ações seguras que seriam implementadas para garantir o retorno gradual de nossos funcionários, com toda a segurança e os cuidados que o momento pede.
FutureTransport – Vocês já tinham passado por algo semelhante antes?
Roberto Cortes – Não, este é um momento completamente novo, ao menos na nossa geração.
FutureTransport – Quais foram os maiores desafios e aprendizados dessa ação?
Roberto Cortes – Tenho muito orgulho em dizer que a Volkswagen Caminhões e Ônibus tem como característica forte de seu DNA a capacidade de inovar, reagir rapidamente e, acima de tudo de se unir para superar desafios. E a resposta nesse cenário adverso veio rápido, o que foi fundamental e demonstrado por todos os nossos 4.500 colaboradores. Todos se reinventaram depressa. Nossas reuniões tornaram-se virtuais com excelente nível de aproveitamento. Nossa rede de concessionárias em todo o Brasil mobilizou-se prontamente para garantir que seus funcionários da oficina trabalhassem em segurança, adotando todas as medidas recomendadas pelos órgãos de saúde, e oferecendo serviço de qualidade para que o transporte não parasse. Alguns de nossos colaboradores, como equipes de atendimento, ficaram de plantão e mantiveram a rotina no escritório, com todos os cuidados. Na fábrica, nossa força-tarefa adequou cada parte de linha de produção, transporte dos colaboradores, alimentação e estrutura geral para que também não prolongássemos nossa parada em detrimento do atendimento aos clientes.
FutureTransport – A experiência da matriz foi seguida? A operação nacional precisou fazer ajustes específicos para o perfil da fábrica brasileira? (exemplificar)
Roberto Cortes – Sim, com muita frequência participo de reuniões online com as lideranças das marcas que compõem o Grupo Traton, do qual somos parte. Compartilhamos, afinal, um momento adverso mundialmente, por isso não houve diferenças em relação às outras fábricas.
FutureTransport – Quantas pessoas foram envolvidas nesse processo e como vocês fizeram para se comunicar a distância?
Roberto Cortes – Falando sobre o alinhamento internacional, ele envolveu uma série de reuniões a distância e nós, os líderes, contamos o tempo todo com o apoio dos nossos colaboradores e seus times. Algo que fica como um legado desta crise é a importância fundamental da comunicação. Isso porque somos uma grande engrenagem e, para continuar trabalhando e ajustar as rotas, cada peça é vital. Fisicamente distantes, a comunicação ganhou uma relevância ainda maior, já que foi possível nos mantermos unidos num mesmo propósito graças ao envio de mensagens minhas aos colaboradores, disseminação de boas práticas de prevenção e as boas notícias do nosso time tão forte. Cada um em seu posto colaborou para que a VWCO seguisse forte, tanto no período de parada das linhas quanto em sua retomada. E, certamente, continuaremos assim durante toda essa fase de superação da pandemia.
FutureTransport – Na fase atual, quem ainda permanece em casa e quem retomou o trabalho no mesmo ritmo de antes?
Roberto Cortes – Mil colaboradores voltaram às linhas e se revezarão com os demais. Na parte administrativa ainda há colaboradores em home office e estamos acompanhando a evolução do combate à covid-19 para estruturar um retorno também gradual e seguro a esses funcionários, que estão divididos entre nossa sede em São Paulo, nas regionais e na nossa fábrica em Resende (RJ).
FutureTransport – Como se deu a retomada da produção e para quando estão programadas as primeiras entregas de caminhões e ônibus pós-quarentena?
Roberto Cortes – Retomamos nossa produção contemplando todo nosso portfólio, desde os leves Delivery até os extrapesados TGX. A distribuição de cargas, prestação de serviços, principalmente entrega urbana, e o escoamento do agronegócio mostram força em meio ao período adverso. A demanda do setor de mineração está sendo observada.
FutureTransport – Qual a expectativa para as próximas semanas/meses?
Roberto Cortes – Seguimos fortes, fazendo a nossa parte nesse combate à pandemia, e também nos adaptando e acompanhando a demanda do mercado, com nosso portfólio de produtos, serviços e atendimento para auxiliar nossos clientes, que estão na linha de frente garantindo o abastecimento em todo o país.
*A coluna “Você na Quarentena” está sendo publicada semanalmente e é o resultado de uma série de entrevistas feitas com executivos de empresas de toda a cadeia de suprimentos da indústria de caminhões e ônibus, desde as grandes montadoras até fabricantes de peças e componentes, transportadores e operadores logísticos, sobre como cada um está superando o período de quarentena decorrente da Covid-19.
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