Em apenas um mês, o surto de coronavírus atingiu uma pandemia total, ameaçando levar a economia global à recessão e afetando todos os países, indústrias e cadeias de suprimentos.
Muitos analistas alertam que a pandemia estará destruindo 10 milhões de barris por dia da demanda global de petróleo, forçando os preços a mínimos de quatro anos atrás – e possivelmente mais baixos.
“Países inteiros tiveram sua mobilidade restringida e atividades que envolvem aglomerações canceladas. Campeonatos esportivos, shows artísticos, feiras e eventos, reuniões de negócios, aulas e seminários foram suspensos com o objetivo de reduzir a expansão do contágio ao redor do planeta”, cita um trecho do artigo da Bright Consulting, que prevê uma retração de 4% na produção da indústria automobilística por aqui, revertendo uma previsão de crescimento de 7%.
Em outro trecho a consultoria alerta que “o choque econômico pela paralisação de tantas atividades será grande. Se, por um lado, grandes empresas conseguem calcular o prejuízo gerado em uma semana sem produção, empresas de pequena escala como lojas, prestadores de serviço e trabalhadores autônomos se perguntam como sobreviverão a esse período de portas fechadas que representará uma redução dramática de seus recursos e, provavelmente, muitas falências”.
Pesquisa realizada nos EUA revela que os pequenos negócios por lá, mantém-se com um “fluxo de caixa” para, no máximo, 30 dias. Se uma economia madura e pujante como a americana apresenta estes números, qual o cenário no Brasil?
Como a economia se recupera com as pessoas confinadas em suas casas?
Como a economia volta à normalidade sem as pessoas circulando e consumindo em pequenos comércios (bares, restaurantes e shopping centers) e com a desativação da economia informal, que representa mais de 40% da mão de obra brasileira.
Claramente a atual crise não é econômica, ela é uma crise de saúde (pandemia) que tem reflexos na economia. Seu impacto não é mensurável, pois o processo não tem prazo para terminar.
Estamos sem referenciais. Preços e índices já não refletem claramente a realidade. Nós quantificamos e valoramos as empresas pelo que elas vendem e abruptamente, as indústrias se encontram em momento de desaceleração da produção e a força de trabalho (população ativa) esta em adiantado processo de reclusão por medida sanitária (lockdown).
Nas crises do passado conhecíamos as causas econômicas. Em 2008 claramente sua natureza era financeira. Ainda em 2008 houve um movimento coordenado entre os países. Hoje a situação é caótica e esta envolta no ambiente do enfraquecimento dos organismos multilaterais.
O mecanismo de políticas anticíclicas esta sendo e será bastante testado ao longo das próximas semanas e não temos a noção da sua real eficácia, pois estamos em uma crise cuja origem não tem uma natureza econômica, mas que esta se refletindo na economia com danos graves.
Vivemos um momento sui generis, singular e único, simplesmente porque a economia esta parando devido às pessoas estarem reclusas em suas casas. A econômica esta se retraindo e desabando pelo desaquecimento da atividade produtiva, da distribuição e consumo de bens e serviços e pela exigência médica de afastamento do convívio social como medida de cautela para sobrevivência.
Muitos economistas advogam que as teorias econômicas tradicionais já não cabem no mundo atual. Nem os diversos modelos – sejam liberais ou keynesianos – comportam as atividades da economia contemporânea. A economia esta cada vez mais sofisticada e provavelmente os preceitos e ditames conhecidos sejam anacrônicos para o mundo globalizado em que vivemos hoje e, talvez, o lado positivo da COVID-19 seja que ele esteja escancarando este fato.
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