25 de novembro de 2024

O cidadão é cliente, protagonista da mobilidade urbana

Quando se discute a mobilidade, principalmente nos grandes centros urbanos, duas prioridades veem à tona: eficiência dos meios de deslocamentos – sejam eles públicos ou não – e a descarbonização.

A primeira passa por encorajar a substituição dos veículos particulares por outros meios de se fazer o tão famoso trajeto do ponto A ao ponto B. E a ambição de transformar o transporte público na melhor escolha para as pessoas, passa, necessariamente, por sistemas de transporte rápidos, fiáveis e interligados, e, se o cidadão é cliente, então exige-se empenho e planejamento entre as autoridades de transporte público e os operadores. 

A segunda prioridade é a descarbonização do setor de transporte público, que já está em andamento em certa medida, mas que é complexa e exige o planejamento de infraestrutura de longo prazo, incluindo o fornecimento de energia verde e tornar a transição mais fácil, barata e prática. 

Do lado da operação, a parceria fundamental não é só com as autoridades e operadores, mas com a indústria em geral, com instituições acadêmicas, com designers e fabricantes industriais, com urbanistas e, óbvio, com fornecedores de energia verde.

O cidadão é cliente?

Existem grandes desafios, principalmente quando se trata de investimento de capital, porque o custo de um veículo com emissão zero é o dobro do de um ônibus a diesel. É preciso trabalhar com projetistas e fabricantes de veículos e com toda a cadeia de suprimentos para reduzir o custo unitário dos ônibus com emissão zero. Também é necessário trabalhar com os municípios para facilitar os contratos de longo prazo e ser decisivo sobre qual tecnologia eles querem adotar no longo prazo – isso melhorará os custos do ciclo de vida dos veículos e também fornecerá aos operadores economias de escala e a flexibilidade para movimentar ativos entre regiões e otimizar a frota, dependendo da demanda local. 

O outro grande problema é a capacidade da rede. Não se pode simplesmente fazer a transição de uma frota enorme sem saber se teremos o fornecimento certo de energia verde, e isso pode ser uma loteria, pois a capacidade da rede pode ser limitada. Portanto, planejar atualizações de rede com seus operadores de distribuição de energia para obter onde ela é necessária pode levar alguns anos.

Já do lado do cidadão, a demanda é por opções de transportes eficientes, frequentes e confiáveis. Se for amigável com o meio ambiente, tanto melhor. O que significa que os governos precisam investir na sua priorização. Se o cidadão é cliente, então precisa de corredores de ônibus, mas também de integração de pagamentos de todos os meios de deslocamento, sejam eles realizados por ônibus, trens, metrô, bicicletas ou compartilhamento.

A integração total dos meios de transporte permite que os passageiros planejem, reservem e paguem viagens, de transporte público ou privado, interligadas, utilizando todos os provedores/operadores em toda a região e pode também, por exemplo, como incentivo, informar a economia de carbono que suas escolhas proporcionam.

Em uma visão de longo prazo, este mix de transporte urbano interligado e conectado pode ajudar a moldar um futuro onde o transporte de passageiros seja considerado a melhor escolha, criando soluções de transporte sustentáveis que atendam a maneira de como vivemos hoje e como será o amanhã.

Se quisermos ver um futuro em que as pessoas optem por deixar os seus carros em casa, um futuro com menos congestionamento nas nossas ruas, que encoraje uma maior utilização de transportes públicos e viagens ativas, talvez a mobilidade urbana, com foco nas pessoas, deva projetar seus serviços fazendo jus ao bordão de que o cidadão é cliente, respondendo à forma como o passageiro deseja viajar de forma holística, considerando todos os meios e não tão somente o transporte de massa.

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