A Ford criou um grupo de pesquisa para desenvolver a integração entre os carros e pequenos veículos aéreos amadores não tripulados – os drones –, explorando o potencial dessa tecnologia que vem crescendo rapidamente. O time, sediado no laboratório de inovação de Palo Alto, no Vale do Silício, EUA, criou uma plataforma de desenvolvimento customizável que permite testar diferentes configurações do equipamento, seja para uso como hobby ou ferramenta de trabalho.
A plataforma modular contém os recursos básicos exigidos em um drone, como controlador de voo, computador de bordo e fator de forma parametrizado. Com ela, os pesquisadores podem testar novos conceitos de formato, distribuição de peso, materiais, estrutura e interface do usuário sem precisar partir partir do zero. O objetivo é, no futuro, torná-la uma plataforma de código aberto para que outros possam usá-la.
“Pode parecer estranho uma empresa de automóveis ajudar a criar as bases para os drones, mas acreditamos que há muito potencial a explorar nessa área”, diz John Luo, gerente de Pesquisa de Integração de Tecnologias Emergentes da Ford.
Somente nos EUA, segundo a Administração Federal de Aviação (FAA), o número de drones deve crescer de 1,9 milhão para 4,3 milhões em 2020, sem contar os modelos usados para fins comerciais, que devem triplicar no mesmo período e elevar o total para 7 milhões.
“As pessoas estão usando drones de formas fascinantes: para monitorar plantações, gerenciamento de desastres, inspeção de edifícios e obras. Nossos clientes estão começando a pensar nos drones como ferramentas de trabalho e promovendo sua integração aos carros podemos otimizar o seu potencial de aplicação no transporte, seja de bens, serviços e mesmo pessoas”, destaca o pesquisador.
Regulamentação
A tecnologia vem se popularizando, mas ainda está só no começo. Um grande obstáculo para os drones se tornarem ferramentas de trabalho verdadeiramente eficientes é a definição das normas legais, incluindo o voo sobre pessoas e fora do campo visual. A Ford é a única fabricante de automóveis a fazer parte do Comitê Regulador de Aviação da FAA, que está desenvolvendo essas normas nos EUA.
Recentemente, por exemplo, a Ford recomendou em uma comissão da FAA um modo de identificar e rastrear drones durante o voo, que requer pouca ou nenhuma modificação nos modelos existentes. Essa solução aproveita o código de 10 dígitos que a FAA fornece a quem registra seu drone, que deve estar impresso de forma legível em algum lugar do dispositivo. O problema é que esse código só pode ser lido de perto, tornando quase impossível a sua identificação em voo.
O sistema proposto pela Ford, com patente requerida, aproveita as luzes anticolisão que vários drones usam em operação noturna para transmitir o código de 10 dígitos em código binário ASCII. Além de comunicar visualmente o estado do sistema com uma combinação de cores e piscas, essas luzes podem transmitir o número de registro do drone para ser captado e interpretado por um aplicativo baseado em câmera.
Os algoritmos de decodificação, construídos com o Google TensorFlow, podem ser usados em um smartphone, o que permitiria ao público identificar e reportar qualquer comportamento inadequado de um drone. Os testes iniciais de campo mostram que o sistema pode identificar com precisão drones operando a cerca de 24 metros de distância.
“Acreditamos que podemos otimizar o potencial de aplicação dos drones no futuro e vamos continuar trabalhando para garantir o seu uso seguro e responsável, mantendo o espaço necessário para a inovação”, completa John Luo.
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