O balanço dos primeiros seis meses de uso do aplicativo CityBus 2.0, implantado na cidade de Goiânia (GO) como um serviço especial para o transporte coletivo de passageiros, foi tão positivo que a empresa responsável pela plataforma, a HP Transportes Coletivos, já planeja novas soluções na esteira dessa primeira experiência. O CityBus 2.0 é um serviço de transporte sob demanda que começou como um projeto piloto em fevereiro, com 14 miniônibus voltados a atender chamadas de passageiros por meio do aplicativo. Na primeira semana de funcionamento, foram registrados 15 mil passageiros. Desde então, a demanda aumentou quase 250% e o aplicativo atingiu 35 mil downloads.
“Criamos uma área de inovação, batizada de HP Inovation, que inicialmente era voltada para a formação de líderes e hoje trabalha no desenvolvimento de soluções e ideias que possam ajudar na transformação do transporte coletivo. Nosso projeto de inovação é muito maior do que o projeto CityBus”, revela Edmundo de Carvalho Pinheiro, presidente da empresa HP Transportes Coletivos.
Ela é uma das cinco empresas que operam o sistema de transporte público de Goiânia e formam o consórcio chamado Rede Mobi, mas é a única responsável pela implantação do CityBus, feita com investimentos próprios.
“Temos orgulho do projeto CityBus, estamos investindo na sua expansão, mas ele é apenas uma das iniciativas entre um portfólio de ideias que estamos trabalhando. Acreditamos em outros desenhos de serviço que estamos desenvolvendo neste instante e que também poderão ser aplicados no mercado de Goiânia. É o caso do conceito de first mile/last mile (referente ao primeiro e ao último quilômetro da viagem de ônibus), que também é uma solução de atendimento corporativo a indústrias e serviços fretados, ou seja, outras aplicações poderão ser implementadas sempre com a ideia de entender as necessidades das pessoas e desenhar serviços que possam atender a essas expectativas”, declara Pinheiro. Isso pode ajudar muitos passageiros de áreas mais periféricas da Região Metropolitana, onde o serviço convencional de transporte por ônibus é mais rarefeito, explica o executivo.
Iniciativa de sucesso
Atualmente, o serviço sob demanda registra uma média de 13% de crescimento semanal no número de passageiros. Funciona das 6:00 às 23:00 hs, de segunda-feira a sábado. O índice de satisfação com o aplicativo por parte dos passageiros é alto; ao final da viagem, o passageiro é convidado pelo aplicativo a fazer uma avaliação, que tem sido bastante positiva. “Nos últimos 180 dias estamos com nota 4.9 numa escala de um a cinco, é uma grande alegria para nós”, comemora Hugo Santana, diretor de transportes da HP Transportes Coletivos. O app CityBus 2.0 está disponível em iOS e Android.
O pagamento da passagem pode ser feito em dinheiro e com cartão de crédito. O modelo de cobrança é diferente. A tarifa é cobrada por distância e começa em R$ 2,50 – abaixo do valor atual do transporte coletivo, que está em R$ 4,30 no município – e vai sendo incrementada a cada quilômetro percorrido. O controle é feito pelo próprio aplicativo por meio de um tracking do celular do usuário.
“O desenho do serviço foi feito com uma proposta de um serviço diferenciado, voltado para atrair os clientes de curta distância que já tinham abandonado o transporte público coletivo”, assinala Pinheiro.
O CityBus foi projetado para ser implantado em cinco etapas. Toda a cidade foi dividida em cinco áreas geográficas e a primeira fase, considerada piloto, começou em fevereiro deste ano no centro expandido da cidade, uma região com cerca de 27 km2, que abrange 11 bairros e que se caracteriza por viagens de distâncias mais curtas e onde o transporte coletivo vinha apresentando maior perda de demanda. “Goiânia foi muito penalizada nos últimos cinco anos com a queda de demanda e a perda de competitividade, principalmente pelo uso do transporte individual por aplicativo, então este projeto nasce como uma iniciativa da HP que tem formalmente estabelecida a pretensão de expandir esse conhecimento para todo o mercado”, ressalta Pinheiro.
Em 15 de julho, começou a segunda fase do plano, com a consolidação e expansão do serviço para uma área de 40 km2. O projeto total prevê alcançar uma área de cerca de 70 km2, o que representa algo em torno de 35% da cidade de Goiânia. Segundo Santana, a principal experiência e o conhecimento adquirido na primeira fase, que ajudaram a aprimorar o projeto, foi o mapeamento mais refinado da área em que o serviço é oferecido, o que possibilitou dar mais inteligência à plataforma. “Agora podemos entregar uma roteirização em perfeitas condições em termos de otimização da rota para as pessoas”, diz.
Frota de Sprinters
A frota que serve o CityBus é composta por veículos modelo Sprinter, da Mercedes-Benz, configuradas com 14 lugares para passageiros mais um motorista. Hoje são 28 Sprinters em operação, todas padronizadas com adesivos do serviço e a previsão é chegar a 42 veículos até o final de outubro. “Na fase de testes, quando ainda eram 14 veículos na frota, nós já tínhamos capacidade de retirar das ruas algo próximo a 650 carros individuais. O CityBus foi lançado com o propósito de atrair uma nova clientela que não estava no modo coletivo, que usava estritamente o individual. Pesquisa feita recentemente pela UnB (Universidade de Brasília) mostrou que cerca de 85% das pessoas que estão usando o serviço vieram do modo individual. Então, mesmo sendo uma iniciativa pequena, nossa proposta é promover uma reflexão sobre as novas tendências e novos conceitos de transporte que podemos trazer para a cidade, e para dentro da empresa, para transformar nosso negócio”, declara Santana.
A solução CityBus 2.0 foi desenvolvida em parceria com a empresa norte-americana Via, sediada em Nova York, que fornece o suporte com análise dos dados operacionais, acompanhamento de promoções e preços para otimização contínua desses serviços. “Quando estávamos desenhando o projeto tínhamos dúvida se deveríamos desenvolver internamente um algoritmo próprio ou se deveríamos buscar uma solução de terceiros. A alternativa escolhida foi buscar um terceiro e com a Via chegamos a um consenso sobre a viabilidade de aplicar uma solução desse tipo no mercado brasileiro”, conta Pinheiro.
Para ele, o objetivo da HP é que novos projetos possam ser apresentados para a cidade, de forma contínua e permanente. “Nosso verdadeiro desejo é buscar promover a transformação do negócio. Entendemos que o transporte público coletivo, na forma em que ele está estruturado, precisa sofrer mudanças para retomar a competividade frente aos modos individuais. Nós não abandonamos as bandeiras que o setor tem defendido, como prioridade ao transporte coletivo, investimento em infraestrutura, desoneração do serviço por ser um serviço público, mas acreditamos fortemente que, mesmo sendo um serviço regulado, é possível promover a inovação e assegurar a competitividade. Temos que ter foco orientado ao mercado e, cada vez mais, temos que pensar em como atender às necessidades das pessoas. É por aí que a gente consegue de fato promover mudança no serviço, assegurando competitividade”, analisa o presidente da empresa.
Para mostrar os resultados positivos do CityBus, a HP organizou uma visita de autoridades, empresários e imprensa ao sistema no dia subsequente ao 33º Seminário Nacional da NTU – Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, realizado no final de agosto, em Brasília (DF). “Queremos que todos possam conhecer a solução CityBus 2.0, vivenciar como usar o aplicativo e ouvir como foi a história do desenvolvimento dessa plataforma” diz Thiago Araújo, gerente de inteligência de mercado da HP Transportes Coletivos.
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