20 de novembro de 2024

A volta por cima da Comil

Comil

Nada mais icônico para retratar a crise da indústria nacional no setor de carrocerias para ônibus do que a Comil, de Erechim, no Rio Grande do Sul. Pouco mais de dois anos após inaugurar sua segunda fábrica de ônibus, que começou a operar em dezembro de 2013, com modernas instalações em Lorena, no interior paulista, a empresa viu-se obrigada a fechar as portas dessa nova planta industrial que absorveu investimentos da ordem de R$ 110 milhões e que estava preparada para fabricar dez veículos urbanos por turno de produção.

Os proprietários dessa empresa familiar, que haviam buscado o caminho da profissionalização da gestão, decidiram retomar as rédeas da administração do negócio e voltaram a encabeçar as tomadas de decisão. Retornaram ao modelo de negócios tradicional que tinha dado certo, enxugaram custos, reduziram o quadro de funcionários, deram atenção às exportações e, ao mesmo tempo, investiram na modernização dos produtos para manter a atratividade e a competitividade.

 

Hoje a Comil está preparada para continuar trabalhando neste país onde as coisas mudam rapidamente e, se o mercado melhorar, tem fábrica pronta para produzir até 15 unidades/dia de micros, urbanos e rodoviários”, afirma Fermino Kozak

 

“Fizemos adequações a essa nova realidade do Brasil, reduzimos a produção de 15 ônibus/dia para quatro a cinco ônibus por dia.  Saímos de dois mil funcionários para entre 700 e 800 funcionários. Voltamos aos primórdios da Comil, mas com o pé no chão, com produtos de muita qualidade, com um design super atualizado. Hoje a Comil está preparada para continuar trabalhando neste país onde as coisas mudam rapidamente e, se o mercado melhorar, a Comil tem fábrica pronta para produzir até 15 unidades/dia de micros, urbanos e rodoviários”, afirma Fermino Kozak, que há mais de 30 anos representa a Comil no Estado de São Paulo, com a SC Campione Representações.

Kozak é personagem conhecido no mundo dos ônibus porque tem 48 anos de histórias para contar desse setor, já que antes da Comil foi por 18 anos representante da antiga fabricante de carrocerias Incasel, adquirida em 1985 pelas famílias Corradi e Mascarello, que deram origem à Comil. “Vi muitas mudanças nesse mercado, mas hoje sinto um Brasil diferente e as indústrias precisam se adequar a essa nova realidade, reduzindo seus custos, sendo mais rápidas As empresas de ônibus estão fazendo grandes mudanças porque o faturamento não cresce e os custos continuam subindo. É preciso acompanhar esse novo mercado”, avalia o empresário.

Transpúblico

Ciente dessa necessidade de se manter competitiva, a Comil participou da feira de ônibus Transpúblico 2017, realizada na última semana, e exibiu sua carroceria com 15 metros de comprimento para chassis rodoviários, versão que foi autorizada recentemente no mercado nacional. “É uma novidade para o mercado interno, mas a Comil já fazia esse ônibus para os países vizinhos, tanto em ônibus convencionais quanto nas versões HD e DD. Agora o Brasil inteiro está comprando ônibus de 15 metros, empresas que até pouco tempo atrás não tinham intenção, estão mudando o conceito”, conta Kozak. Ele diz que o transporte rodoviário tem hoje passageiros com poder aquisitivo alto que querem um ônibus com bastante conforto. “As empresas sentiram que era necessário adequar a operação de suas linhas ao tipo de passageiro e estão aproveitando todas as inovações do produto, com redução de custos. São ônibus mais rentáveis para operações mais rentáveis”, afirma.

A carroceria Comil de 15 metros pode ser feita sobre os chassis Scania, Volvo e Mercedes-Benz e acomodar até 72 passageiros ou ser configurada com 49 confortáveis poltronas-leito. Além de um metro a mais de espaço interno para acomodar mais passageiros, ou aumentar o conforto das poltronas, o visual do ônibus chama a atenção por onde passa. “O impacto é maior, quando o ônibus chega numa cidade parece um Concorde. A empresa que chega com um ônibus de 15 metros está inovando na cidade e na região”, comenta o empresário. O custo de 10% a 15% mais caro que o ônibus de 14 metros pode ser recuperado com os ganhos operacionais, afirma Kozak.

Desde a homologação da nova carroceria, foram comercializadas cerca de 20 unidades Comil somente no mercado de São Paulo. “Antes quase não vendíamos esse perfil de ônibus no mercado de São Paulo, trabalhávamos com um ônibus intermediário. Com o lançamento do modelo Invictus e do DD e HD Invictus, o mercado acordou para a Comil e começou a ver diferente nossos produtos. O mercado mudou porque o operador vê que o vizinho está transportando mais passageiros por ônibus e se dá conta de que ter maior valor agregado em seu negócio faz diferença”, assinala.

A Comil exibiu na Transpúblico os modelos Campione Invictus DD (Double Decker) com 15 metros e o Campione Invictus DD de 14 metros, cedido pela Viação Sampaio, com uma pintura diferenciada.

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