Laercio Barbosa Primo*
O frete está entre os principais componentes do custo dos produtos em diversos segmentos no Brasil. O que poucos se atentam é que esses valores podem cair de maneira significativa por meio da seleção adequada do modelo de transporte. Essa dica é essencial para as empresas que trabalham em mercados extremamente competitivos. Entre as variáveis que impactam no custo, uma que deve ser considerada nessa análise é a possibilidade de substituição da frota própria por uma locada. A opção pela locação tem como vantagens o fato de que a renovação dos veículos não compromete investimentos, flexibiliza e permite uma melhor aderência do perfil da frota às necessidades comerciais da empresa e promove maior confiabilidade nas entregas.
O caso da Liquigás Distribuidora ilustra esse processo com clareza. Iniciada há dez anos, após a realização de diversos estudos sobre o canal de distribuição do pequeno granel da companhia, a troca da frota própria de caminhões por uma locada favoreceu diversos ganhos na gestão. Nossos indicadores de controle comprovam que a decisão foi acertada, dentre os quais podemos destacar o índice de disponibilidade da frota, que até dezembro de 2016 atingiu a marca de 92,7%. Em 2012, esse índice era de aproximadamente 88%.
A política de renovação da frota da Liquigás prevê que os caminhões responsáveis pela distribuição de GLP no pequeno granel devem ter no máximo cinco anos de uso. Hoje, a média dos aproximadamente 180 veículos que realizam essa distribuição é de cerca de 3,5 anos. Ressalto que, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a média nacional de idade dos veículos pertencentes a motoristas autônomos é de 18 anos e de 9,6 anos no caso das transportadoras. Essa política corrobora a atuação da Liquigás focada na qualidade e segurança em todos os seus processos.
No início do programa, o principal desafio era dispor de uma base de fornecedores confiáveis e quebrar paradigmas do mercado, uma vez que esse modelo não era adotado por nenhuma distribuidora de GLP. Diante das necessidades da Liquigás, a seleção dos fornecedores foi rigorosa, com contratos exigindo índices de disponibilidade dos caminhões de, no mínimo, 90%.
Como resultados o programa voltado à locação dos caminhões proporcionou uma redução de nove veículos em nossa frota e, consequentemente, a otimização dos custos. Além disso, o uso de softwares de simulação e modelagem de cenários possibilitou a eliminação de outros quatro Veículos Pequeno Granel (VPG´s).
Outra ação que merece destaque é a implantação dos sistemas de programação e otimização nas entregas do pequeno granel, que permitiu uma redução de aproximadamente 4% na quilometragem rodada pelos veículos voltados ao segmento. Ressalto que 80% da frota alocada nesse canal de venda já utilizam o Diesel S-10, combustível com teor de enxofre reduzido. Esses caminhões contam com a tecnologia de recirculação de gases de exaustão ou de redução catalítica seletiva, que diminuem em até 98% as emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) e em até 80% as emissões de material particulado, reforçando o compromisso da Liquigás com a Logística Verde.
Vale destacar que a identificação da melhor alternativa para a frota depende das condições específicas de cada empresa. É possível até mesmo que, para outra distribuidora de GLP, o formato não funcione tão bem. Mas o importante é ficar atento ao tema, particularmente diante da importância da parcela de transportes na composição dos custos da maioria das empresas brasileiras.
* Laercio Barbosa Primo é gerente geral de Logística e Suprimentos da Liquigás Distribuidora.
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