4 de outubro de 2024

Paris escolhe o lado dos pedestres na briga com motoristas

mobilidade de Paris

INTERNACIONAL – A cidade de Paris, depois de proibir as e-scooters compartilhadas de operarem na metrópole, apresentou seu plano de mobilidade urbana que, segundo Anne Hidalgo, prefeita da capital francesa, ajudará os pedestres a se sentirem mais seguros não com uma dura repressão à micromobilidade elétrica, mas com um plano de bom senso que inclui tirar mais espaço dos motoristas.

“Devemos proteger os pedestres primeiro”, disse Hidalgo, ao apresentar no final do junho, o novo “Código de Rua” que, segundo ela, foi construído com “prioridade absoluta para os pedestres”.

Paris “fará da calçada um santuário para os pedestres”, acrescentou. “Essa é a regra número 1.”

Apesar do resultado inusitado do referendo que levou a cidade a proibir as scooter – o referendo apontou que 80% dos votantes estavam a favor da proibição destes veículos de micromobilidade na cidade. O detalhe é que, dos 1,38 milhões de eleitores registrados do município, apenas 7,46% (pouco mais de 100 mil eleitores) participaram do referendo –, Hidalgo não pretende demonizar a micromobilidade, que é uma maneira muito melhor para os habitantes da cidade se locomoverem do que um carro, sugere o “código” de Hidalgo.

A regra número 1 tem como objetivo tornar a condução do carro muito mais difícil e menos atraente do que os modos mais sustentáveis.

Em um comunicado para a imprensa a prefeitura enfatiza que “diante da emergência climática, estamos adaptando Paris e mudando radicalmente a maneira como nos locomovemos. Os parisienses entenderam bem isso! Eles adotaram massivamente as ciclovias. Os resultados estão aí: em 10 anos, o tráfego de carros diminuiu 40% e a poluição 45%. Paris agora tem mais de mil e cem quilômetros de ciclovias, em comparação com os 200 km em 2001.”

Mas a mudança é difícil, reconheceu Hildago. O resultado das adoções “rápidas” da micromobilidade tem sido preocupações “legítimas” dos pedestres. Sua resposta a essa preocupação foi criar mais espaço para os pedestres e não para bicicletas.

“Estamos criando mais espaço para pedestres, incluindo ruas nas escolas”, disse o comunicado. “Nossa meta: 300 ruas para escolas até 2026.”

O “Código de Rua” de Hidalgo tem seis princípios, disse ela, mas dois são direcionados diretamente aos motoristas: O novo plano de mobilidade urbana de Paris continuará a “remover vagas de estacionamento nas faixas de pedestres” e “alargar ainda mais as calçadas, transformando vagas de estacionamento e calçadas”.

Além disso, haverá mais educação sobre segurança da bicicleta, especificamente para crianças, para incentivar o bom ciclismo, em vez de desencorajar o ciclismo. E haverá mais aplicação das leis existentes contra, por exemplo, andar na calçada.

Mas em nenhum lugar da proposta a prefeita pede repressão aos ciclistas. De fato, o documento diz especificamente que está respondendo ao clamor público por “melhor compartilhamento do espaço público entre os diferentes meios de transporte”.

Uma das maneiras de compartilhar melhor o espaço público, de acordo com Hidalgo, e a remoção de estacionamento: “Até 2026”, prometeu a prefeita, “70.000 vagas de estacionamento na superfície serão eliminadas”.