Com os recentes anúncios da Volvo Cars – que pretende eletrificar toda sua produção de automóveis a partir de 2019, marcando o final dos carros com motor de combustão interna – e da França, que deixará de vender veículos a gasolina e a diesel até 2040, percebe-se a preocupação de montadoras e governos em minimizar os impactos ambientais e tornar as cidades do futuro mais limpas. A Volvo Cars está focada em reduzir as emissões de carbono de seus produtos, bem como em suas operações, e prevê a fabricação com impacto neutro no clima até 2025. Já a França ambiciona não mais reduzir em 25% as emissões de dióxido de carbono até 2050, mas sim atingir a neutralidade dessas emissões no mesmo período.
Abaixo da linha do Equador, onde problemas de outra ordem entram nas pautas de prioridades, o novo plano de metas da prefeitura de São Paulo é mais modesto, porém não menos importante.
O plano define índices para diminuição de poluição para a frota da capital paulista, com corte de 15% na emissão de CO2, o equivalente a 156.649 toneladas a menos na atmosfera, além de reduções de 50% nas emissões de materiais particulados e de 40% de NOx até 2020.
Isso pode, como consequência, significar uma sensível evolução do transporte coletivo na capital paulista, com a adoção de tecnologias de propulsão mais limpas e sustentáveis, consequente redução de emissões e aumento de seu uso por parte da população.
De acordo com Iêda Maria Alves Oliveira, da Eletra, as novas metas vão incentivar os operadores a buscar veículos elétricos ou híbridos para atender aos índices menores de emissões, o que colaborará para o crescimento da frota com essas tecnologias. “A proposta é muito boa, porém os critérios de medição que vão indicar o cumprimento das metas, precisam ser transparentes e considerar ações efetivas, que só serão alcançadas de fato pela introdução dos ônibus com tecnologias de baixa emissão”, analisa Iêda.
O novo plano da Prefeitura de São Paulo propõe a aquisição de quatro mil novos ônibus e que toda a frota, com cerca de 14 mil unidades, seja composta por veículos acessíveis e com a oferta de 50 mil lugares a mais no período de pico da manhã. Também exigirá que pelo menos seis mil unidades sejam equipadas com sistema de ar-condicionado, tomadas USB e wi-fi.
Está prevista ainda a criação de dois novos terminais de ônibus, ambos na Zona Leste, no Itaim Paulista e em Itaquera, e 72 quilômetros de novos corredores localizados nas regiões das prefeituras regionais de Aricanduva, Butantã, Campo Limpo, Cidade Tiradentes, Guaianases, Ipiranga, Itaim Paulista, Itaquera, M Boi Mirim, São Mateus e Vila Prudente.
Benefícios para a sociedade e o meio-ambiente
Segundo Iêda Alves Oliveira, os benefícios e vantagens da mobilidade elétrica e híbrida para o meio-ambiente e preservação ambiental poderão ser sentidos prontamente com a utilização de tecnologias que não somente proporcionam benefícios imediatos na redução de emissões e poluição, mas também colaboram diretamente na mobilidade urbana. “Não podemos separar redução da poluição ambiental e mobilidade urbana. Além da adoção imediata de tecnologias sustentáveis e não-poluentes nos veículos, precisamos dar prioridade para o transporte coletivo e assim reduzir os congestionamentos e melhorar o trânsito urbano”, destaca.
Em operação no Corredor ABD de São Paulo, o Dual Bus, da Metra, é um veículo que se encaixa nesse conceito de tornar as cidades do futuro mais limpas. Com seu sistema padronizado de tração elétrica, que pode ser alimentado por várias fontes de energia e circular em duas configurações diferentes: híbrido ou trólebus e híbrido ou elétrico puro, sua operação pode chegar a zero de emissões quando da operação com o motor-gerador desligado.
“O Dual Bus não é apenas um híbrido ou um elétrico puro, oferece as duas tecnologias no mesmo veículo”, revela Iêda.
O Dual Bus é tracionado apenas pelo motor elétrico e a energia para mover esse motor pode vir do banco de baterias, de um motor gerador ou da rede elétrica aérea (Trólebus). O consumo de combustível na versão híbrida tem redução de 28%. E como elétrico puro ou trólebus, além de emissão zero, consome 33% menos energia, pela eficiência na frenagem regenerativa.
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