Será entregue, ainda este mês, o primeiro dos 60 novos ônibus elétricos que vão começar a circular na cidade de São Paulo já neste ano. Os veículos foram encomendados à fabricante chinesa BYD e estão sendo produzidos na fábrica que a montadora construiu em Campinas, no interior de São Paulo. A compra foi feita diretamente pela Ambiental, operadora do transporte público da capital paulista e os novos veículos deverão circular em linhas que vão da zona Leste para o centro da cidade.
A BYD está em negociações finais sobre prazos de entrega e layouts internos com a fabricante de carrocerias Caio Induscar, de Botucatu (SP), para finalização do primeiro lote de 60 unidades que, além do primeiro veículo programado para agosto, serão entregues entre outubro e dezembro deste ano.
De acordo com Adalberto Maluf, diretor de marketing, sustentabilidade e novos negócios da BYD no Brasil, a maior parte dos componentes dos ônibus elétricos fabricados em Campinas já vem de fornecedores nacionais, principalmente de fabricantes instalados nos estados de São Paulo e Paraná. “Os ônibus serão 100% montados do Brasil com poucas importações, somente de componentes do sistema de tração elétrico que ainda não têm volume necessário para a fabricação local. Até 2020, os chassis da BYD terão cerca de 75% de conteúdo local”, afirma Maluf.
Foi escolhido o modelo de chassi D9W, da BYD, com carroceria Caio Millennium IV. Segundo Maluf, um chassi elétrico custa cerca de 10% a mais do que um similar a diesel, piso baixo, e para a bateria é feito um leasing operacional (ou aluguel) que, pelos seus cálculos, pode ser pago com a economia de combustível que será alcançada com o uso do veículo elétrico.
Esta é a primeira venda da BYD para São Paulo – a cidade tem dois veículos circulando em fase de testes –, mas a montadora já tem 12 unidades em operação em Campinas, cidade paulista que foi pioneira na implantação dos veículos chineses. Outras duas cidades do Estado de São Paulo também receberão ônibus elétricos ainda em 2017, informa o executivo. “Nossa expectativa é fechar 2017 com cerca de 100 ônibus em operação”, prevê Maluf.
Ganhos ambientais
Segundo pesquisas recentes, cerca de 25 a 35% da emissão total de poluentes nas cidades brasileiras são provenientes dos ônibus. O ônibus elétrico reduz 100% da emissão de poluentes locais e 86% a emissão de CO2, considerando o ciclo de vida total do carro, desde a geração de energia, o consumo e a disposição final do veículo (GHG Protocol). “Em dez anos de operação, cada ônibus reduz a emissão de 9,47 toneladas de Nox, 1,8 toneladas de CO, além de 0,2 toneladas de HC e 0,17 MP. Além disso, os ônibus elétricos reduzem a emissão de ruídos, o que melhora a qualidade de vida e reduz doenças psíquicas na cidade”, diz Maluf.
Para o operador, no caso a Ambiental, a estimativa é de que o ônibus elétrico reduza em até 60% o custo com combustível e diminuía em 50% o custo de manutenção em comparação aos veículos a diesel.
Na avaliação de Adalberto Maluf, a experiência da BYD em São Paulo tem sido até agora “extremamente positiva”. “Os relatórios técnicos da BYD demonstram ganhos extremamente positivos dos elétricos em relação aos diesel. A SPTrans concluiu que o ônibus elétrico consome 50% a menos de energia do que o trólebus e cerca de 65% em relação ao diesel padrão na cidade. Em dez anos de operação, as estimativas são de que o ônibus elétrico custe cerca de 15 a 20% a menos para o operador”, comenta o executivo.
Ecofrota
A incorporação desses 60 ônibus elétricos à frota paulistana seria um passo positivo em direção ao abandonado programa de substituição dos 14,7 mil ônibus a diesel da cidade de São Paulo, que criaria uma Ecofrota. Criada em 2009, a Lei de Mudanças Climáticas deveria ter sido gradativamente implantada até 2018, com a troca anual de 10% dos veículos a diesel por modelos movidos a combustíveis não fósseis, mas já há consenso de que ela não conseguirá ser cumprida no prazo determinado e já há projetos a serem votados na Câmara para alterar essa Lei. Além disso, a nova licitação para operação do transporte público de São Paulo também vai estipular novas regras para redução na emissão de poluentes na frota de ônibus urbanos.
Atualmente, porém, menos de 2% da frota está dentro da Lei, com cerca de 200 trólebus, dez ônibus a etanol e dois elétricos. O anúncio da aquisição dos novos elétricos a bateria foi feito no mês passado pelo prefeito de São Paulo, João Doria, e pelo secretário Municipal de Transportes e Mobilidade, Sérgio Avelleda, durante visita oficial à China, quando também visitaram a fábrica da BYD. A prefeitura de São Paulo tem um plano com metas para reduzir em 15% a emissão de CO2 no município.
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