17 de setembro de 2024

Museu da Imprensa Automotiva resgata memória do setor

Museu da Imprensa Automotiva (Miau)

A imprensa que cobre o setor automotivo acaba de ganhar um espaço dedicado ao assunto no bairro da Vila Romana, junto à Lapa, na zona oeste da cidade de São Paulo. O Museu da Imprensa Automotiva (Miau) será inaugurado oficialmente nesta quarta-feira, dia 25, mas as portas já estão abertas para quem quiser visitar o acervo.

O museu reúne mais de 10 mil peças que vão desde antigos press releases e press kits, até fitas cassete e VHS recheadas de informações sobre as montadoras e seus lançamentos ao longo dos anos, além de fotos, coleções de revistas nacionais e importadas e centenas de pequenos objetos angariados por jornalistas. Cerca de 75% de tudo o que está exposto no local é fruto de doações.

A peça mais antiga é uma revista chamada “Vida Na GM Brasil”, o exemplar nº 01 é de 1949. Outra raridade é um press kit do Galaxy, da Ford, de 1969. Dos anos 1990 em diante há registro de quase tudo, com a catalogação de todos os releases das montadoras que chegaram ao país nos anos 1990, quando a economia nacional abriu as importações e permitiu a entrada de novas marcas no até então reservado mercado de automóveis.

Em uma das salas do piso inferior há uma exposição especial dedicada ao Opala, da Chevrolet, com fotos, matérias, propagandas e um exemplar de um Comodoro no qual o visitante pode entrar e acomodar-se como motorista ou passageiro do veículo para assistir a um documentário que mostra desde o lançamento do Chevrolet Opala até o encerramento de sua fabricação. Algumas vitrines mostram manuais originais de diferentes modelos de antigos automóveis, como o Gordini, o Corcel, a Brasília e o Aero Willys. No piso superior há coleções de revistas e livros que podem ser usados para consulta, fotos de entrevistas coletivas que mostram veteranos do setor, crachás, máquinas de escrever e fotográficas e um canto interativo com fitas de vídeo cassete. Ali foi montado também um pequeno café com bebidas diversas, salgados, doces e bolos.

Tudo foi idealizado pelo jornalista Marcos Rozen que já mantinha um acervo digital desde 2013 e decidiu partir desses arquivos para a criação do Miau, um trabalho de montagem que demandou cerca de um ano e meio. O mais complicado, segundo Rozen, foi o processo de documentação, dificultado por uma enorme burocracia. “Eu não fazia ideia, achava que seria uma coisa simples, mas não se pode abrir um museu do nada, é preciso ter um órgão ou um instituto que responda por esse museu. Então fundei o Instituto Memória da Imprensa Automotiva para depois colocar o museu sob esse chapéu”, explica.

Ele afirma que não há nada parecido no Brasil ou no mundo. “Existem alguns museus de automóveis com acervo de imprensa e existem museus de imprensa com acervo sobre automóveis, mas não encontrei nada em minhas pesquisas sobre um museu específico de imprensa especializada no setor automotivo”, relata.

Todo esse inventário tem a intenção primordial de ser útil. O primeiro objetivo é auxiliar jornalistas automotivos em pesquisas, pautas e no aprimoramento do próprio trabalho, tanto para quem já tem uma pauta e precisa de mais informações para finalizá-la quanto para despertar ideias de novas pautas. Rozen acredita que o museu vai ajudar também o jornalista automotivo a ter um conhecimento maior sobre a sua profissão. “Por exemplo, como você sabia que a primeira revista da imprensa automotiva (a Revista de Automóveis) é de 1911? Nem eu sabia, na verdade. O jornalista automotivo não tem conhecimento de toda a bagagem que o segmento carrega. Tem muita gente nova chegando com a internet e é bom conhecer um pouco da história para não repetir erros. Estudantes de jornalismo também poderão conhecer mais sobre a profissão; além disso existe um pouco de distorção, as pessoas acham que jornalistas da imprensa automotiva levam um vidão, só dirigindo carrões, fazendo viagens, mas a gente sabe que não é bem isso e quem está entrando agora precisa saber como é”, assinala.

Outra função que o Miau poderá prestar é ajudar pessoas que queiram restaurar carros antigos e precisem de informações sobre como eram os detalhes originais do veículo como, por exemplo, o estofamento. “Pegamos o material da época, revistas, fotos, matérias e podemos levantar as informações para ele reproduzir os detalhes”, diz.

O primeiro patrocinador oficial do Miau é a Audi. O Miau segue recebendo doações; ainda esta semana entra no ar seu site www.miaumuseu.com.br com todas as informações sobre localização, horários etc. Está programado para abrir de quarta a sábado das 11 às 19hs e aos domingos das 11 às 17hs. Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 meia entrada.

 

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