O mercado logístico nacional busca, constantemente, soluções para superar as adversidades impostas por gargalos na infraestrutura do país, responsáveis por entraves no setor, como os altos custos logísticos. Entre as alternativas para minimizar o efeito desses obstáculos na cadeia logística uma se destaca, a multimodalidade, apontada por especialistas e players de diferentes segmentos como fator essencial para ganhar agilidade e eficiência no transporte de cargas dentro e fora do país.
“Por meio de um planejamento mais eficiente é possível obter a redução de custos da cadeia de transportes, eficiência ambiental e segurança para as cargas. A solução é a intermodalidade”, afirma o diretor comercial da Log-In Logística, empresa especializada no transporte de cargas via cabotagem, Márcio Arany.
Guilherme Alvisi, gerente-geral de negócios dedicados a cargas gerais da MRS Logística, uma das principais transportadoras ferroviárias do país, tem opinião semelhante. Para ele, a integração entre todos os modais é essencial. “A multimodalidade é fundamental para o crescimento do transporte de cargas gerais. Sem ela essa movimentação não existiria, porque a ferrovia, na maioria das vezes, não chega na porta do cliente. Para os transportes de contêineres, por exemplo, sempre é necessário ter uma participação rodoviária. Além disso, toda movimentação desse tipo necessita de um terminal multimodal”, diz.
Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), também acredita que essa é a melhor opção para a diminuição dos custos logísticos. “Com a intermodalidade é possível dar mais eficácia aos processos e reduzir custos. A tendência é que se invista cada vez mais nisso daqui para frente”, destaca o executivo.
“Temos diversos casos de transporte multimodal, como as cargas provenientes de Goiás, movimentadas de São Simão (GO) até Pederneiras (SP) via fluvial, onde são colocadas em trens da MRS e levadas até o Porto de Santos. Existem também ações com o modal rodoviário, como as cargas originárias do Mato Grosso, que são levadas por caminhões até Rondonópolis (MT) e de lá seguem via ferroviária, pelos trens da Rumo Logística, até o porto da baixada santista”, ressalta Abate.
O presidente da Abifer menciona também exemplos de multimodalidade da VLI Logística, outra importante companhia ferroviária do país. “No caso da VLI, ela tem feito terminais integrados de captura de cargas, em que os produtos são levados até as malhas ferroviárias em que atua por caminhões vindos de diferentes regiões do país, como Araguari, Uberaba e Uberlândia (MG), sendo desencadeados nos trens da influência com a FCA (Ferrovia Centro-Atlântica) e de cidades como Palmeirante e Porto Nacional (TO), descarregados nos vagões da influência com a Ferrovia Norte-Sul”, complementa.
Abate analisa ainda que se, futuramente, também houver uma ligação ferroviária completa no Centro-Oeste, com destino ao Porto de Santos ou ao Porto de Itaqui, em São Luís, agilizará o transporte de cargas vindos daquela região, dará mais eficiência, reduzirá os custos e melhorará a intermodalidade local. “O transporte rodoviário não será substituído, mas com a integração dos modais os produtos percorrerão distâncias menores. Por exemplo, da forma atual os caminhões precisam transitar mais de 2 mil km por rodovias, já com as ferrovias eles seguiriam de 100 até 250 km apenas, o restante seria levado pela malha ferroviária, barateando o custo total”, conclui.
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