A Mercedes-Benz do Brasil está aumentando suas exportações de caminhões fabricados na unidade de São Bernardo do Campo (SP) para o Oriente Médio e a África. As vendas dos modelos Atego e Accelo para esses mercados devem somar este ano 350 unidades, quase 40% acima do que foi exportado em 2017. Cerca de 250 desses veículos já foram entregues até julho e outros 100 partirão até o final do ano.
O caminho para entrar nesses novos mercados foi a inserção do Atego e do Accelo como complementação do portfólio global da Daimler Trucks, um segmento que a matriz alemã não produz. A montadora usa a estrutura da Daimler já existente, composta basicamente de dois escritórios que atendem a essas duas regiões. Nesses escritórios, mantém pessoal próprio da área de peças e serviços para deixar os clientes mais tranquilos sobre a disponibilidade de assistência técnica.
Segundo Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas, marketing, peças e serviços para caminhões e ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, o que leva os clientes desses países a comprarem o produto brasileiro é, principalmente, a robustez, o suporte de atendimento e assistência técnica e a confiabilidade marca. Para cumprir as expectativas, a divisão do Brasil dá treinamento aos técnicos das concessionárias daquelas regiões, disponibiliza um pacote de ferramentas e, principalmente, cria o fluxo de peças necessário para garantir a disponibilidade das mesmas para os caminhões que entrarem em manutenção.
“Vemos muito potencial para esses dois modelos nesses dois países porque as condições de uso e de infraestrutura são muito parecidas com o que temos aqui no Brasil”, diz o executivo.
Para atender às especificidades daqueles mercados e normais legais, foram necessárias algumas customizações dos modelos, feitas no Centro de Customização para Clientes (Custom Tailored Trucks – CTT). Entre as alterações, estão a aplicação de pneus largos super single 365/85 no Atego 1725 4×4, para dar mais eficiência às operações fora de estrada no deserto; adoção do escapamento vertical, painel de instrumentos com idioma árabe, iluminação externa de emergência no teto da cabine, entre-eixos mais curtos e dispositivo de proteção frontal. Além disso, a fábrica de São Bernardo do Campo tem condições para produzir caminhões com a motorização Euro 3, usada na África.
Alguns veículos partem já com implementos para o uso final, como tanque para o transporte de água, plataforma de socorro, compactador de lixo ou configurados para o transporte de tropas militares.
Estratégia logística
Segundo Leoncini, os preços praticados para esses caminhões nos dois mercados não diferem muito dos valores de comercialização daqui, acrescidos os custos logísticos e de impostos. Para diminuir os custos com o transporte e agilizar o tempo das entregas, a equipe de logística da Mercedes-Benz do Brasil desenvolveu uma estratégia diferenciada, que reduziu em até 50% os custos de logística para o envio dos veículos àquelas regiões. “Os caminhões semipesados Atego estão sendo embarcados no sistema de Flat Rack Containers, solução que gera uma economia de 16% a 20% no frete em relação à alternativa de Navio Ro-Ro (Roll-on e Roll-off), em que os veículos entram e saem do navio rodando por seus próprios meios”, explica Leoncini. “Já o Accelo, de dimensões compactas, é transportado em contêineres convencionais, com economia de 50% sobre o Navio Ro-Ro”, compara.
Além da economia no frete, a estratégia resulta em uma redução de cerca de 25% no tempo de trânsito dos caminhões em comparação ao transporte pelo navio tipo Ro-Ro. Leoncini ressalta que não há disponibilidade tão grande de navios Ro-Ro no porto de Santos, seria preciso respeitar uma certa frequência, mas com a mudança para o transporte em contêineres, é possível embarcar os caminhões em qualquer cargueiro de contêiner, o que resulta em maior agilidade.
As primeiras vendas para esses mercados foram feitas no final de 2015. Desde então, foram exportadas para lá cerca de 1.000 unidades. O Atego representa 84% do volume exportado e o Accelo 16%.
O objetivo da montadora, diz Leoncini, é manter um percentual de 40% da produção em exportações. A Mercedes-Benz do Brasil exporta caminhões e ônibus para cerca de 50 países. Além dos mercados da África e Oriente Médio, a empresa vende para América Latina, Ásia e Oceania. “Nossas exportações totais de caminhões tiveram um crescimento superior a 120% nos últimos quatro anos, saltando de mais de 3.600 unidades, em 2014, para cerca de 8.000 unidades, em 2017”, relata Leoncini. “No acumulado de janeiro a julho deste ano, já exportamos mais de 4.600 caminhões, o que nos garante o mesmo patamar de vendas do ano passado. Para se ter uma ideia, a representação das exportações na produção de caminhões da empresa saltou de 10%, em 2014, para 40% atualmente”, informa.
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