Depois de cinco anos de quedas sucessivas no mercado nacional de caminhões, Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America, afirma que o pessimismo e o desânimo são coisas do passado. Com indicadores positivos, como inflação sob controle, risco país em queda e a economia se decolando da política, ele acredita que a indústria vive agora um tempo de crescimento.
“Continuamos acreditando e investindo no Brasil”, ressalta o executivo destacando que o país é prioritário para o grupo Volkswagen/MAN. Mas há um longo caminho pela frente. Apesar do ânimo, os números de produção e vendas ainda estão muito abaixo do melhor ano da indústria de veículos comerciais que foi 2011, quando foram comercializadas 172 mil unidades.
“Achávamos que 2017 tinha tudo para ser o ano da recuperação e para nossa surpresa começamos o ano ainda experimentando queda em relação ao ano passado. Mas a partir de maio e junho começamos a observar uma alteração. Agora estamos vivendo um tempo de crescimento”, comenta o executivo.
A empresa está colhendo os frutos de um programa quinquenal de investimentos de R$ 1 bilhão, encerrado em meados deste ano, que incluiu o lançamento da nova linha Delivery, de caminhões leves de 3,5 a 13 toneladas, que tem impulsionado as vendas da montadora neste segundo semestre. A empresa já anunciou um novo ciclo de investimentos 50% superior ao que se encerrou, na faixa de R$ 1,5 bilhão a serem aplicados entre 2017 e 2021 em produtos e em novas em unidades fabris.
Internacionalização
Entre essas novas unidades já foi anunciada a abertura de uma fábrica na Nigéria, na África, em abril, para a qual já estão a caminho os primeiros kits da linha Worker, em forma de CKD (Complete Knock-Down). A meta é atingir produção de mil unidades só nessa fábrica.
Segundo Cortes, a empresa desenvolveu estudos sobre diferentes mercados potenciais para tentar entender as especificidades e necessidades de cada país onde a empresa atua. Até agora, o que a MAN fazia era desenvolver produtos específicos para o mercado brasileiro e depois generalizá-los para países emergentes. O estudo mostrou que com pequenas alterações de produtos seria possível satisfazer os clientes desses mercados e ganhar volume.
No ano passado, a MAN exportou cerca de 6 mil veículos e com seu plano de internacionalização planeja chegar a um resultado entre 18 e 20 mil unidades exportadas. As exportações têm participação de 10 a 12% nas vendas da montadora e o objetivo é elevar esse percentual para 30 a 35%. “É um plano bastante ousado”, reconhece Cortes, mas este ano as exportações já deverão atingir 9 mil unidades.
Ele ressalta que além de desenvolver novos produtos, parte do investimento de R$ 1,5 bilhão será aplicada no lançamento de fábricas adaptadas às necessidades de cada mercado, de acordo com o nível de disponibilidade de fornecedores locais. “Não descarto nenhum lugar, estamos analisando todos os países em que atuamos, se é melhor ter uma fábrica ou exportar do Brasil”, diz.
A Argentina é o principal destino dos caminhões e ônibus Volkswagen produzidos na fábrica em Resende. Os embarques programados até o final do ano totalizarão 3.900 unidades – o maior volume ao país de todos os tempos, num crescimento de 60% apenas em 2017. O caminhão Constellation 17.280 é o modelo mais vendido daquele mercado, com 2 mil unidades enviadas até final do ano.
Mercado local
Com a expectativa para 2018 de um aumento de 30 a 40% nas exportações e de 10% nas vendas ao mercado interno, o presidente da MAN estima um crescimento superior a 20% na produção da fábrica de Resende (RJ).
“Estamos preparados para 2018, com base de produtos e de rede de concessionários bastante boa, mesmo depois de passarmos por momentos delicados da economia. Cuidamos bem dos nossos fornecedores, não tivemos nenhum fornecedor ou revendedor quebrando, e agora que a situação começa a melhorar isso nos ajuda muito”, comenta Cortes.
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