A maioria das empresas de fretamento associadas ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo (Sinfret) tem combustível para atender aos seus clientes até esta terça-feira, dia 29. A informação foi dada por Cláudio José de Andrade, presidente da entidade. De acordo com ele, as empresas que conseguiram abastecer a frota na última segunda-feira, preveem ter combustível até sexta-feira. “Para economizar o pouco combustível que resta nas empresas de fretamento, muitas estão tentando monitorar os pontos de paralisação, evitando, ao máximo, que o transporte passe por eles e que ocorra qualquer tipo de risco. Mesmo considerando que a paralisação é extremamente justa, a situação vai impactar milhares de trabalhadores que usam o transporte por fretamento para se locomover até o local de trabalho”, concluiu.
Andrade destacou que algumas empresas que são clientes com contrato de fretamento paralisaram suas atividades e, consequentemente, suspenderam esse serviço de transporte.
Transporte público
A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) tem a expectativa de que a situação do abastecimento do combustível se normalize o mais rápido possível, mas entende que será necessário empenho das autoridades nos estados e municípios para priorizar o transporte público e assegurar a prestação desse serviço de natureza essencial à população.
“O transporte público segue operando com frota reduzida, isso está sacrificando toda a sociedade. Nosso desejo é que o abastecimento se normalize o mais rápido possível. A greve já cumpriu seus objetivos e o país merece voltar à normalidade; apelamos aos caminhoneiros autônomos por essa compreensão”, afirmou o presidente-executivo da associação, Otávio Cunha.
A entidade destacou que, assim como os caminhoneiros, o setor de transporte público por ônibus urbano também vinha sofrendo com a política de preços da Petrobras e considera um avanço a redução no preço do diesel na refinaria, de R$ 0,46 por 60 dias, que neutraliza os reajustes no preço desse combustível nos últimos meses, bem como a periodicidade maior para as correções de preços, que passam a ser mensais, “permitindo um mínimo de previsibilidade para as empresas operarem.”
Cunha ressaltou que o preço do diesel sempre esteve acima do preço da gasolina. “Nosso levantamento recente mostra que de 1999 a 2018 o diesel aumentou 193,07% a mais que a gasolina e 248,8% acima do IPCA (inflação). Isso é incompreensível no país em que a economia está voltada para o transporte rodoviário de cargas e passageiros”, disse.
São Paulo
O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) informou ontem (28/05) que as garagens continuam recebendo óleo diesel, por meio de ações especiais de segurança, para garantir o abastecimento dos ônibus.
As empresas operaram nos horários de pico (manhã e tarde) com 70% da frota programada, com oscilação do número de ônibus em operação no entrepico. “No entanto, com a diminuição do volume de tráfego, menos veículos particulares em circulação, as viagens estão mais rápidas, possibilitando melhor atendimento aos passageiros”, afirmou a entidade, em comunicado oficial.
“As concessionárias continuam fazendo todos os esforços para que os serviços de transporte coletivo transcorram com normalidade, garantindo que os volumes de óleo diesel recebidos são suficientes para a operação dos ônibus, ainda que com frota reduzida, até a próxima quarta-feira, dia 30, quando, esperam, estará regularizado o abastecimento das garagens”, completou a nota.
Transporte intermunicipal
Nesta segunda-feira (28/05), na Região Metropolitana de São Paulo a frota em operação no pico da tarde das concessionárias e permissionárias ficou em torno de 76%, segundo dados da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU/SP). Pela manhã, 69% da frota circulou nessa área em que operam normalmente cerca de 4.500 ônibus das 550 linhas que transportam em média 1,7 milhão de passageiros por dia.
Na Região Metropolitana da Baixada Santista, 80% da frota operou à tarde, mas apenas 60% dos ônibus circularam no pico da manhã. Nessa área operam por dia 500 ônibus em 67 linhas que transportam 200 mil passageiros por dia.
Na Região Metropolitana de Campinas, saíram às ruas 67% dos 500 ônibus que atendem a 150 linhas e transportam 150 mil passageiros por dia. De manhã, 74% da frota estava rodando.
Na Região Metropolitana do Vale do Paraíba/Litoral Norte as permissionárias operaram desde a manhã com 94% da frota dessa área em que circulam diariamente 350 ônibus distribuídos em 80 linhas que transportam cerca de 75 mil usuários.
Na Região Metropolitana de Sorocaba 79% da frota operou no pico da tarde. Pela manhã, estavam em circulação 86% dos 170 ônibus da região que estão distribuídos em 80 linhas e transportam diariamente 50 mil usuários.
Em nota, a EMTU/SP disse que continua acompanhando a situação nas garagens e orientou as empresas operadoras a priorizar a operação nos horários de pico e nas linhas onde há maior número de passageiros transportados.
Marcopolo suspende atividades
A fabricante de carrocerias para ônibus Marcopolo informou que suspenderá as atividades em suas unidades fabris do país de 28 de maio a 1º de junho. A paralisação da produção na próxima semana foi aprovada após votação dos colaboradores realizada na quinta-feira, 24 de maio. “A medida fez-se necessária em virtude do desabastecimento de suas linhas de produção em decorrência da paralisação dos caminhoneiros em todo o território nacional. Para cumprir o compromisso de entregas aos clientes haverá compensação das horas conforme alinhamento realizado com o Sindicato dos Metalúrgicos. A empresa seguirá acompanhando a evolução do tema e caso haja possibilidade de retorno antecipado os colaboradores serão informados”, informou a empresa, em nota oficial à imprensa.
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