18 de abril de 2024

Curitiba terá ônibus a gás natural e biometano da Scania

ônibus Scania a gás natural

Em aproximadamente dois meses, a cidade de Curitiba (PR) vai iniciar testes com o primeiro ônibus Scania a gás natural veicular (GNV) e biometano desenvolvido especialmente para o sistema curitibano, de acordo com as especificidades técnicas exigidas pela gestora do transporte público local, a Urbs-Urbanização de Curitiba. A inciativa é da Viação Cidade Sorriso, uma das dez empresas que operam transporte urbano de passageiros do município e responsável por transportar cerca de 10% dos passageiros de todo o sistema urbano curitibano, que hoje movimenta quase 1,4 milhão de pessoas por dia útil.

Silvio Munhoz fala sobre os testes de ônibus movidos a GNV e biometano em Curitiba

O novo ônibus, que já está sendo encarroçado pela Caio Induscar, será, na verdade, a segunda experiência da Cidade Sorriso com veículos a gás, já que nos próximos dias entrará em operação nas linhas da empresa outro ônibus a gás natural e biometano também para testes, porém com configuração ainda não adequada ao sistema da Urbs. Esse protótipo não tem a configuração do sistema local e não poderá permanecer em circulação, será deslocado para outra região assim que o novo ônibus a gás chegar para fazer todas as avaliações. 

“As empresas e a autoridade local terão condições de levantar dados de performance e de contaminação para apurar os resultados”, diz Silvio Munhoz, diretor comercial da Scania no Brasil. De acordo com seus cálculos, o ônibus abastecido com biometano emite 85% menos gases que um veículo similar a diesel. Se abastecido com gás natural, o nível de emissões é 70% menor, além de diminuir a poluição sonora e reduzir em torno de 28% o custo operacional por quilômetro rodado.

Maurício Gulin, presidente da Viação Cidade Sorriso, realizou, recentemente, uma viagem por várias cidades do mundo para conhecer alternativas ao transporte convencional de passageiros com ônibus movidos a diesel e chegou à conclusão de que o ônibus gás natural ou biometano é uma das opções mais viáveis para a realidade brasileira. “A Scania, ou quem quer que for, pode contar comigo para buscar novas tecnologias e desenvolvê-las conjuntamente”, declara Gulin. Ele diz ter certeza de que se Curitiba inovar nesse sentido as mais de 200 cidades do mundo todo que copiaram a iniciativa do BRT (Bus Rapid Transit) seguirão também esse novo exemplo.

O veículo vai ser abastecido com gás natural fornecido pela Companhia Paranaense de Gás (Compagas) e com biometano gerado pela empresa de reciclagem de lixo da Região Metropolitana de Curitiba. A questão do abastecimento é uma dificuldade a ser resolvida caso as empresas operadoras expandam a ideia já que a atual rede de postos de combustível não é suficientemente adequada para o abastecimento de unidades de grande volume.

Munhoz assinala que com a introdução do combustível alternativo, Curitiba vai se nivelar a outras grandes cidades do mundo que traçaram esse caminho, como Bogotá, na Colômbia, que, recentemente, renovou sua frota do sistema de BRT, o Transmilênio, com 100% de ônibus a gás natural. Só a Scania vai entregar um total de 562 ônibus a gás para o Transmilênio. “Com o evento da Colômbia, a fábrica da Scania no Brasil foi homologada para fazer veículos a gás. Alguns investimentos adicionais ainda devem ser feitos até o final deste ano e no próximo ano estaremos prontos para produzir unidades a gás para qualquer mercado. Para o Brasil, a homologação do veículo deve ficar pronta até o final deste ano nas três versões: 4×2 de 15 m, articulado de 18 m e biarticulado”, afirma Munhoz. 

O executivo da Scania pondera que, apesar do valor inicial do ônibus a gás ser de 35% a 50% superior ao de um veículo a diesel, a solução é economicamente viável porque tem menor custo operacional e beneficia toda a população com menos emissões e ruído. “A doença que mais causa prejuízo à saúde pública é a contaminação com material particulado nas grandes cidades. Então, usar uma solução alternativa é importante porque reduz a despesa com saúde pública no mudo inteiro”, defende Munhoz.

Ele afirmou ainda que a adoção do ônibus a gás em Curitiba só se concretizou porque houve vontade não só das autoridades e dos políticos, mas, principalmente, dos empresários, o que, segundo ele, não aconteceu em São Paulo. “Fizemos várias demonstrações para diferentes empresários de São Paulo, comprovando os resultados que informávamos, mas não houve interesse por parte deles em evoluir em soluções alternativas, eles ainda estão muito presos ao diesel tradicional e não veem os benefícios na adoção de soluções alternativas”, declara Munhoz.

O modelo do chassi do ônibus a gás (GNV ou biometano) que vai circular em Curitiba é o K 280 4×2, que pode receber carrocerias de 12,5 a 13,2 metros de comprimento. Além desse modelo, a Scania tem em linha dois outros modelos: o K 280 6×2 (15 m) e o articulado a gás K 320 6×2/2 (18,6 m). A instalação dos cilindros de gás é feita nos espaços disponíveis entre as longarinas do chassi, para os modelos de piso normal, ou sobre o teto, nos ônibus de piso baixo. A autonomia do veículo, equipado com seis cilindros de gás, está estimada em 300 km e, segundo Munhoz, é possível avaliar a colocação de mais cilindros para aumentar a autonomia.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*