Após receber autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) – oficialmente publicada no dia 25 de janeiro – para atuar com transporte aéreo regular de passageiros em todo o país (Operação Complementar), a empresa de táxi aéreo Two Flex optou pela aquisição de um simulador de voo para dar treinamento a seus 64 profissionais, entre comandantes e copilotos, além de outros 20 colaboradores que a companhia planeja contratar.
O equipamento foi adquirido da fabricante americana Redbird, do Texas, possui a certificação concedida pela FAA (Federal Aviation Administration) e é o primeiro no setor de táxi aéreo e aviação regional do país, com modelo específico para a aeronave turboélice Cessna Caravan, o mesmo das 18 aeronaves que compõem a frota da companhia (Cessna Gran Caravan C208B, com capacidade para até nove passageiros). No mundo, há aproximadamente nove desses simuladores em operação. A Two Flex instalou o equipamento em sua base no aeroporto de Jundiaí (SP).
Segundo Rui Aquino, presidente da Two Flex, até a classificação de operação da empresa não existe obrigatoriedade de dar treinamento à tripulação com um simulador, mas foi uma decisão espontânea dos acionistas de investir na melhoria da segurança diante do maior número de voos que a empresa passa a fazer. “Nossos pilotos serão diferenciados”, assinala. O equipamento, que demandou investimento de cerca de R$ 1 milhão, permite replicar a operação de voo em sua totalidade, simulando diversas condições, ocorrências e imprevistos que podem ser registrados em um voo real.
Atualmente, a companhia opera em 18 municípios, o que representa perto de 10% das cerca de 150 a 200 cidades com potencial de atendimento para esse tamanho de avião. “Pretendemos atender de 50 a 60% delas”, prevê o executivo.
A Two Flex recebeu contrato de concessão por dez anos para operar transporte de passageiros e de carga em qualquer localidade do país, sem restrição.
Ele menciona que o sucesso do novo âmbito de atuação da empresa passa pela concretização de contratos de operação complementar com grandes companhias aéreas que permitirão à Two Flex operar como alimentadora (feeder), fazendo o trecho entre aeroportos menores até os grandes aeroportos. “As grandes companhias têm um poder de venda que eu não tenho, nosso sucesso passa por essa parceria. Já estamos em tratativas e estou esperando as empresas se manifestarem” declara Aquino.
Há cerca de um ano e meio a Two Flex opera nas rotas do Voe Minas Gerais, Programa de Integração Regional – Modal Aéreo, desenvolvido pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). “O Voe Minas foi a raiz de tudo”, diz Aquino, destacando que esse programa se tornou uma referência na aviação regional porque viabilizou à população de municípios distantes do estado, onde não havia acesso à aviação comercial, viajar para a capital e outras localidades.
De acordo com Aquino, a Two Flex planeja adquirir outras cinco aeronaves Grand Caravan ainda no primeiro semestre deste ano, com investimentos de R$ 20 milhões.
Perto de 80% da receita da empresa em 2017 veio do transporte de cargas, principalmente autopeças, serviços para laboratórios e numerários (transporte de dinheiro). Foram transportadas mais de 5 mil toneladas no ano passado, resultado 24% maior que o registrado em 2016, com um faturamento em torno de R$ 65 milhões em 2017. O crescimento foi atribuído ao aumento do volume de gerenciamento de cargas. A expectativa para 2018 é atingir um faturamento de R$ 80 milhões.
Sobre a possibilidade de locar o simulador de voo para treinamento de profissionais de outras empresas, Aquino acredita que nos próximos dois ou três anos o equipamento está totalmente ocupado pela demanda interna da Two Flex porque, além dos cursos iniciais, a empresa fará atualizações e reciclagens com os profissionais, de tempos em tempos.
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