Responsável pela movimentação de um volume de carga aérea que corresponde quase à metade de todas as mercadorias que transitam pelo espaço aéreo nacional nos porões de aviões de passageiros, a Latam Cargo Brasil tem intensificado suas operações no país também com aviões cargueiros.
A companhia opera atualmente três aeronaves cargueiras B767-300F, nos mercados doméstico e internacional, e ocupa os porões de 162 aviões comerciais da Latam Airlines Brasil, voando para 52 destinos em todo o país.
De animais vivos, como onça, tubarão, foca e tatu-bola, a um bolo de noiva, nenhuma carga é considerada estranha demais para ser transportada pela Latam. Já foram embarcadas tilápias com chips para os Estados Unidos, com o objetivo de controle de qualidade; bonecos de Olinda para o São Paulo Fashion Week, e uma rara hélice de madeira de um antigo modelo de avião monomotor.
É um transporte mais caro, mais seguro e com mais valor, que não expõe a logística ao risco do roubo de carga que vem crescendo no modal rodoviário. “Quanto maior o valor por quilo do produto, maior a aderência do cliente de enviá-lo pelo aéreo. Quanto mais baixo o valor por quilo do produto, menor a aderência”, explica Diogo Elias, gerente sênior comercial de cargas domésticas da Latam Cargo Brasil.
Além disso, se a carga for altamente perecível e a distância até o destino final for muito longa, o transporte rodoviário torna-se inviável e o aéreo apresenta-se como a única alternativa, como é o caso de flores, ou de jornais e revistas que pedem o imediatismo.
Algumas cargas exigem extrema atenção, como o transporte de material biológico (amostras de sangue, fezes e urina) captado em laboratórios, clínicas e hospitais e levado até uma sede central onde são feitas as análises. A Latam tem feito também carregamentos de equipamentos de bandas musicais para shows e, diariamente, leva restos mortais (caixão ou ossadas) para diferentes pontos do país.
O e-commerce também intensificou o transporte de bebidas alcoólicas, incluindo vinho, cachaça e cerveja. As cargas de valor, desde joias e relógios a celulares e aparelhos eletrônicos também cresceram em volume e frequência no transporte aéreo, pela agilidade e segurança. A soma de eletrônicos, autopeças, peças industriais e fármacos resulta em, praticamente, 70% do total transportado.
As aeronaves cargueiras da Latam possuem mais de 40 frequências semanais, com origens e destinos entre Guarulhos, Manaus, Belém e Fortaleza. A rota de cargueiros entre Guarulhos-Manaus e Manaus-Guarulhos é diária.
No mercado interno, as cargas mais movimentadas são peças (para máquinas e equipamentos), fármacos, cosméticos, material eletroeletrônico, confecções e alimentos industrializados.
A receita com operações de carga, incluindo as unidades da companhia que atuam nos outros países, representou 10,2% do total das receitas operacionais do Grupo Latam Airlines no primeiro trimestre de 2017. Em junho, último dado disponível, a Latam Cargo Brasil transportou 10 milhões de quilos em aviões de passageiros e três milhões de quilos em cargueiros.
A frota de todo o grupo Latam Cargo é composta por um Boeing 777F e oito 767-300F, além de operar toda a capacidade dos porões da frota de 302 aviões de passageiros da Latam.
Os principias produtos transportados no mercado internacional pela Latam Cargo são, na importação, bens de capital, peças automotivas e maquinário em geral, da Europa, e componentes eletroeletrônicos, cosméticos e animais vivos, dos Estados Unidos. Além disso, destacam-se os aspargos do Peru, o salmão do Chile, e as flores da Colômbia. Na exportação, o perfil das cargas é de frutas como abacate, mamão, manga e goiaba; peixes ornamentais e vivos; sapatos e tecidos.
Terminal em Guarulhos
Inaugurado em março de 2015, o Terminal de Cargas da Latam em Guarulhos (Teca) é o maior da companhia no país e está introduzindo inovações no seu sistema de gestão para aumentar a segurança da operação e a agilidade no embarque e na entrega das cargas.
“No nosso serviço, hoje, segurança e informação são os temas mais relevantes”, afirma Pedro Fernando Leite Baron, gerente regional de operações São Paulo da Latam Cargo Brasil.
No mês passado, começou a ser implantado um sistema que permite a rastreabilidade total da carga, desde o momento em que ela entra no terminal, até a entrega final, com informações em tempo real para o cliente. Como a carga recebe um código de barras, é possível acompanhar todo o seu movimento dentro do terminal. Depois que o cliente faz o primeiro cadastro da mercadoria, essa informação vai para o planejador de voo, que detém todos os dados, incluindo a localização exata da carga no armazenagem, para poder programar sua busca e encaminhamento para a área de embarque.
Isso dá à operação maior agilidade, principalmente no caso de cargas prioritárias.
“A produtividade aumenta significativamente, o planejador de voo não precisa esperar ninguém para saber o que tem que fazer, o sistema agiliza o embarque e a retirada de produtos e garante que as cargas prioritárias voem o mais o mais rapidamente possível”, diz Baron.
Loja
Para volumes de até 20 quilos e pequenas quantidades, a Latam tem em seu terminal uma loja dedicada a esse serviço. O cliente retira uma senha em um terminal de autoatendimento na portaria e aguarda em um salão, sentado, até ser chamado por um dos atendentes. Em uma tela instalada nessa área ele consegue acompanhar os voos para saber em que situação estão, se o próximo voo ainda está aberto ou se já fechou. Se a carga for de grandes quantidades ou tiver peso acima dos 20 quilos, os atendentes orientam para qual doca o cliente deve se dirigir. Não é preciso marcar hora no terminal que funciona 24 horas, todos os dias da semana.
O terminal da Latam em Guarulhos recebeu investimentos da ordem de R$ 38 milhões e destina-se exclusivamente às cargas domésticas. Tem área total de 15 mil m² e capacidade de armazenagem de 630 toneladas de cargas. “A capacidade utilizada do Teca Guarulhos varia ao longo das semanas e de acordo com a sazonalidade do mercado. Durante a alta temporada de cargas, compreendida no período entre outubro e dezembro, o terminal chega a utilizar até 100% de sua capacidade”, explica o executivo da Latam.
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