Estudo encomendado pela Anfavea e realizado pela consultoria PwC Brasil, revela que os automóveis mexicanos são mais competitivos que os produzidos no Brasil.
O estudo comparativo mostra que um carro produzido e vendido no Brasil sai 12 pontos percentuais mais caro que automóveis mexicanos equivalentes para serem vendidos no Brasil. Já um carro produzido no Brasil para ser vendido no México sairia 24 pontos percentuais mais caro do que um fabricado e vendido no México. Isso considerando a diferença nas cargas tributárias e custo de logística.
Produzir um carro no Brasil é 18 pontos percentuais mais caro do que fabricar o mesmo veículo no México, materiais e logística são as principais diferenças, afirma a pesquisa. Se forem considerados os impostos de cada país, a diferença final no custo de produção pode chegar a 44%, de acordo com o tipo de veículo.
O estudo já foi entregue pela Anfavea ao Governo brasileiro que, segundo Moraes, tem plena consciência das diferenças entre os custos de produção no México e no Brasil. “Os resultados apresentados neste levantamento nos indicam a necessidade extrema de atacarmos pontos que reduzam o Custo Brasil e melhorem a nossa competitividade. Medidas que estimulem o comércio exterior, melhorem a logística de distribuição e reduzam a carga tributária são urgentes para conferir uma nova dinâmica para os negócios brasileiros em diversos segmentos da economia, não somente o automotivo”, declara Luiz Carlos Moraes, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) . Ele ressalta que a questão mais emergencial é aprovar as reformas previdenciária e tributária.
As principais conclusões do estudo sobre competitividade:
- Os dois países possuem aspectos socioeconômicos bastante similares, mas têm perfis comerciais distintos. O México possui um grau de abertura muito maior do que o Brasil. Prova disso é a quantidade de acordos comerciais fechados por cada país: México possui 12 tratados de livre comércio com 46 países e mais 32 acordos bilaterais. O Brasil possui seis tratados de livre comércio com 11 países e 21 acordos bi e multilaterais.
- O México possui uma clara vocação comercial direcionada para as exportações. No setor automotivo, 88% da manufatura é focada para o comércio exterior, enquanto que o Brasil possui 22% da produção de veículos voltada para as exportações.
- Essas diferenças refletem em termos de movimentação comercial: em 2017 o México movimentou US$ 143 bilhões e o Brasil US$ 26 bilhões.
- De acordo com a análise da PwC Brasil, o Brasil tem um ambiente de negócios caracterizado por alta burocracia, limitações logísticas e altos custos operacionais. O efeito tributário entre os dois países também é um fator que impacta na competitividade do mercado brasileiro. O Brasil possui de 37% a 44% de impostos incidentes no veículo dependendo do tamanho do motor. Já no México, há 16% de impostos sobre um veículo
- O estudo conclui que em um cenário de importação para o Brasil, os automóveis mexicanos continuam mais competitivo que um veículo nacional, tendo 12 pontos porcentuais a menos que o produto brasileiro. No cenário de exportação, o veículo produzido no México seria 24 pontos porcentuais mais competitivo que um veículo brasileiro.
Mercado
Se as vendas de automóveis para o mercado interno manteve crescimento nos primeiros quatro meses do ano – o volume de licenciamentos somou 839.536 unidades, uma alta de 10,1% sobre os 762.866 veículos emplacados no mesmo período do ano passado –, as exportações, porém, continuam sentindo os problemas da economia argentina e apresentaram uma queda de 45% no acumulado até abril. Nos primeiros quatro meses deste ano foram exportados 139.467 carros, frente a 253.359 vendidos para o exterior em igual período do ano passado.
Segundo Moraes, a indústria tem buscado compensar a retração do mercado argentino direcionando vendas para o Oriente Médio e para a África do Sul.
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