A rapidez do transporte pelo ar – principalmente nas grandes cidades, onde o trânsito dificulta cada vez mais a mobilidade, e nas regiões remotas, de difícil acesso rodoviário –, tem fomentado a atratividade do setor de aviação executiva que manteve um nível de negócios praticamente estável neste início de ano e no ano passado, com um aumento médio de apenas 0,3% na frota nacional de aeronaves da aviação geral.
De acordo com Leonardo Fiuza, presidente do Conselho da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), as regiões Nordeste e Centro-Oeste foram as únicas a registrar crescimento da frota de aeronaves, graças ao agronegócio. Mato Grosso recebeu o maior número de unidades, 21 aeronaves, sendo 15 turboélices para o serviço aéreo privado.
Ele pondera, entretanto, que as operações (pousos e decolagens) aumentaram 13% de 2016 para 2017, “um sinal de que as pessoas voltaram a voar para fazer negócios”. Em 2017, a aviação geral registrou 583 mil operações que representaram 12% das operações dos seis principais aeroportos do país. A estatística considera os movimentos de pouso e decolagem nos 33 principais aeroportos. A aviação geral envolve todo tipo de aeronaves e operações não relacionadas aos voos comerciais.
O Brasil continua um mercado extremamente atrativo para esse segmento e detém a segunda maior frota de aviação geral do mundo. De acordo com dados da Abag, a frota nacional é composta por 15.406 aeronaves, divididas em jatos (756), turboélices (1.278), helicópteros (2.083), anfíbios (40) e aeronaves convencionais (11.204).
Os turboélices foram os que tiveram maior demanda, com incremento de 3,7%, seguidos pelos jatos cuja frota aumentou 1,7%. As aeronaves convencionais registraram queda e o número de helicópteros se manteve praticamente estável. É uma taxa de crescimento ainda baixa para um setor que, antes da crise econômica, chegou a crescer 7% ao ano. Em 2010, a frota nacional era de 12.310 aeronaves.
A baixa penetração da aviação comercial é outra motivação para esse segmento já que dos 5.570 municípios do país, apenas 126 foram atendidos pela aviação comercial em 2017. Segundo dados da Abag, responsável pelo estudo “Panorama da Aviação Geral no Brasil”, a aviação geral chegou a 1.225 municípios no ano passado, utilizando 2.429 aeródromos.
Nos últimos dois dias, o país sediou a 15.a edição da Labace – Latin American Business Aviation Conference & Exhibition, o maior evento de aviação geral da América Latina, que se encerra hoje (16/08) no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Foram expostas no local 47 aeronaves abertas à visitação dos interessados dispostos a investir em um avião ou helicóptero particular, incluindo jatos avaliados em até US$ 60 milhões. Além de fabricantes e distribuidores de aeronaves, participaram da feira fornecedores do segmento e prestadores de diferentes serviços para o setor, em um total de 90 expositores com a expectativa de gerar negócios da ordem de US$ 280 milhões durante o evento ou ao longo dos próximos meses.
Mercado atraente
Segundo Flavio Pires, CEO da Abag, um dos destaques da Labace este ano é o número de empresas que decidiram participar pela primeira vez da feira – 20 empresas ou perto de 20% do total de expositores –, de olho no potencial do mercado nacional. “Os russos e os chineses já estão conosco, o mundo inteiro está de olho no potencial do mercado brasileiro porque nada muda o perfil do país de dimensões continentais e dependente da aviação geral”, declara Pires.
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